Por Davi Pascale
Estamos atravessando um momento
bastante polêmico. Há quem diga que o nosso governo esteja planejando um
controle maior da internet com muitas ações que podem ser consideradas censura.
Discussões políticas à parte, a verdade é que nosso amado rock n roll já sofre
com esse tipo de situação há um bom tempo. Há algum tempo atrás, escrevi um
artigo sobre a criação do selo Parental
Advisory que servia para alertar os pais sobre o conteúdo das letras nos
discos. Assim, poderiam optar se queriam ou não que seus filhos levassem o
disco para casa. Mas não apenas as letras eram controladas como muitas capas
foram censuradas. Jimi Hendrix, Pantera, Dream Theater, Bon Jovi, Scorpions,
Guns n Roses, são apenas alguns dos inúmeros músicos que tiveram arte
censurada. Hoje, algumas voltaram para o mercado e são consideradas clássicas.
Outras, se tornaram item de colecionador e os discos com as artes originais
custam pequenas fortunas. A dos Beatles, que escolhi para falar hoje, é um
desses exemplos.
Em 25 de Maio de 1966, os rapazes
de Liverpool fizeram um ensaio fotográfico com Bob Whitaker. O rapaz era um
fotografo australiano que estava acostumado a fazer fotografias nada usuais. Cansados
de fazer retratos sempre com a mesma proposta, os garotos toparam a
brincadeira. Uma dessas imagens foi escolhida posteriormente para o lançamento
de Yesterday and Today, mais um dos
álbuns prensados exclusivamente nos Estados Unidos. Naquela época, os discos
lançados nos Estados Unidos eram diferentes dos ingleses, misturando canções de
2 discos e, por vezes, musicas dos compactos. Ainda que não fossem os únicos a
sofrerem com isso (outros artistas como Rolling Stones e The Hollies passavam
pelo mesmo), era algo que irritava os músicos que sempre foram perfeccionistas
e pensavam em cada detalhe do trabalho que estavam lançando. No caso desse LP,
misturavam-se canções do Help!, do Rubber Soul e mostrava em primeira mão
3 faixas do disco Revolver, até
então inédito.
Capa alternativa |
A série de fotos criadas por Bob chamava The Somnambulant Adventure. A imagem foi escolhida pelos próprios
Beatles. Quando o presidente da Capitol, Alan Livingston, recebeu a arte
original, entrou em contato com o empresário do grupo Brian Epstein pedindo para
que reconsiderassem a idéia. Após conversar com os músicos, Epstein retornou o
telefonema e disse que a arte era a visão dos rapazes sobre a guerra e que os
garotos insistiam que a fotografia fosse mantida. Em sua coletiva de imprensa
de 1966, quando questionados sobre o retrato, John Lennon disparou: “É tão
relevante quanto o Vietnam. Se as pessoas conseguem aceitar algo tão cruel
quanto a guerra, então conseguem lidar com essa imagem”. Havia ainda mais uma
razão que Lennon admitiria mais tarde. Na época, a imprensa criou uma
rivalidade entre Beatles e Stones (que só existia na cabeça dos críticos) e
tratava os Beatles como bonzinhos e os Stones como os garotos maus. John sempre
odiou essa imagem de anjinhos e queria quebrá-la a todo custo. Mas a a arte não
era unanimidade dentro da banda. George Harrison sempre odiou a capa.
Obviamente, sendo um país conservador, tiveram problemas. Várias lojas se recusavam a receber o disco, outros se recusavam a expor nas vitrines. Não demorou muito e o disco foi recolhido. Na ocasião, foram prensadas 750.000 cópias, o que gerou um prejuízo considerável para a Capitol. Inicialmente, os executivos queriam destruir os LPS, mas alguém de dentro da gravadora teve a ideia de criar uma nova arte, passar por cima da imagem dos açogueiros, e retorná-lo às lojas. A jogada deu certo. O disco voltou ao mercado com uma arte mais inofensiva e atingiu status de disco de ouro, minimizando os prejuízos. Atualmente, o LP com a arte original, em sua primeira prensagem, segundo o site rarebeatles.com, está avaliado entre U$1.500,00 e U$3.000,00 na versão mono. E U$3.000,00 a U$7.000,00 a versão estéreo. E aí? Tem coragem de encarar?
Obviamente, sendo um país conservador, tiveram problemas. Várias lojas se recusavam a receber o disco, outros se recusavam a expor nas vitrines. Não demorou muito e o disco foi recolhido. Na ocasião, foram prensadas 750.000 cópias, o que gerou um prejuízo considerável para a Capitol. Inicialmente, os executivos queriam destruir os LPS, mas alguém de dentro da gravadora teve a ideia de criar uma nova arte, passar por cima da imagem dos açogueiros, e retorná-lo às lojas. A jogada deu certo. O disco voltou ao mercado com uma arte mais inofensiva e atingiu status de disco de ouro, minimizando os prejuízos. Atualmente, o LP com a arte original, em sua primeira prensagem, segundo o site rarebeatles.com, está avaliado entre U$1.500,00 e U$3.000,00 na versão mono. E U$3.000,00 a U$7.000,00 a versão estéreo. E aí? Tem coragem de encarar?
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