Por Davi Pascale
O sempre polêmico Camisa de Vênus
retorna com material inédito. Depois de 20 anos afastados dos estúdios, grupo
mantém suas características e divide opinião de seguidores, por conta do novo
lineup.
A história do Camisa de Venus é
algo que renderia uma telenovela. Já passaram por tudo que você pode imaginar.
Experimentaram o sucesso e o fracasso. O apoio e a perseguição. Já tiveram
problemas na justiça, envolvimento com drogas, letras censuradas. Integrante
que vai, integrante que volta. Tudo é possível no universo do Camisa.
Só existe um único ponto que
sempre esteve ao lado do Camisa. A sonoridade rock n roll crua, honesta, sem se
importar com as tendências de mercado. Ao dar o play em um álbum com o logotipo
da banda, já sabemos mais ou menos o que esperar. As letras ásperas de Marcelo
Nova, arranjos simples e viscerais. E, assim é, mais uma vez.
A sonoridade não poderia ser mais
honesta. Ouvindo o CD, a impressão que temos é a de que o material foi
registrado ao vivo no estúdio, como os velhos heróis do rock faziam meio século
atrás. Artistas esses que foram influências diretas para Marceleza. O resultado
funciona bem, embora ache que a bateria poderia ter recebido um cuidado maior
na timbragem. Faltou um pouco de punch.
Em termos de arranjos, me remete
bastante ao emblemático Duplo Sentido
e aos trabalhos que Marcelo realizara ao lado da Envergadura Moral. Ou seja,
letras ásperas, porém sem causar aquele choque que causara no histórico Viva. Seu discurso está mais próximo de
“Coração Satânico” e “Qual É a Sua Meu Rei”, do que de “My Way”, para terem uma
noção. E instrumental com forte influencia dos anos 60/70, porém, sem aquela
pegada mais punk rock do início da carreira. Com uma pegada mais cadenciada,
riffs influenciados pelo blues (algo que notamos em clareza em faixas como “A
Urna da Obsessão”, por exemplo).
A nova formação é polêmica. Da
formação tida como clássica, apenas o baixista Roberio Santana está de volta. Além
de Marcelo Nova, é claro! De resto, o que temos é praticamente o time que
acompanhava o vocalista em seus shows solos até pouco tempo atrás. Ou seja; o
baterista Célio Glauster, Drake Nova, filho de Marcelo, nas guitarras. Leandro
Dalle, que atuava como baixista, pegou o papel de guitarrista base.
Drake e Leandro se destacam nos
riffs de “Raça Mansa” e “A Urna da Obsessão”. Robério Santana entrega uma
bonita linha de baixo em “Manhã Manchada de Medo”. Marceleza continua sendo
Marceleza. Continua recitando suas palavras incômodas, utilizando seu vibrato
característico em diversos momentos. Quem é fã de álbuns como A Sessão Sem Fim, irá delirar como o
novo material. Faixas de destaque: “Raça Mansa”, “Vento Insensato” e “Só
Morto/Burning Night”.
Nota: 8,0 / 10,0
Status: Honesto
Faixas:
01)
Dançando na Lua
02)
A Raça Mansa
03)
Chamada a Cobrar
04)
Vento Insensato
05)
Manhã Manchada de Medo
06)
Sibiliando Como Cascavel
07)
A Urna da Obsessão
08)
Só Morto / Burning Night
09)
O Estrondo do Silêncio
10)
Como no Inferno de Dante
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