Por Davi Pascale
Nem sempre concordo com o que
escrevem meus colegas de profissão. Muitas vezes idolatram um álbum em que
escuto e não vejo nada demais. Muitas vezes ocorre o contrário também. Ou seja,
de massacrarem um disco e quando escuto acho sensacional. Esse é o caso do
Vertigo. Se você revirar a internet, encontrará muita gente malhando o álbum.
Comprei minha cópia na época e fiquei bem empolgado com o que ouvi. Reescutei
agora, anos depois, e continuo achando um belo disco. Mas, o que é o Vertigo,
afinal?
Se você vive nesse planeta,
certamente já ouviu falar no Dinho Ouro Preto e na sua banda Capital Inicial,
certo? Pois bem, em 1992, esse mesmo Dinho Ouro Preto saiu do Capital. A banda
seguiu adiante com o vocalista Murilo Lima (Rúcula) e Dinho montou um novo
grupo. Esse grupo era o Vertigo. Para completar o time, trouxe o baixista
Mingau (Ultraje a Rigor), o guitarrista Kuaker (Yo-Ho-Delic) e o baterista Arnaldo
(Anjos da Noite). O (único) disco dos rapazes chegou às lojas em 1994 pelo selo
Rock It!, liderado pelo músico Dado
Villa-Lobos (Legião Urbana).
Dado ficou responsável pela
produção do álbum. E o rapaz acertou em cheio. O Vertigo era bem diferente do
Capital. Não havia teclado, as guitarras eram cheias de distorção, a bateria
falava alto. Lançado em meio à época do grunge, a sonoridade misturava hard
rock com o punk. Realidade não muito distante do que os estrangeiros vinham
fazendo. Assim como fazia a galera da Sub Pop, Dado optou por deixar o som cru,
soando como se fosse uma banda de garagem.
Dinho carregou com ele seu velho
parceiro Alvin L. O rapaz colaborou em 9 das 11 faixas gravadas. Em todas as
faixas compostas em português, para ser mais exato. Algumas músicas daqui foram
regravadas posteriormente. Alvin L regravou “Inverno” em seu álbum solo e “Freiras
Lésbicas Assassinas do Inferno” no disco Mondo
Passionale de seu cultuado grupo Sex Beatles. A cantora Syang (P.U.S.)
chegou a gravar “Noiaba Carlos” no EP Sem
Vergonha (que, por sinal, contava com direção musical do Dinho).
Disco é um dos álbuns mais pesados da carreira de Dinho Ouro Preto |
A minha introdução ao Vertigo se
deu pela MTV. Assisti ao clipe de “Vertigo” em um programa chamado Caixa Postal e gostei muito da canção. Com
ótimo trabalho de guitarra e ótimo trabalho vocal, o riff grudou na minha
cabeça e não sosseguei até comprar o disco. A música trazia uma pegada hard
rock com uma guitarra funkeada e é bem legal. “Vida
Selvagem” e “Freiras Lésbicas Assassinas do Inferno” resgatavam a influência punk de Dinho Ouro Preto. Não precisa ser muita fã do cantor para saber a
admiração que ele possui pela cena. O lado hard rock volta a aparecer na
releitura de “Hush” (Deep Purple) e na rockeira “Avenida Paulista” (a levada de
bumbo é Led Zeppelin total).
Faixas como “Dia de Cão”, “I+I”, “Suzi
Suicida” e “Lost” traziam a banda adaptando à sonoridade da época. Ou seja, aquela
pega suja e direta que os grupos da cena grunge apostavam. De todas, a que mais
se aproxima do trabalho do Capital, arriscaria a dizer a única, é a balada “Inverno”
predominada pelos violões, assim como acontece em boa parte das baladas do Capital Inicial.
Infelizmente, a banda não durou
muito tempo e encerrou as atividades poucos meses após o lançamento do disco. “Vertigo”,
“Suzi Suicida” e “Inverno” chegaram a ter clipes exibidos na MTV, mas não dá
para chama-las de hits. Arnaldo saiu da banda. Kuaker e Mingau continuaram ao
lado de Dinho e ajudaram a rapaz no período do seu primeiro álbum solo. O álbum
do Vertigo está fora de catálogo há muitos anos. Mas é possível achar download
na net. Fica a dica para que vocês possam conhecer essa verdadeira pérola do
rock nacional.
Nota: 9,0 / 10,0
Status: Pesado e empolgante
Faixas:
01) Vertigo
02) Vida
Selvagem
03) Noiaba
Carlos
04) Dia
de Cão
05) Freiras
Lésbicas Assassinas do Inferno
06) I+I
07) Hush
08) Suzi
Suicida
09) Lost
10) Avenida
Paulista
11) Inverno
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