Por Davi Pascale
A década de 80 foi o ultimo grande
movimento de rock no Brasil. Embora a cena de São Paulo e do Rio de
Janeiro sejam muito importantes, não dá para se esquecer de
Brasília. É verdade que vieram menos artistas de lá, mas os poucos que
surgiram conseguiram conquistar uma grande legião de fãs que são devotos
até hoje. Além da Legião, talvez o grupo mais emblemático, a cena brasiliense
ficou marcada pelo Capital Inicial, Plebe Rude e, mais tarde, pelo Raimundos. Nada mais justo do que um documentário contando um pouco dessa história.
O longa-metragem foca na cena de
1980. Indo do início do Aberto Elétrico, passando pelo momento que esses
3 artistas atingem o estrelato até o declínio. No caso do Capital, falam
sobre a volta da banda e do prestigio que conseguiram de volta. Por todo o auê que fizeram na mídia,
esperava um pouco mais de imagens de arquivo. Realmente tem algumas
imagens interessantes, mas são poucas. E as poucas entrevistas de época
utilizadas na película, estão na íntegra nos extras.
A história é bem contada, mas
apresenta algumas falhas. Por exemplo, sempre quis saber por que o Dinho
Ouro Preto abandonou o Capital Inicial no inicio da década de 1990.
Aqui, eles explicam que foi por uma briga. Mas não explicam qual a razão
dessa briga. Ego? Dinheiro? Drogas? Bebidas? Mulheres? Enfim, o assunto
é tratado de maneira superficial.
É muito interessante, contudo, ver
como os músicos interpretavam sua obra. Muitas pessoas insistem em dizer
que as letras desses grupos eram politizadas. E realmente eram. Renato Russo, contudo, fazia questão de
falar que suas letras não eram politizadas, a Plebe Rude, por outro lado,
defende essa ideia. A Legião não se importava com o termo “rock de
Brasilia”. A Plebe, por outro lado, demonstrava certo incômodo.
O cantor Dinho Ouro Preto em cena do documentário |
Se por um lado, as imagens de
arquivo estão em pouca quantidade. Por outro, as entrevistas realizadas
para o projeto atingem o objetivo. Os principais integrantes dessas 3
bandas cederam entrevistas exclusivas para o filme, o que acaba tornando
o projeto muito interessante. Os pais dos músicos também dão
depoimentos. E embora seja uma atitude nobre, desmancha um pouco aquela
ideia de rockstars que temos dos rapazes. Sempre ouvimos falar desses
músicos envolvidos com prisões, drogas, bebidas, etc. E a impressão que
dá, assistindo a entrevistas desses familiares, é que uma boa parte
desses músicos eram mimados e contavam com pais super-protetores.
O filme também tem uma preocupação
muito legal que é de situar o espectador nas mudanças políticas que o
país atravessava naquela época. Isso ajuda, para aqueles que não viveram o período, a entender o impacto que essas letras causaram na
juventude e nos roqueiros de então.
A película conta com uma produção
simples, sem grandes recursos visuais, mas atinge seu objetivo. É
explicado com cuidado o que é a tal Colina, como os rapazes se
conheceram, como os grupos foram formados, etc. Para quem curte a cena
rock brasileira ou para quem quer conhecer um pouco mais da história da
música criada em nosso país, o longa é bem-vindo.
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