Por Davi Pascale
Colaboração com músicos mais jovens
resgata a inquietude de Iggy Pop. Misturando elementos do passado com
sonoridade do presente, cantor faz seu melhor trabalho em anos.
Lembra quando eu disse que não
concordava com a máxima de que os músicos deveriam se aposentar depois de uma
certa idade? Que muitos deles surpreendem vez ou outra com trabalhos
inspirados? Pois bem, o mais novo nome à entrar nessa lista é o malucão Iggy
Pop.
É verdade que a maioria de seus
discos são bons, mas já fazia tempo que não vinha com um trabalho tão
inspirado. A parceria com Josh Homme (Queens Of The Stone Age) trouxe um novo
frescor ao seu trabalho, deixou ele um pouco mais contemporâneo. É bem capaz
que muitos jovens comecem a ir atrás de sua obra assim que ouvirem esse disco.
O que, honestamente, espero que aconteça.
Além de Josh, o álbum também
conta com as mãos Dean Fertita (Queens Of The Stone Age) e Matt Helders (Arctic
Monkeys). Por conta da sonoridade do Queens Of The Stone Age e do passado de
Iggy, é bem capaz que muitos estejam esperando um álbum pesado. Já advirto, não
é. Ele se aproxima mais de um álbum como The
Idiot do que de Raw Power.
Portanto, se você estava esperando um trabalho repleto de guitarras e com
sonoridade crua, já pode ir tirando o cavalinho da chuva.
Iggy Pop lança um dos grandes álbuns de 2016 |
Post Pop Depression é um trabalho sombrio, inspirado, inteligente,
mas com um pé no pop. O disco resgata a lógica do LP. São 9 músicas distribuídas
em 42 minutos, onde a musica do meio (o que seria praticamente a primeira do
lado B) quebra um pouco a lógica, como se indicasse um novo começo. Algo que os músicos brincavam bastante
antigamente.
A música em questão é “Vultures”,
com violão predominando os arranjos, ele marca por uma dose maior de
experimentalismo. Esse espírito de experimentação permanece na faixa seguinte “German
Days”, mas o melhor momento do disco mesmo é a primeira metade.
“Break Into Your Heart” e “American
Valhalla” estão entre minhas prediletas. O tecladinho de “Valhalla”, por alguma
razão, me remeteu aos teclados de “China Girl”. “Gardenia” traz um ‘q’ de David Bowie. Tanto
na linha vocal, quanto na linha de baixo. Será intencional? Os músicos
trabalharam juntos no passado. Há uma chance… Outro destaque é “Sunday” com um belo
trabalho de guitarra de Josh Homme. Aliás, Josh é um dos grandes destaques deste CD.
Com 69 anos nas costas, Iggy Pop
conseguiu demonstrar que é possível se reinventar sem perder sua identidade. Seu melhor trabalho desde American Casear (1993) e um dos melhores álbuns de 2016 até agora.
Nota: 9,0 /
10,0
Status:
Excelente
Faixas:
01) Break Into Your Heart
02) Gardenia
03) American Valhalla
04) In The Lobby
05) Sunday
06) Vulture
07) German Days
08)
Chocolate
Drops
09)
Paraguay
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