Por Davi Pascale
A belissima cantora finlandesa
Tarja Turunen chega ao seu terceiro álbum de estúdio. Na verdade, eu o
considero o quarto já que considero Breath
From Heaven parte de sua discografia. Não consigo ficar distinguindo Tarja clássica
da Tarja rock, para mim, é simplesmente Tarja. Mas é verdade que aqui ela dá
sequência ao que começou no álbum My
Winter Storm e não ao que iniciou em seu disco de Natal.
Assim que My Winter Storm chegou às lojas, o álbum gerou muitas expectativas
e muitas criticas. Acredito que muitas pessoas não entenderam o disco. Já ouvi
e re-ouvi diversas vezes e continuo achando um grande trabalho. A reclamação
mais constante se dava por conta de um certo apelo comercial. De boa, quem
acompanhou a carreira dela de perto, sabe que isso era previsível. Em
praticamente todas as entrevistas, dizia que havia aprendido a gostar de heavy
metal por conta da convivência com o Nightwish e que sua idola era a Sarah
Brightman. E os caras queriam um álbum de heavy puro? Não há sentido! O
trabalho era a cara dela: um cruzamento de heavy metal com pop e música
clássica. Mais honesto, impossível.
Aqui, a formula é mantida. Outra característica
que continua intacta é o fato de gravar versões inusitadas. Em My Winter Storm ela havia feito uma boa
releitura de “Poison” (Alice Cooper). What
Lies Beneath nos apresentou uma versão morna de “Still Of The Night”
(Whitesnake) e aqui ele nos apresenta uma interessante interpretação de “Darkness”
(Peter Gabriel).
Cantora entrega álbum inspirado aos ouvintes |
O titulo do novo disco Colours In The Dark brinca com a idéia de
que a vida possui uma grande variedade de cores, inclusive nos momentos de
escuridão. Saca aquela idéia de que o branco é a ausência das cores e o preto é
a junção das cores? É mais ou menos, o mesmo pensamento. Assim como em seu
trabalho lançado em 2006, o CD possui arranjos variados. Seu trabalho vocal
continua impressionando tanto pela versatilidade quanto pelo alcance. Sem
contar que de todas as cantoras que se aventuraram nesse universo de misturar
musica clássica com música pesada, ela é a que tem o timbre que mais gosto.
Certamente, minha cantora favorita do gênero e uma das artistas que mais têm me
chamado a atenção atualmente.
“Victim of Ritual” traz uma
jogada similar à “Boy and a Ghost”. Começa com uma sonoridade cinematográfica, com
Tarja cantando de uma maneira sutil até que a faixa ganhe corpo no refrão.
Lembro quando a assisti na tour do My
Winter Storm, o impacto que teve “Boy and a Ghost” como inicio do espetáculo.
Não sei se está utilizando essa faixa como abertura de sua nova turnê, mas
certamente funcionaria. Na sequência, “500 Letters”. A faixa com ar de hit.
Simples, direta, mas com um refrão cativante. É ouvir uma vez e sair cantando. “Lucid
Dreamer” é, na minha opinião, uma das melhores do disco. Trazendo mais uma vez
aquele ar cinematográfico, com uma bonita orquestração. O trabalho vocal deixa
evidente todo o domínio que possui. Emotivo e cativante. “Never Enough” traz as
guitarras com maior evidencia, com uma bateria reta, nos remetendo um pouco ao What Lies Beneath. Mais uma com refrão
fácil de cantar. Deve funcionar bem ao vivo. A primeira metade fecha com a
enigmática ‘Mystique Voyage”. A balada traz uma bonita linha vocal, onde a
letra traz uma mistura de inglês com espanhol, e é certamente mais um dos
pontos altos do disco.
A segunda parte inicia com a já
citada versão de “Darkness” do cantor Peter Gabriel. Funcionou bem na voz dela.
“Deliverance” é mais uma das minhas prediletas. Outra daquelas que tem aquele
ar de trilha sonora, que vai crescendo aos poucos... Mais uma vez, seu trabalho
vocal ganha destaque. Não apenas nas vocalizações no final da faixa, mas é nítido
que a moça canta com a alma. Algo raro nos dias atuais. “Neverlight” é o
momento que os fãs de sua antiga banda talvez mais se identifiquem. Provavelmente
o momento mais heavy do disco. “Until Silence” vem na sequência. Esse era o
titulo inicial do álbum que acabou sendo modificado de ultimo momento. Na minha
opinião, a mais fraquinha. Gosto da linha vocal, mas acho o arranjo sonso.
Agora, o dia em que ele resolver fazer uma versão naked dessa faixa com apenas
piano e voz, irá se tornar a preferida de muita gente. Não me resta duvidas. “Medusa”
é a responsável por fechar o disco. Outra grande canção, mais uma daquelas
baladas épicas com diferentes ambientações. A faixa é um dueto com Justin
Furstenfeld. Honestamente, não conheço o trabalho do rapaz, mas o cara mandou
bem. Sua participação trouxe uma dramaticidade extra, tornando a canção ainda
mais encantadora. Grande final para um grande álbum.
Trabalho vocal da artista continua afiado |
Certamente, Tarja Turunen irá
agradar seus fieis seguidores. Essa mulher realmente mereceria uma popularidade
maior. Tudo bem, é top no segmento dela. Sei disso. Mas poderia ser muito maior
do que é. Bonita, carismática, com uma grande voz e um trabalho de alta
qualidade, é o tipo de artista que faz a diferença nessa cena musical rasa que
estamos atravessando. Não apenas está em uma ótima fase, como ainda tem muita
lenha para queimar. Altamente recomendado!
Status: Excelente
Nota: 09/10
Faixas:
01. Victim
of Ritual
02. 500
Letters
03. Lucid
Dreamers
04. Never
Enough
05. Mystique
Voyage
06. Darkness
07. Deliverance
08. Neverlight
09. Until
Silence
10. Medusa
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