sábado, 3 de junho de 2017

Four By Fate - Relentless (2016):

Por Davi Pascale
Publicado originalmente no site Consultoria do Rock

E lá vamos nós para a criação de mais um supergroup. Parece que virou moda mesmo. Lembro que quando era moleque brincava com alguns colegas de criar bandas imaginarias, o que seria sua banda do sonho. Se fosse hoje, acho que ficaria tentando adivinhar qual seria a próxima reunião. O lado bom é que, muitas vezes, rendem bons trabalhos, mesmo que muitas dessas bandas não se tornem duradouras. Moda ou não, negar a qualidade de trabalhos de grupos como Dead Daisies, Chickenfoot ou Black Country Communion é insanidade. O Dead Daisies, inclusive, foi um dos melhores shows que assisti nos últimos tempos. Outra banda bem bacaninha é o Four By Fate.

A reunião, dessa vez, irá agradar aos fãs de hard rock mais do que tudo. Os fãs de Twisted Sister irão delirar ao saber que o falecido A.J. Pero gravou metade do álbum. Os fãs de Skid Row pularão de alegria ao notar a volta de Rob Affuso aos holofotes. E os fãs de Frehley´s Comet irão babar ao reviverem a reunião de John Regan e Tod Howarth. A trupe é completada pela inclusão do guitarrista de Pat Gasperini (Flywheel).

Contudo, devo alertá-los. Não esperem um álbum com sonoridade festiva. Sim, continuam passeando entre o hard e o heavy, porém com arranjos mais diretos, mais sujos. Embora seja possível pegarmos algumas referências de blues, também não faltam referências de grupos como Alice In Chains, principalmente nas linhas vocais. As guitarras estão bem sujas. A mixagem bem moderna.  Não temos aqui inúmeros teclados e nem refrãos estilo cigarros Hollywood. Uma triste notícia aos fãs de A.J. e Rob é que, apesar de terem realizado um trabalho bem sólido, os caras estão bastante contidos. Portanto, não esperem aqueles bumbos duplo estilo “Slave To The Grind” porque não é essa a pegada.
Os grandes destaques do álbum ficam mesmo pelos trabalhos de guitarra e voz. Ainda que Tod Howarth não tenha mais o alcance que tinha nos tempos em que trabalhava ao lado do Ace Frehley, prova que ainda é um cantor muito acima da média. Um ótimo exemplo é a releitura de “It´s Over Now” (Second Sighting). O arranjo é bem similar à original, só os que teclados (sim, eles existem no disco, embora de forma moderada) estão mais para trás e as guitarras mais pesadas. Ouvi-la me trouxe uma certa nostalgia e me levou de volta aos tempos de infância, cada vez que revirava os discos do Edgard Discos, nas visitas que fazia com o meu pai, lá nos anos 80. Embora muitos critiquem a música, continua considerando belíssima.


O disco conta ainda com mais duas releituras: “These Times Are Hard For Lovers” do repertório de John Waite e o clássico “Rock n Roll Hoochie Koo”, composta por Rick Derringer. Essa última ficou bem legal. Os caras mantiveram o lado blues, a pegada suingada, mas gravaram com uma mixagem mais moderna. Ficou interessante, mas nem só de covers vive Relentless. O Cd conta com 9 faixas autorais.

“Levee Breach” traz uma pegada meia Velvet Revolver. “Follow Me” começa com apenas guitarra e voz, antes de entrar uma sujeira no melhor estilo King´s x. “Moonshine” conta com um riff bluesy e é uma das minhas preferidas ao lado da empolgante “Hangin´ On” e da memorável “On My Own”. “Back In The 80´s” remete aos anos 80 pela linha de voz mais melódica, embora as guitarras continuem com uma timbragem bem moderna. A.J. Pero ficou responsável pelas gravações de “Levee Breach”, “It´s Over Now”, “Follow Me”, “I Give”, “Don´t Know” e “Back In The 80´s”. Estou quase certo que essas foram suas ultimas gravações, portanto, quem era fã do rapaz, tem meio que obrigação de adquirir esse CD já que, meio sem querer, acaba ganhando valor histórico.
O repertório é forte, a audição é bem satisfatória. Musicas pesadinhas e bem resolvidas. Os músicos nem preciso dizer que são incrivelmente competentes. Quem acompanhou a cena sem preconceitos, sabe a qualidade dos músicos envolvidos. Mas como nada é perfeito nesse mundo, os caras pecaram justamente no final do álbum, ao incluírem duas versões de “Amber Waves”, que apesar de contar com um ótimo trabalho vocal, é meio malinha. A versão acústica também é dispensável, já que a versão original é quase acústica. A banda entra por alguns segundos no final da música. Não entendi a razão de uma segunda versão para esse som. De todo modo, o trabalho é bem interessante e acredito que irá satisfazer os fãs do estilo.

Faixas:
01)  These Times Are Hard For Lovers
02)  Moonshine
03)  Hangin´ On
04)  Levee Breach
05)  It´s Over Now
06)  Follow Me
07)  On My Own
08)  I Give
09)  Don´t Know
10)  Back In The 80´s
11)  Rock & Roll Hoochie Koo
12)  Amber Waves
13)  Amber Waves (Acoustic)

Nenhum comentário:

Postar um comentário