Por Davi Pascale
Trio de Porto Alegre lança seu primeiro
álbum. Em uma interessante equação entre pop, rock e MPB, rapazes se destacam
com repertório variado e consistente.
Já andei comentando por aqui
sobre algumas bandas da nova safra do rock. Só que, aqui mesmo no Brasil,
também temos uma leva bem interessante surgindo. Pois bem, decidi começar a
mostrar um pouquinho do que está acontecendo na nossa cena. E a banda que
escolhi para dar esse start foi o Dingo Bells.
O trio gaúcho foi criado em 2006,
na cidade de Porto Alegre. Da maneira mais despojada possível. Três colegas de
escola que decidiram montar uma banda e levar um som. Dez anos se passaram e
aqueles três garotos estão lançando agora seu primeiro trabalho.
Buscaram trazer algumas
novidades. A começar pela capa do disco. Assim como Ed Motta fez em Dwitza (2002), a versão em CD de Maravilhas da Vida Moderna vem embalada
em uma capa 23X23. Ou seja, o tamanho da capa de um LP. Outra sacada interessante
foi a ideia de criar 4 artes diferentes e encartá-las no disco. Com isso, cada
um escolhe a capa que gostar mais.
O trio vem dando o que falar. Várias
pessoas passaram a se ligar em seu trabalho por conta dos vídeos no Youtube e
também por conta das apresentações que realizaram ao lado de Ringo Starr em sua
recente turnê brasileira. Já são considerados um dos grandes destaques da cena
independente brasileira.
Lançar um disco é o sonho de toda
banda que se preze, mas sabemos que não é uma brincadeira barata. Os artistas
independentes ralam para conseguirem colocar um álbum na praça. Para que o processo
fosse um pouco facilitado, falando na área de recursos, o trio optou por criar
um crowdfunding, através do Catarse. O projeto deu certo. E o resultado ficou
bem satisfatório. Não somente no já citado projeto gráfico, mas também na
qualidade de gravação.
Se tivesse que defini-los em uma
expressão, diria que os músicos apostam em uma sonoridade meia indie rock. São
diversas as influências. A balada folk “Anéis de Saturno” foi registrada durante
uma temporada do grupo em um sítio localizado na região de Viamão, no Rio
Grande do Sul. Nos arranjos, é possível ouvir a atmosfera do local. Interessante!
“Olhos Fechados Pro Azar” e “Bahia”, mostram a aproximação do grupo com a
sonoridade mais MPB. “Dinossauros” traz
um forte uso dos violões e uma linha vocal meio melosa, remetendo à bandas como
Vanguart. “Hoje o Céu” e “Todo Nó” apontam para uma influência mais beatle,
mais nítida na última faixa do disco.
A ideia de misturar metais em seu
som vai fazer com que muitos os comparem ao Los Hermanos, mas a pegada aqui é
outra. Letras menos poéticas, não temos a influência do samba descarada também.
As letras giram em tornos dos problemas que temos que lidar quando chegamos à
maturidade. Oras tratadas com sarcasmo, oras tratadas com melancolia.
As canções de Maravilhas da Vida Moderna trazem uma
aproximação com o pop, mas sem soar plastificado ou datado. Esse é um grupo que
poderia facilmente tocar nas rádios Brasil afora. Principalmente, com a
responsável por abrir o CD, "Eu Vim Passear”. Ar de hit total. Altamente
recomendado!
Nota: 8,0 / 10,0
Status: Consistente
Faixas:
01)
Eu Vim Passear
02)
Misterio dos 30
03)
Fugiu do Dia
04)
Dinossauros
05)
Maria Certeza
06)
Olhos Fechados Pro Azar
07)
Bahia
08)
Hoje o Céu
09)
Funcionário do Mês
10)
Anéis de Saturno
11) Todo Nó
11) Todo Nó
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