Por Davi Pascale
Não sei se a galera que nos acompanha aqui conhece essa apresentação da
cantora Tarja Turunen. Trata-se da primeira gira após sua demissão do Nightwish
em 2005. A ideia era meio que fazer uma previa da turnê que viria a seguir
e ver como as músicas iriam funcionar ao vivo. O DVD nunca foi para as lojas,
mas chegou a ser disponibilizado para download pela cantora em seu site oficial
por um tempo. Atualmente é possível encontra-los em torrents ou gravações
caseiras de ótima qualidade nos Mercado Livres da vida.
Quando foi expulsa do Nightwish, o universo do heavy metal virou de
cabeça para baixo. A mídia especializada não falava de outra coisa. Os fãs
ficaram abalados. A própria cantora ficou abalada. Na coletiva que marcou para
se defender das acusações de seus ex-companheiros, a cantora muitas vezes caiu
no choro. Quem ainda não conhece, basta dar uma procurada no Youtube. Em termos
gerais, os músicos a acusavam de ser egocêntrica e de ter a relação atrapalhada
por conta de seu marido, Marcelo Cabuli. Há uma teoria de que o tecladista (e
líder do grupo) Tuomas Holopainen seria apaixonado por Tarja e de que o fato da
cantora nunca ter dado bola ao rapaz teria influenciado sua decisão de tirá-la do
grupo. De todo modo, o que mais chocou seus admiradores foi o modo como ocorreu
a demissão. Através de uma carta, entregue à moça logo após sair do palco.
Atitude, no mínimo, covarde. Também me questiono a necessidade de tornar a
carta pública. Enfim...
Muitos começaram a questionar o que a garota faria a partir dali.
Durante seus dias no Nightwish, em várias ocasiões, havia dito que não havia
crescido ouvindo heavy metal, que estava aprendendo a gostar de algumas coisas
por conta do convívio com os rapazes da banda. E o seu público, que era (e
ainda é) grande, era o de heavy metal! Como ela iria lidar com isso? A resposta
veio com o álbum My Winter Storm.
Misturando influencias de música clássica, com a guitarra e a bateria do heavy metal,
mantendo seu vocal lírico e trazendo alguns acentos pop, a cantora trouxe uma
sonoridade própria. Os mais radicais diziam sentir falta de mais peso. Eu, por
outro lado, me surpreendi positivamente com o disco. Os arranjos eram
excelentes, a produção impecável. Me questionava como iria interpretar as
orquestrações nos seus shows. A solução encontrada foi colocar um tecladista e
dois violoncelos. Funcionou bem...
Gravado em 8 de Dezembro em Kuusankoski, Finlandia, a apresentação era
mais curta do que os shows da turnê oficial, mas muito daquilo que vimos em sua
passagem pelo Brasil já estava aqui. O número de abertura era o mesmo, o figurino
era bem parecido, a banda era praticamente a mesma (se não me engano a única alteração
foi o guitarrista Alex Scholpp que nos shows do Brasil foi substituído pelo
guitarrista do Angra, Kiko Loureiro). Com uma produção de palco simples, voz potente e músicos de
primeiro time, Tarja deixava claro que tinha gás de sobra para encarar a nova
empreitada.
O foco principal era justamente o disco recém-lançado. Alguns consideram
esse disco como seu debut, outros consideram seu segundo álbum solo por conta
do álbum de Natal lançado pela artista em 2006. Por conta de sua saída
turbulenta do Nightwish, muitos começaram a considerar a hipótese da moça não
interpretar faixas de seu antigo grupo. Por mais que ainda guardasse magoas
(com uma certa razão, diga-se de passagem), parecia não se abalar com isso e
resolveu incluir algumas canções do grupo em seu setlist. No show desse vídeo,
temos algumas (poucas) como as manjadas “Phantom of the Opera” e “Walking In
The Air”, mas minha preferida desse fase é mesmo “Passion & The Opera”, do
álbum clássico Oceanborn. Das
canções do material solo, sempre gostei muito das performances de “I Walk Alone”,
“Sing For Me”, “Lost Nothern Star” e da faixa de abertura “Boy And The Ghost”,
embora reconheça que no show do Credicard Hall já estava me dando uma aflição
não ver aquele pano caindo. “My Little Phoenix” é outra que funciona bem ao
vivo.
A qualidade de imagem é excelente e conta com filmagem pro-shot. O áudio não teve overdubs. O som que ouvimos aqui é exatamente o som do show.
Lembro que tinha voltado para casa impressionado com a afinação impecável de
Tarja Turunen na apresentação de São Paulo. Tinha medo de assistir esse vídeo e
perder aquela magia. É nesse tipo de gravação que vemos o quão bom o artista
realmente é e a artista não frustrou. O domínio vocal dela é impressionante.
Outro que se destaca é o baterista Mike Terrana. Um verdadeiro monstro. Ótimo
registro, principalmente para aqueles que, como eu, tiveram a oportunidade de
assistir a My Winter Storm Tour no Brasil. E também para aqueles que ainda questionam a qualidade vocal da moça (se é que esses caras ainda existem). Corra atrás.
Nota: 09/10
Status:
Nostalgico
Faixas:
01)
Boy And The Ghost
02)
Lost Nothern Star
03)
Passion & The Opera
04)
My Little Phoenix
05)
Sing For Me
06)
Damned and Divine
07)
Ciaran´s Well
08)
Our Great Divide
09)
The Phantom of the Opera
10)
Oasis
11)
Walking In The Air
12)
You Would Have Loved This
13)
Poison
14)
I Walk Alone
15)
Calling Grace