Por Davi Pascale
Humberto Gessinger, eterno líder do Engenheiros do Hawaii, nos entrega
mais um livro. Essa já é a quinta vez que o cantor se aventura nesse universo. Para
nossa sorte e nosso azar, parece que o rapaz pegou gosto pela coisa. Sorte
porque seus livros são sempre interessantes e azar porque desde que começou a
se dedicar ao universo literário, sua produção musical caiu bastante. Não de qualidade,
mas de quantidade. Em Seis Segundos de Atenção, o gaúcho nos brinda com um
livro de crônicas. Mas, afinal, o que são crônicas?
Crônicas são textos narrativos, curtos, com um tempo cronológico determinado,
que têm como característica uma linguagem leve, onde o autor discute a partir
do seu ponto de vista fatos do cotidiano. Esse posicionamento do autor pode ter
doses de humor, críticas e até mesmo ironia.
Gessinger, optou por dividir suas 49 crônicas em 6 partes. Perceba que
há uma relação em tudo. Ele concluiu o livro no ano passado quando ainda tinha
49 anos e o livro chama Seis Segundos de Atenção. Ao final de cada parte, o
artista nos brinda com algumas letras de sua autoria que estão relacionadas às
crônicas que foram abordadas naquela etapa do livro. Grande parte dessas
letras, saíram de Insular, álbum lançado em 2013. Aposto que você está
pensando: “Ué, mas você não disse que o trabalho de compositor diminuiu?” Sim,
mas desde que ele se lançou como escritor em 2008 ele só lançou dois discos de
inéditas (sendo que um deles só foi disponibilizado para download).
O baixista faz uma reflexão sobre a ideia de tempo, sobre autoconhecimento,
sobre inspiração, sobre a banalização da cultura, sobre a dificuldade de ser
compreendido. Para cada tema utiliza citações de grandes pensadores, referências
do universo pop e suas próprias experiências para defender seus ideais.
Humberto é uma pessoa inteligente e nos brinda com depoimentos interessantes e
comentários sensatos.
Líder do Engenheiros do Hawaii lança livro de crônicas |
Há casos que certamente irão fascinar os fãs do Engenheiros do Hawaii.
Os comentários do músico sobre a primeira vez que se ouviu nas rádios, a
maneira como encara o universo musical, a maneira como encara sua música.
Certamente são dados que devem interessar à seus fãs de longa data.
O livro, contudo, não limita-se à essas poucas citações do grupo que o
tornou popular. Durante à leitura passamos a conhecer mais o compositor/
letrista enquanto pessoa. Humberto nos conta sobre sua mania de ficar pulando
de canais, explica a razão de não gostar de fazer fotos (segundo a narrativa, o
que incomoda ele são os ensaios fotográficos e não as fotos que os fãs pedem.
Segundo ele, esse tipo de foto, não o incomoda), sobre gostar de praticar
tênis. Sem contar que pelas citações e exemplos utilizados, podemos perceber claramente
quem são seus ídolos.
Há alguns momentos até engraçados como quando ele comenta sobre os vídeos
de surfe e praias que são exibidas no avião como tentativa de acalmar os
passageiros. Segundo o relato, durante uma ponte aérea, o vídeo foi
interrompido para um comunicado da cabine justo na hora em que aparecia a bunda
de uma garota nos monitores. Ou ainda quando conta ter surpreendido em uma loja
de CD´s um vendedor e um cliente discutindo sobre quem seria melhor: Andres
Segovia ou Eric Clapton.
O livro flui bem, você nem sente o tempo passar. Certamente uma boa pedida,
para fãs e não fãs do Engenheiros...
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