Por Davi Pascale
Titãs lança seu sexto álbum ao
vivo. Com repertório focado em seu mais recente trabalho de estúdio, álbum está
bem gravado e traz sonoridade pesada.
Depois da explosão do Acustico MTV, o Titãs deu uma suavizada
no seu som e na sua postura. Essa atitude, obviamente, enfureceu aqueles que
acompanhavam o grupo desde antes de realizar o especial para a emissora. Em seu
mais recente álbum, Nheengatu, a
banda resgatou vários elementos que estavam meio que perdidos. A sujeira da
guitarra, a ironia, as críticas político-sociais...
Crítica político-social? Sim. “Fardado”,
por exemplo, fala sobre abuso policial e teve como inspiração as manifestações
ocorridas em 2013, conforme já reconhecido pelo vocalista Sérgio Britto.
Portanto, é no mínimo surreal a postura de Paulo Miklos no concerto realizado
em Cuiabá no mês passado. Uma banda com uma letra como essa ou de “Vossa
Excelência”, ambas presentes no repertório da turnê, vir com papo de “democracia
acima de tudo” e demonstrar indignação com parte da plateia gritando “Fora,
Dilma” é, no mínimo, incoerente. Não acho que exista a necessidade do grupo
fazer discurso político entre as canções, mas não deveriam se importar com a
manifestação do público. Esse tipo de atitude me faz questionar até onde estão
sendo verdadeiros em suas composições e até onde é um jogo de interesse...
O novo show dos Titãs demonstra
que realmente estão querendo resgatar a sonoridade dos seus tempos de ouro.
Além das canções de Nheengatu, estão
presentes no repertório faixas dos discos Televisão,
Cabeça Dinossauro, Jesus Não Tem Dentes No País dos Banguelas
e Domingo. Álbuns que - ao lado de Tudo Ao Mesmo Tempo Agora, Blesq Blom e Titanomaquia – representam o período mais rock n roll do grupo. Tudo
isso depois de um projeto onde eles resgatavam o clássico álbum de 1986. Pelo
menos no som, a atitude voltou.
Banda entrega show bem rock n´ roll |
Já tem um tempo que os músicos optaram
por não utilizar mais músicos de apoio em seus shows, com exceção do baterista
Mario Fabre. Branco Mello assumiu as 4 cordas, enquanto Paulo Miklos ficou responsável
pela guitarra base. No início, muitos começaram a questionar a decisão. Os
Titãs que sempre foram conhecidos por serem uma ótima banda ao vivo, começou a
realizar umas performances bem medianas. Isso, contudo, ficou no passado. A
banda está muito bem entrosada. A parte vocal também está redonda.
Ainda não tive a oportunidade de
assistir o DVD do show, que conta com um repertório maior, mas as músicas aqui
rolam sem muito intervalo. É praticamente som atrás de som. Um dos poucos
momentos é onde Paulo Miklos faz um depoimento. Uma homenagem irônica aos
políticos (ah, vai...). Antes de “Vossa Excelência” e depois de “Desordem”.
Engraçado que no polêmico concerto, ele disse que não tocavam a música desde
1987, mas iriam tocar por conta do momento. E o show desse disco foi gravado em
Abril. Sem contar que haviam regravado no álbum Volume Dois (1998). Mas é um fanfarrão mesmo...
Embora tenha rolado essa bola
fora no início da turnê, o show registrado aqui é excelente. Bem gravado, bem
tocado, com uma banda olhando para frente. Pode comprar sem medo. Em relação à
banda, da próxima vez não digam nada, só toquem!
Nota: 8,0 / 10,0
Status: Bem gravado
Faixas:
01)
Fardado
02)
Cadáver Sobre Cadáver
03)
Chegada ao Brasil (Terra à Vista)
04)
Massacre
05)
Jesus Não Tem Dentes No País dos Banguelas
06)
Baião de Dois
07)
Pela Paz
08)
Quem São Os Animais?
09)
República dos Bananas
10)
Mensageiro da Desgraça
11)
Fala, Renata
12)
Desordem
13)
Vossa Excelência
14)
Televisão
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