quinta-feira, 5 de maio de 2016

Vertigo – Vertigo (1994):



Por Davi Pascale

Nem sempre concordo com o que escrevem meus colegas de profissão. Muitas vezes idolatram um álbum em que escuto e não vejo nada demais. Muitas vezes ocorre o contrário também. Ou seja, de massacrarem um disco e quando escuto acho sensacional. Esse é o caso do Vertigo. Se você revirar a internet, encontrará muita gente malhando o álbum. Comprei minha cópia na época e fiquei bem empolgado com o que ouvi. Reescutei agora, anos depois, e continuo achando um belo disco. Mas, o que é o Vertigo, afinal?

Se você vive nesse planeta, certamente já ouviu falar no Dinho Ouro Preto e na sua banda Capital Inicial, certo? Pois bem, em 1992, esse mesmo Dinho Ouro Preto saiu do Capital. A banda seguiu adiante com o vocalista Murilo Lima (Rúcula) e Dinho montou um novo grupo. Esse grupo era o Vertigo. Para completar o time, trouxe o baixista Mingau (Ultraje a Rigor), o guitarrista Kuaker (Yo-Ho-Delic) e o baterista Arnaldo (Anjos da Noite). O (único) disco dos rapazes chegou às lojas em 1994 pelo selo Rock It!, liderado pelo músico Dado Villa-Lobos (Legião Urbana).

Dado ficou responsável pela produção do álbum. E o rapaz acertou em cheio. O Vertigo era bem diferente do Capital. Não havia teclado, as guitarras eram cheias de distorção, a bateria falava alto. Lançado em meio à época do grunge, a sonoridade misturava hard rock com o punk. Realidade não muito distante do que os estrangeiros vinham fazendo. Assim como fazia a galera da Sub Pop, Dado optou por deixar o som cru, soando como se fosse uma banda de garagem.

Dinho carregou com ele seu velho parceiro Alvin L. O rapaz colaborou em 9 das 11 faixas gravadas. Em todas as faixas compostas em português, para ser mais exato. Algumas músicas daqui foram regravadas posteriormente. Alvin L regravou “Inverno” em seu álbum solo e “Freiras Lésbicas Assassinas do Inferno” no disco Mondo Passionale de seu cultuado grupo Sex Beatles. A cantora Syang (P.U.S.) chegou a gravar “Noiaba Carlos” no EP Sem Vergonha (que, por sinal, contava com direção musical do Dinho).

Disco é um dos álbuns mais pesados da carreira de Dinho Ouro Preto

A minha introdução ao Vertigo se deu pela MTV. Assisti ao clipe de “Vertigo” em um programa chamado Caixa Postal e gostei muito da canção. Com ótimo trabalho de guitarra e ótimo trabalho vocal, o riff grudou na minha cabeça e não sosseguei até comprar o disco. A música trazia uma pegada hard rock com uma guitarra funkeada e é bem legal. “Vida Selvagem” e “Freiras Lésbicas Assassinas do Inferno” resgatavam a influência punk de Dinho Ouro Preto. Não precisa ser muita fã do cantor para saber a admiração que ele possui pela cena. O lado hard rock volta a aparecer na releitura de “Hush” (Deep Purple) e na rockeira “Avenida Paulista” (a levada de bumbo é Led Zeppelin total).

Faixas como “Dia de Cão”, “I+I”, “Suzi Suicida” e “Lost” traziam a banda adaptando à sonoridade da época. Ou seja, aquela pega suja e direta que os grupos da cena grunge apostavam. De todas, a que mais se aproxima do trabalho do Capital, arriscaria a dizer a única, é a balada “Inverno” predominada pelos violões, assim como acontece em boa parte das baladas do Capital Inicial.

Infelizmente, a banda não durou muito tempo e encerrou as atividades poucos meses após o lançamento do disco. “Vertigo”, “Suzi Suicida” e “Inverno” chegaram a ter clipes exibidos na MTV, mas não dá para chama-las de hits. Arnaldo saiu da banda. Kuaker e Mingau continuaram ao lado de Dinho e ajudaram a rapaz no período do seu primeiro álbum solo. O álbum do Vertigo está fora de catálogo há muitos anos. Mas é possível achar download na net. Fica a dica para que vocês possam conhecer essa verdadeira pérola do rock nacional.

Nota: 9,0 / 10,0
Status: Pesado e empolgante

Faixas:
      01)   Vertigo 
      02)   Vida Selvagem
      03)   Noiaba Carlos
      04)   Dia de Cão
      05)   Freiras Lésbicas Assassinas do Inferno
      06)   I+I
      07)   Hush
      08)   Suzi Suicida
      09)   Lost
      10)   Avenida Paulista
      11)   Inverno

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