Por Davi Pascale
Se você viveu os anos 80 e
acompanhou a cena de hair metal da época, que os críticos fãs de Morrissey
gostavam de desdenhar chamando de farofa, você certamente já ouviu falar de
quase todos os caras envolvidos aqui. Rikki Rockett era baterista do Poison.
Tracii Guns era guitarrista do L.A. Guns. Eric Brittingham, baixista
responsável pela gravação do disco, pertencia ao Cinderella. E Rudy Sarzo,
baixista atual, se apresentou ao lado de nomes lendários como Dio, Ozzy
Osbourne e Whitesnake.
O projeto nasceu de maneira
despretensiosa. Tracii, Rikki e Eric se juntaram para uma participação em um
show tributo ao Keith Moon e ao John Entwistle, baterista e baixista do The Who,
em 2014. O que era para ser apenas diversão se tornou algo mais sério. Os
músicos gostaram tanto do resultado final que decidiram criar uma banda juntos.
Para os vocais, trouxeram Brandon Gibbs. Quem acompanha a cena de perto, sabe
de quem se trata. Foi o cara responsável por fazer diversas apresentações com o
Poison, substituindo Bret Michaels e deixando milhares de fãs enfurecidos.
Concordo que Bret é a cara do Poison e que Gibbs não tem a ver com o grupo,
mas fora dele funciona muito bem. Tem um ótimo alcance, um timbre bem legal,
fez um bom trabalho vocal nesse disco.
O álbum é bem honesto. Assim como
80% dos grupos da época, possui um acento pop. A sonoridade, contudo, é um hard
rock cruzando elementos do hard setentista com o som dos anos 80. Como disse,
honesto. Eles ajudaram a escrever a história da cena oitentista e a maior parte
de seus ídolos são dos anos 60 e 70.
Assim como acontecia em suas
bandas anteriores, a sonoridade é bem para cima e bem direta, sem muitas
firulas. “Numb”, “I´m Living” e “Bad Decisions” trazem riffs altamente
inspirados por Aerosmith anos 70 e Led Zeppelin. “All I Need” conta com uma
linha vocal bem influenciada por Beatles. “Ride With Me” conta com um ar meio
Bad Company. Para quem ainda tinha alguma duvida da influencia de 70´s, a
resposta vem com uma gravação de “Back to The Drive” da cantora Suzi Quatro.
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Os rapazes fizeram um álbum bem
consistente. A qualidade das composições meio que se mantém. A única que achei
sonsa foi a balada “Goodbye Forever”. Como todo bom grupo de hard, os grandes
destaques ficam pelo trabalho de guitarra e trabalho vocal. Tracii, que sempre
foi um ótimo guitarrista, se destaca com ótimos riffs, excelentes solos e uma
pegada bluesy em diversos momentos. Bem nítida em canções como “All My People”. Brandon tem
um alcance legal, canta com alma, não é aquele cara que fica esgoelando. Justamente
pelos músicos pertencerem à cena dos anos 80, em diversos momentos nos
remeteremos à ela. Seja na bateria direta e reta, sejam na construção de
diversos refrãos e melodias ao redor do disco.
Essas bandas dos anos 80 sofreram
– e ainda sofrem – muito preconceito. Por conta do visual, muitas vezes
espalhafatoso, muita gente torcia o nariz por birra e não reparava na qualidade
dos músicos envolvidos. Esse álbum, realizado quase 30 anos depois da explosão da cena, vêm
mais uma vez comprovar algumas teses como ‘menos é mais’ e ‘nunca julgue um
livro pela capa’. Deixe a birra de lado, aperte o play e boa diversão!
Nota: 9,0/10,0
Status: Consistente
Faixas:
01)
Numb
02)
All My People
03)
Boneyard
04)
I´m Living
05)
No Angels
06)
Goodbye Forever
07)
Ride With Me
08)
All I Need
09)
Back To The Drive
10)
Bad Decisions
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