quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Camisa de Vênus – Dançando na Lua (2016):



Por Davi Pascale

O sempre polêmico Camisa de Vênus retorna com material inédito. Depois de 20 anos afastados dos estúdios, grupo mantém suas características e divide opinião de seguidores, por conta do novo lineup.

A história do Camisa de Venus é algo que renderia uma telenovela. Já passaram por tudo que você pode imaginar. Experimentaram o sucesso e o fracasso. O apoio e a perseguição. Já tiveram problemas na justiça, envolvimento com drogas, letras censuradas. Integrante que vai, integrante que volta. Tudo é possível no universo do Camisa.

Só existe um único ponto que sempre esteve ao lado do Camisa. A sonoridade rock n roll crua, honesta, sem se importar com as tendências de mercado. Ao dar o play em um álbum com o logotipo da banda, já sabemos mais ou menos o que esperar. As letras ásperas de Marcelo Nova, arranjos simples e viscerais. E, assim é, mais uma vez.

A sonoridade não poderia ser mais honesta. Ouvindo o CD, a impressão que temos é a de que o material foi registrado ao vivo no estúdio, como os velhos heróis do rock faziam meio século atrás. Artistas esses que foram influências diretas para Marceleza. O resultado funciona bem, embora ache que a bateria poderia ter recebido um cuidado maior na timbragem. Faltou um pouco de punch.

Em termos de arranjos, me remete bastante ao emblemático Duplo Sentido e aos trabalhos que Marcelo realizara ao lado da Envergadura Moral. Ou seja, letras ásperas, porém sem causar aquele choque que causara no histórico Viva. Seu discurso está mais próximo de “Coração Satânico” e “Qual É a Sua Meu Rei”, do que de “My Way”, para terem uma noção. E instrumental com forte influencia dos anos 60/70, porém, sem aquela pegada mais punk rock do início da carreira. Com uma pegada mais cadenciada, riffs influenciados pelo blues (algo que notamos em clareza em faixas como “A Urna da Obsessão”, por exemplo).

A nova formação é polêmica. Da formação tida como clássica, apenas o baixista Roberio Santana está de volta. Além de Marcelo Nova, é claro! De resto, o que temos é praticamente o time que acompanhava o vocalista em seus shows solos até pouco tempo atrás. Ou seja; o baterista Célio Glauster, Drake Nova, filho de Marcelo, nas guitarras. Leandro Dalle, que atuava como baixista, pegou o papel de guitarrista base.

Drake e Leandro se destacam nos riffs de “Raça Mansa” e “A Urna da Obsessão”. Robério Santana entrega uma bonita linha de baixo em “Manhã Manchada de Medo”. Marceleza continua sendo Marceleza. Continua recitando suas palavras incômodas, utilizando seu vibrato característico em diversos momentos. Quem é fã de álbuns como A Sessão Sem Fim, irá delirar como o novo material. Faixas de destaque: “Raça Mansa”, “Vento Insensato” e “Só Morto/Burning Night”.  

Nota: 8,0 / 10,0
Status: Honesto 

Faixas:
      01)   Dançando na Lua
      02)   A Raça Mansa
      03)   Chamada a Cobrar
      04)   Vento Insensato
      05)   Manhã Manchada de Medo
      06)   Sibiliando Como Cascavel
      07)   A Urna da Obsessão
      08)   Só Morto / Burning Night
      09)   O Estrondo do Silêncio
      10)   Como no Inferno de Dante

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