Por Davi Pascale
1988. Fase de Hollywood. Garotas com cabelos volumosos. Bandas com
roupas espalhafatosas. Canções com refrões pegajosos. Clipes e filmes
divertidos. Entre os ídolos dessa garotada estavam 5 garotos de New Jersey. Os
caras tinham seus clipes executados à exaustão, suas músicas estavam nas rádios
o tempo todo, estampavam capas de revistas. Agora, 25 anos depois seu quarto
álbum retorna às lojas repletos de bônus e boas recordações.
Estou me referindo ao Bon Jovi. Muitos criticam a banda, mas é muito
mais dor de cotovelo e querer demonstrar atitude do que qualquer outra coisa.
Não que algumas das críticas não sejam verdades. O problema é que se formos
levar essas bobagens à sério, mais da metade da coleção de discos de qualquer
fã de rock vai para o espaço. Por exemplo, falar que o grupo era alvo de
meninas adolescentes. Meu Deus do Céu! O rock n roll sempre teve impacto na
juventude. E garotas histéricas? Já ouviram falar de Beatles e Elvis Presley?
Quantos anos vocês acham que tinham as fãs que se descabelavam nos shows deles?
50? 70? Ou então alguma velhinha de 90 anos de bengala e dentadura? Não meus
amigos, 13, 14, 15. E se alguém me disser que o trabalho desses caras não é
para ser levado a sério ou que eles são artistas teenager, eu mando se
internar. Portanto, isso não é motivo para desqualificar o trabalho de alguém.
Muitos críticos estão provando do seu próprio veneno. Várias bandas que
foram alvo de piadas, estão na ativa com enorme sucesso. Kiss sempre foi
massacrado pela crítica e continua em evidencia. Motley Crue está com força
total. Twisted Sister conquistou um público fiel. Bon Jovi ainda arrasta
multidões em seus concertos e de tempos em tempos ainda emplaca canções nas
rádios. Enquanto isso, artistas indies que foram considerados a salvação do
rock por esses “gênios” sumiram depois de 1 ou 2 discos. O problema é que esses
críticos têm dificuldades em acompanhar a mudança do mundo. O tempo não para e
a linguagem muda de tempos em tempos. E esse é um dos motivos de não
compreenderem a cena 80´s. Eles querem analisar essa cena com o olhar dos anos
70.
Álbum é um marco da época |
Pode não parecer, mas o mundo havia mudado bastante. O punk estava em declínio, o progressivo não era mais a bola da vez.
As rádios haviam perdido força para um canal de televisão chamado MTV. Agora
era necessário ter o som certo e a imagem certa. Daí o motivo dessas bandas
terem uma preocupação extrema com o visual. Era uma adaptação à nova era. Os
cabelos, as roupas, eram o que os jovens usavam na época. Pegue qualquer filme dessa
época e compare o visual. É praticamente o mesmo. Os brincos compridos, o
cabelo poodle, as calças de couro, as jaquetas de veludo. A influência com a música
pop era inevitável. A época da explosão do glam metal (também vendido como hair
metal) é também a época da popularização das danceterias. No Brasil, inclusive,
era comum grupo de rock se apresentar em danceterias. E isso também não era
novidade. Já haviam artistas que cruzavam pop com rock desde a década de 50:
Paul Anka, Neil Sedaka, Brenda Lee... Só que o grupo em questão fazia com uma
linguagem mais Journey.
Esse disco é um marco. Bon Jovi estava no auge. Seu trabalho anterior, (o
ótimo) Slippery When Wet tinha
atacado a banda no topo do sucesso. Canções como “You
Give Love a Bad Name”, “Livin´ On a Prayer”, “Wanted Dead Or Alive”, “Never Say
Goodbye” foram grandes hits. Bon
Jovi deixava de ser uma promessa para se tornar um dos grandes nomes daquela
geração. O álbum seguinte foi esse New
Jersey. Várias músicas foram para o topo das paradas: “Bad Medicine”, “Born
To Be My Baby”, “I´ll Be There For You”, “Lay Your Hands On Me”… Os músicos
deram um passo além. As letras e arranjos eram mais elaborados.
