Por Davi Pascale
O Deep Purple é uma daquelas
bandas que possui mais álbuns ao vivo do que de estúdio em sua discografia.
Para complicar ainda mais a situação, vários shows são reeditados com capas e
nomes diferentes, o que deixa o fã muitas vezes na duvida sobre comprar ou não
o tal material. Em 2012, foi colocado no mercado, inclusive brasileiro, esse
disco cuja apresentação completava 40 anos. Mas... O que é esse disco, afinal?
Sem dúvidas, um registro
histórico. Esse material já existia no mercado em outras edições, mas essa é a
edição que seus fãs sonhavam. Pela primeira vez, lançam a apresentação completa
e com a ordem das músicas correta. Sim, há quem altere a ordem das faixas em um
disco ao vivo. Ainda mais nesse caso, onde o material foi lançado pela primeira
vez em LP. O vinil tem um limite de espaço por lado. E, muitas vezes, era
necessário alterar a ordem das faixas para caber no lado do LP.
Essa apresentação foi gravada no
Paris Theatre em Londres, em 9 de Março de 1972, para um programa de rádio da
emissora BBC chamado Sounds of the
Seventies. A gravação foi ao ar no dia 18 de Março do mesmo ano. Justamente
por se tratar de um programa para rádio, os músicos optaram por dialogar com o
publico de uma maneira mais intimista. Vão muito além de frases como “olá. Obrigado
por terem vindos” ou “uma musica que todos vocês conhecem”. Nada disso, eles
aproveitam para contar algumas curiosidades sobre as faixas. Detalhes sobre as
gravações, escolha do singles... Como se estivessem gravando no estúdio da
rádio. Na versão em longplay (o segundo disco do famoso In Concert), além de terem cortado duas músicas e alterado a ordem
do set, também cortaram diversas falas dos músicos. A edição em CD de 1992
também trazia cortes nas falas e, embora apresentasse todas as faixas, “Smoke
On The Water” não estava na sequencia correta.
Versão de Space Truckin´ foi deixada de lado do especial de rádio por ser muito longa |
O registro traz uma das melhores
formações do Purple, a cultuada Mark II (Ritchie Blackmore, Ian Gillan, Jon
Lord, Roger Glover e Ian Paice). Há algum tempo, havia escrito sobre o
lançamento do CD+DVD Perfect Strangers
Live que era a turnê que marcava o retorno dessa formação. Pois bem, se
aquela marcava o (bem aceito) retorno, aqui tínhamos o lineup no auge. Os
músicos haviam acabado de gravar o, hoje clássico, Machinehead. O álbum nem sequer havia ido para as lojas ainda. Algumas
canções gravadas para o disco, já vinham sido testadas nos shows desde 1971.
Outras, no entanto, eram apresentadas aqui pela primeira vez. O setlist nada
mais é do que o disco quase na íntegra (somente “Pictures of Home” ficou de
fora), adicionado de “Strange Kind of Woman” e do clássico “Lucille” (Little
Richard).
Os músicos ainda eram jovens,
portanto a apresentação esbanja energia. Principalmente, o vocalista Ian Gillan
que estava com sua voz mais forte do que nunca. O show é aquilo que esperamos
dos rapazes. Vocal forte com diversos agudos. E improvisações e mais improvisações.
Aliás, as improvisações eram tão inspiradas que acabou trazendo um pequeno
problema para os rapazes nessa época. Sounds
of the Seventies era um programa que tinha uma hora de duração e os
improvisos dos músicos fizeram com que o show, que tinha apenas 8 canções, durasse 75
minutos. Radio não tem como estender o programa porque você acaba tirando horário
de outro programa e isso envolve egos, patrocínios, contratos de divulgação (a
principal forma de divulgação de uma musica nessa época eram as rádios) e com
isso a versão de 22 minutos de “Space Truckin´” foi eliminada do especial de
rádio. A música teve que ser exibida sozinha dentro de outro programa em outra
data. Há ainda um bônus track com a versão de “Maybe I´m A Leo”, extraída da
passagem de som do grupo. Genial!
Nota: 10/10
Status: Essencial
Faixas:
01) Introduction
02) Highway
Star
03) Strange
Kind Of Woman
04)
Maybe
I´m A Leo
05)
Smoke
On The Water
06)
Never
Before
07)
Lazy
08)
Space
Truckin´
09)
Lucille
10) Maybe I´m a Leo (Soundcheck)
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