Por Davi Pascale
A voz do Engenheiros do Hawaii acaba de lançar mais um DVD ao vivo. O
sexto de sua carreira e o primeiro enquanto artista solo. Musico mistura
canções de seu disco solo com as de seu ex-conjunto e aposta em participações
especiais.
Os anos 80 foram marcados, no Brasil, pelo retorno do rock à mídia (algo
que já havia ocorrido com o fenômeno Jovem Guarda) e também por uma boa safra
de compositores/letristas. Entre esses, estavam Cazuza, Lobão, Renato Russo,
Arnaldo Antunes, Herbert Vianna, Paulo Ricardo e Humberto Gessinger. Esses dois
últimos eram massacrados pela mídia, mas o público os acolheu de braços
abertos. Gessinger era idolatrado entre a juventude.
Nem é preciso dizer que existem fãs Brasil afora implorando por uma
volta do trio gaucho. Sim, é isso mesmo. Seus fãs não querem apenas que
Humberto volte a gravar como Engeneheiros do Hawaii, mas querem a volta da
formação clássica Gessinger, Licks & Maltz. Honestamente? Ficaria feliz, já
que sou fã dessa época e não consegui ver essa formação ao vivo, mas acho
difícil...
Humberto Gessinger nunca gostou de se prender ao passado. Sempre buscou
novas sonoridades, novos músicos, novos arranjos à velhas canções. Aqui, contudo, uma boa
notícia aos fãs. O rapaz está de volta ao contrabaixo, está voltando a atacar a
voz lá em cima, além de ter retornado ao formato trio. Agora não mais com
Augusto Licks e Carlos Maltz, mas com Esteban Tavares e Rafael Bisogno.
Musico retorna ao baixo |
As mudanças nos arranjos, contudo, continuam. O músico ousa ao
transformar uma balada piano/voz como “Somos Quem Podemos Ser” em acordeon/violão. Ou ainda em trazer uma pegada de samba para “Ilex
Paraguariensis”. Não foi apenas no instrumental que houve variações. “Somos
Quem Podemos Ser” ganhou uma nova linha de voz (mais declamada do que cantada)
e uma nova crítica. A frase ‘garotos inventam um novo inglês’ foi substituída
por ‘garotos não sabem mais português’. Bela sacada...
Assim como acontecia nas apresentações do duo Pouca Vogal, não limita-se
à um único instrumento. O fato de ter uma formação reduzida, fez com que
Humberto tivesse que se responsabilizar pela performance de vários instrumentos,
assim como fez também em seu disco solo. Passa pelo baixo, guitarra, teclado,
acordeon, gaita, pedalboard, além de ficar responsável pelos vocais. Esteban
divide o vocal com ele em alguma músicas. O rapaz é afinadinho, mas onde me
chamou a atenção mesmo foi em seu trabalho enquanto guitarrista. Quem assistir
com a intenção de tirar um barato dele por ter pertencido ao Fresno, vai
quebrar a cara bonito... Rafael é preciso, mas bem mais contido do que seus
bateristas anteriores.
O filme intercala cenas do show filmado em Belo Horizonte com jams
realizadas na serra gaúcha. Os convidados? Luiz Carlos Borges, Bebeto Alves,
Paulinho Goulart e seus ex-companheiros Glaucio Ayala (Engenheiros do Hawaii) e
Duca Leindecker (Pouca Vogal). No set, misturam-se canções do Insular, do Pouca
Vogal e dos Engenheiros. Contudo, não vá esperando releituras de velhos hits.
Até há alguns deles – como “Pra Ser Sincero”, por exemplo – mas seu foco foram
canções lado B. Principalmente dos últimos álbuns. Há ainda um videoclipe e
depoimentos de Humberto.
Com uma produção simples, porém eficaz, Humberto Gessinger entregou um
trabalho honesto, repleto de ótimas canções e certamente irá agradar seus
velhos fãs. Recomendado!
Nota: 8,0 / 10,0
Status: Bom show com set diferenciado
Faixas:
01) Até o Fim
02) Armas Químicas e Poemas
03) Bora
04) Ilex Paraguariensis
05) Surfando Karmas & DNA
06) Eu Que Não Amo Você
07) Insular
08) Ando Só
09) A Ponte Para o Dia
10) Voo do Besouro
11) Deserto Freezer
12) Milonga Orientao
13) Somos Quem Podemos Ser
14) De Fé
15) Sua Graça (somente no DVD)
16) Nuvem
17) 3X4
18) Dançando no Campo Minado
19) Tchau Radar, a Canção
20) Pra Ser Sincero
21) Dom Quixote
22) O Exército de Um Homem Só
23) Tudo Está Parado (somente no DVD)
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