Por
Rafael Menegueti
The Vines - Highly Evolved |
Você deve se lembrar do The Vines. No começo dos anos
2000, essa banda australiana conseguiu chamar a atenção com um som que unia
psicodelia e punk de uma maneira bem interessante. “Highly Evolved”, seu disco
de estreia de 2002, é um dos grandes álbuns dos anos 2000, embora seja um pouco
subestimado e esquecido hoje em dia. Isso porque, de fato, a banda não
conseguiu manter o nível de qualidade que seus primeiros dois álbuns, esse e “Winning
Days” (2004), nos outros quatro discos que já lançou desde então.
Mas o álbum de estreia do então trio foi realmente um
estouro. Sucesso de público e crítica, “Highly Evolved” foi o responsável por
dar a fama de “filhos do Beatles com o Nirvana” que a banda recebeu daqueles
que descreviam seu som. E não tem jeito, essa definição parece perfeita quando
ouvimos a sonoridade das composições de Craig Nicholls, vocalista e guitarrista,
e único integrante daquela formação que segue na banda até hoje. É a mais pura
combinação dessas duas influencias, nas melodias, nos arranjos e dissonâncias de
guitarra, nos gritos eufóricos de Craig ou em seus momentos mais limpos e
harmoniosos.
Craig Nicholls (à dir.) é a fonte criativa da banda |
Cada uma das canções tem um modo diferente de cativar o
ouvinte. Seja com melodias mais alegres, como na faixa-título, seja com um ar
mais melancólico, casos de “Autumm Shade” e “Homesick”. “Get Free” funciona
como o hit inegável, uma explosiva faixa que só podia ser aquilo que foi, o
maior e mais popular sucesso da banda. A banda antes havia apostado na faixa “Factory”
como single, mas ela falhou nesse sentido. Embora bacana e alegrinha, não tinha
o impacto e imposição que “Get Free” apresentava.
Outros momentos bons no disco ficam por conta de “In The
Jungle”, uma clara faixa à la Oasis, na suave e brisada (se é que você me
entende) “Mary Jane”, e na guitarrada intensa e dissonante de 1969, uma psicodélica
canção que parece ter saído daquele ano mesmo. E claro, “Outtathaway”, o single
caótico e punk que se fez na sombra de “Get Free”, mas que é tão interessante
quanto.
O temperamento difícil de Craig Nicholls, portador da síndrome
de Asperger (um tipo de autismo mais leve), fez com que a banda passasse por
varias mudanças de formação desde então. O estilo explosivo que a banda
aparenta em sua sonoridade era elevado nos palcos pelas apresentações insanas
de Craig. Uma pena que isso tudo não tenha sido suficiente para que a banda
seguisse em alta. Embora ainda ativos (seu disco mais recente foi lançado no
ano passado), fica claro que o único trabalho obrigatório e marcante da banda
acabou sendo “Highly Evolved”, o resto ficou apenas ok. Mas os pouco mais de 40
minutos de seu empolgante debut já são suficientes pra colocar esse disco como
uma das boas demonstrações de que o rock no começo dos anos 2000 ainda podia render
muito.
Nota: 8,5/10
Status: Rebelde
Faixas:
1. Highly Evolved
2. Autumn Shade
3. Outtathaway
4. Sunshinin
5. Homesick
6. Get Free
7. Country Yard
8. Factory
9. In the Jungle
10. Mary Jane
11. Ain't No Room
12. 1969
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