Por
Rafael Menegueti
Kurt Cobain: Montage of Heck |
Foi exibido no ultimo dia 04 de maio na TV
norte-americana o aguardado documentário “Kurt Cobain: Montage of Heck”, do
diretor Brett Morgen, que conta a historia do músico mais importante dos anos
90. O filme de pouco mais de 2 horas contou com a produção-executiva de Frances
Bean, filha do cantor, e traça um retrato da vida de Kurt de uma maneira única
e extremamente íntima.
São inúmeras as obras que já buscaram mostrar e contar a
historia de Kurt. A filmografia e bibliografia, tanto de obras autorizadas
quanto não, é imensa de material que possui diferentes ângulos e objetivos ao
tratar da vida e obra do músico de Aberdeen. No entanto, nenhum desses
trabalhos até hoje foi tão fundo na busca de mostrar detalhes antes nunca
vistos a respeito do músico. Mas creio que o mais importante a ressaltar seja o
fato de o filme não ser exatamente uma biografia, mas um perfil detalhado de
sua vida, e que parece tentar retratar com riqueza de detalhes sua cabeça e
alma.
Filme possui imagens inéditas de Kurt em diversas fases de sua vida |
Através de entrevistas com algumas das pessoas mais
próximas na vida do cantor (seus pais Wendy e Don, sua irmã Kim, o amigo e baixista do Nirvana Krist
Novoselic, sua primeira namorada Tracy Marander e, principalmente, Courtney
Love), trechos de suas músicas, vídeos caseiros, desenhos e rascunhos feitos
pelo cantor, arquivos de áudio e animações criadas especialmente para o documentário,
o filme cria uma colagem que mergulha no universo de Kurt, de modo a nos mostrar
muito de sua intimidade em diversos momentos de sua vida.
Uma das coisas que torna esse filme único é o fato de ele
não buscar reafirmar aquilo que todos nós já sabemos sobre Kurt, e que já foi
mostrado em tantas outras obras como eu já citei. Ao invés disso ele explora
elementos nunca antes vistos e os relaciona aos fatos e acontecimentos que rodearam
a vida do cantor. Esqueça todo o dramalhão que poderia ser explorado com a
relação conturbada de Kurt com os pais, a trajetória do Nirvana, os constantes
dilemas com a fama, drogas etc. Embora tudo isso seja abordado, a proposta não
é discutir e reafirmar fatos já conhecidos por todos, mas sim mostrar como eles
afetavam a mente do músico.
O universo pessoal e artístico de Kurt são mostrados através de sua intimidade |
O filme busca mostrar todos esses pontos cruciais que definiram e fizeram parte
da vida de Kurt como da perspectiva do músico. Um exemplo: uma das questões
mais importantes da formação desse perfil cinematográfico se passa no momento em que Kurt forma
sua família, com Courtney e Francis. O filme mostra como, em meio às constantes
acusações de uso de drogas durante a gravides de Courtney (nunca provadas e
sempre negadas por eles), Kurt buscou tirar dessa situação inspiração para seguir
com seu trabalho, expondo seus sentimentos através de letras de música,
ilustrações e ideias. Talvez até pelo motivo de querer mostrar mais o íntimo de
sua vida e personalidade ao invés de enumerar fatos e acontecimentos em si, o
filme tenha deixado de fora os meses finais de sua vida e sua morte, se limitando a
retratá-lo até o incidente de Roma, quando Kurt quase morreu de overdose, em março de 1994.
Mas provavelmente o principal atrativo de toda essa
produção seja a imensidão de imagens e objetos inéditos, conseguidos graças à
colaboração de todas essas pessoas próximas do músico. É como se um baú repleto
dessas singularidades particulares tivesse sido desenterrado e seu interior mostrado pela
primeira vez. O que por si só já torna esse filme obrigatório para qualquer um
que admire Kurt, por qualquer motivo. “Montage of Heck” é uma obra que tem mais
o objetivo de impressionar do que debater e pontuar. É como uma pintura em
exposição, para quem quiser ver e por a sua própria interpretação nela, mas de
uma maneira inteligente e que, sem sombra de dúvidas, traça um retrato digno da
mente de um músico que influenciou e mexeu com toda uma geração.
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