Por Rafael
Menegueti
Não é fácil
ser um músico independente. Você tem dificuldades para divulgar seu trabalho, é
difícil fazer shows e sair em turnês, e mais ainda produzir e lançar um
trabalho de qualidade. No entanto, existem muitas bandas e artistas
independentes que se esforçam e dão duro para trilhar suas carreiras. Conheço a
historia de muitas delas, pois eu procuro bastante por coisas novas e bandas
diferentes nesse meio. Muitas de minhas bandas favoritas são independentes ou
ligadas a gravadoras do tipo.
Seja no
Brasil, ou em qualquer outro lugar do mundo, essas bandas precisam buscar
alternativas para continuar ativas. Artistas de grandes gravadoras podem contar
com o dinheiro conseguido através de seu trabalho em shows e lançamentos, ou
até direitos autorais, uso de sua imagem e patrocínios. Mas artistas
independentes não tem orçamentos grandes, raramente eles conseguem esse tipo de
investimentos. Eles praticamente ganham o suficiente para sobreviver, sem
grandes luxos e extravagâncias, tão idealizadas quando se pensa no mundo
artístico.
Dentre as
inúmeras formas encontradas para que músicos independentes consigam seguir na
estrada, uma das que mais vem crescendo e ganhando adeptos é o crowdfunding
(do inglês, financiamento coletivo, numa tradução livre). A ideia é simples. O
artista utiliza uma página na internet onde ele inicia uma campanha entre seus
fãs para arrecadar fundos com algum objetivo. Pode ser lançar um novo álbum,
gravar um videoclipe, sair em uma turnê etc. Em troca, o fã que colaborar
receberá algum prêmio ou brinde pela sua ajuda. Quanto maior for a doação,
melhor será o agrado recebido pelo fã.
Stream of Passion: Novo álbum foi bancado pelos fãs |
De fato,
essa técnica funciona. Diversos artistas já aderiram a essa nova moda, e todos
saem ganhando com isso. Uma das bandas que acaba de lançar um disco com essa
proposta é o Stream of Passion. A banda lançou o disco “A War of Our Own”,
bancado por um crowdfunding. Em 2012, eles se desligaram de sua antiga
gravadora, a Napalm Records, e decidiram que seguiriam em frente com a idéia.
Em dois meses de campanha, a banda arrecadou quase o dobro do objetivo inicial.
Dentre os brindes oferecidos estavam cartões de agradecimento autografados,
copias do novo disco, entradas VIP, a possibilidade de tocar com a banda e até
uma cover exclusiva de qualquer música escolhida pelo fã e cantada pela
vocalista Marcela Bovio a capela em mp3.
O ReVamp,
banda de Floor Jansen, juntou dinheiro para a sua turnê mundial de divulgação
do disco “Wild Card” através desse método e chegou a dar um microfone de Floor
e roupas usadas por ela em shows. No Brasil, Autoramas, Raimundos e Velhas
Virgens estão entre os grupos que já se utilizaram da idéia. Essa última
inclusive deu o que falar ao incluir entre os brindes, calcinhas usadas pela
vocalista Juliana Kosso nos shows. Isso mesmo, USADAS!
O ReVamp também usou o crowdfunding, mas para realizar uma turnê |
Definitivamente
esse novo método já deu certo, e a tendência é que cada vez mais artistas se
utilizem desse artifício. O crowdfunding é bom para todos os envolvidos. A banda
consegue que seu trabalho seja realizado, e o fã consegue ficar mais próximo de
seus artistas favoritos. E na cena alternativa e independente essa proximidade
com os fãs é a maior vantagem em relação aos artistas do mainstream. Portanto,
o sucesso dessa iniciativa não é uma surpresa, e sim uma certeza.
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