Embora poucos reconheçam, o grupo conta com ótimos músicos. Jon Bon Jovi
sempre foi um bom cantor e tem uma ótima presença de palco. Richie Sambora é um
excelente guitarrista e canta melhor do que muito cantor principal por aí. Tico
Torres sempre foi um baterista preciso. A dupla Sambora/Bon Jovi sempre foram
compositores de mão cheia também. Tudo bem que muitas vezes contaram com a
ajuda de gente de fora (dentre esses, o mais famoso é o Desmond Child que
também deu uma mãozinha para artistas como Kiss, Aerosmith e Motley Crue), mas
quem conhece as demos sabe do dom dos caras. Sempre escreveram músicas com
ótimas melodias e ótimas vocalizações. Já dizia George Martin: “música boa é
aquela que você consegue assobiar”. E as deles você consegue.
Turnê trouxe o grupo pela primeira vez ao Brasil |
Os músicos trouxeram experiências pessoais para dentro de suas letras. “Living
In Sin” falava sobre o romance de Jon Bon Jovi com sua namorada Dorothea. Mais
precisamente do preconceito que enfrentou com os pais da garota, que não
botavam fé nele. “I´ll Be There For You” falava sobre uma decepção amorosa
vivida por Richie Sambora, enquanto “Stick It To Your Guns” era um recado à
seus fãs: jamais deixar de acreditar em você mesmo. O álbum dois traz versões
alternativas e faixas que ficaram de fora do disco da época (inicialmente seria
um álbum duplo). Algumas já conhecia de alguns bootlegs. Uma curiosidade legal
é “House Of Fire”, uma parceria de Desmond Child com Alice Cooper e Joan Jett
que acabou ficando de fora do LP e foi utilizada depois pelo Alice Cooper em
seu álbum Trash. Outra curiosidade
legal é “Diamond Ring” que anos mais tarde foi regravada no álbum These Days com uma nova roupagem.
Essa edição super deluxe ainda conta com um DVD exclusivo trazendo os
dois VHS´s da época. New Jersey – The Videos,
com clipes e cenas de backstage, e Access
All Areas: A Rock & Roll Odyssey, um documentário da turnê que inclui,
inclusive, imagens dos músicos no Brasil. Para quem não se lembra, em 1990 o
grupo veio pela primeira vez ao país como headliner do festival Hollywood Rock,
onde se apresentou na Praça da Apoteose (RJ) e no Estádio do Morumbi (SP). O engraçado é
que eu os assisti pela segunda vez nesse mesmo estádio em 2010 e tem neguinho
dizendo que eles estão em fim de carreira. Realmente estranho... New Jersey
mostrava uma banda no auge da carreira com composições memoráveis em uma época
onde melodia falava alto. Se você procura isso em um grupo, pode comprar sem
medo.
Nota: 10 / 10
Status: Clássico
CD 01:
01)
Lay Your
Hands On Me
02)
Bad
Medicine
03)
Born to Be
My Baby
04)
Living In
Sin
05)
Blood on
Blood
06)
Homebound
Train
07)
Wild Is
The Wind
08)
Ride
Cowboy Ride
09)
Stick It
To Your Guns
10)
I´ll Be There For You
11)
99 In The Shade
12)
Love For Sale
13)
The Boys Are Back In Town
(Bonus)
14)
Love Is War (Bonus)
15)
Born To Be My Baby – Versão Acústica
(Bonus)
CD 02:
01)
Homebound
Train
02)
Judgment
Day
03)
Full Moon
High
04)
Growing Up
The Hard Way
05)
Let´s Make
It Baby
06)
Love Hurst
07)
Backdoor
to Heaven
08)
Now and
Forever
09)
Wild Is
The Wind
10)
Stick It
To Your Guns
11)
House of
Fire
12)
Does Anybody Really Fall In
Love Anymore?
13)
Diamond Ring
DVD:
01)
Access All Areas: A Rock &
Roll Odyssey
02)
New Jersey – The Videos:
-
Bad Medicine (1ª Versão)
-
Born To Be My Baby
-
I´ll Be There For You
-
Lay Your Hands On Me
-
Living In Sin
-
Blood On Blood
-
Bad Medicine (2ª Versão)
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