Por Davi Pascale
E a galera da Polysom resgata
mais um compacto histórico. Lançado originalmente em 1970, esse disquinho é
considerado um dos itens mais raros da discografia do lendário Novos Baianos. Muito
bacana ver esse produto de volta às lojas.
Esse Novos Baianos, à época Novos
Bahianos, é um pouco diferente do Novos Baianos que estamos acostumados. Sem
contar com os vocais característicos de Baby Consuelo, atual Baby do Brasil,
esse 7” foi gravado em uma fase de transição.
Nessa época, a formação era mais
enxuta. No primeiro LP, É Ferro Na
Boneca, apenas Moraes Moreira, Luiz Galvão, Paulinho Boca de Cantor e Baby
Consuelo eram considerados integrantes da banda. O restante da moçada, era
considerada músico de apoio e se apresentavam com o nome de Os Leifs.
Curiosamente, Baby não participou das gravações desse compacto, daí a capa com
apenas 3 rostos desenhados.
Era comum, nos anos 70 e 80, os
artistas lançarem compactos. Para quem não viveu a época, trata-se de um disco
de vinil em tamanho menor (7” no lugar dos 12” habituais) com poucas faixas. Os
mais comuns eram os de 2 faixas (compacto simples) e os de 4 faixas (compacto
duplo). Apesar da expressão ‘duplo’, era um disquinho só com 2 músicas de cada
lado. A expressão ‘duplo’ é porque vinha o dobro de faixas. Eram, mais ou menos, como os CD´s
singles dos anos 90/00. Às vezes, lançavam um produto repleto de material
inédito, mas na maioria das vezes, era focada a música de trabalho.
No caso desse disco, o material
era inédito. Essas 4 canções não foram incluídas em nenhum LP do conjunto, por
isso era um ítem tão cobiçado entre os colecionadores. Nessa época, os garotos
ainda apostavam em uma sonoridade mais roqueira, não exploravam tanto seu lado João
Gilberto. Relação que influenciaria diretamente o rumo de suas composições a
partir de então.
Os arranjos apresentados aqui
eram mais rock n roll, ainda não tinha a influência do samba, da MPB e da bossa
nova de maneira tão presente nos arranjos. “Psiu” aposta num rock n roll
lisérgico, psicodélico, com um ‘q’ de Tropicália (influencia sentida nos
experimentalismos), já “29 Beijos” era o oposto. Se tirarmos a guitarra
levemente distorcida, temos uma balada altamente influenciada pela Jovem Guarda
(influência presente em seu primeiro álbum).
“Globo da Morte”, embora seja bem
rock n roll, já trazia uma influencia, de leve, da MPB, daí eu dizer que esse
compacto representava uma transição. A influencia pode ser sentida, com clareza,
no arranjo dos violões. “Meu Mini Planeta Iris” é minha favorita do compacto com
um arranjo mais suingado, quase um blues.
Esse disco ficou conhecido entre
os fãs pelo nome de Psiu, nome da primeira música do disco e retornou
recentemente às lojas em CD e Compacto. Quem curte a banda, aproveita
agora porque esse disco de época é caro. E quem gosta de rock brasileiro,
também vale a pena correr atrás, afinal trata-se de um registro histórico. Fica
a dica...
Nota: 9,0 / 10,0
Status: Histórico
Faixas:
01) Psiu
02) 29
Beijos
03) Globo
da Morte
04) Meu
Mini Planeta iris
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