Por Davi Pascale
Neste mês de Março, completa-se
25 anos que o primeiro trabalho do Extreme chegou às lojas. Embora tenha
recebido boas críticas, o debut passou batido do grande público. Os garotos só
dominariam as paradas mesmo com o segundo disco II – Pornograffitti (1990), graças ao megahit “More Than Words”. Agora
em Junho a banda volta à ativa com uma turnê comemorativa onde irá interpretar
seu disco mais famoso na íntegra.
Embora, no Brasil, a crítica
tirasse sarro do conjunto, em uma questão não havia discussões: Nuno Bettencourt
era uma das grandes revelações daquela geração. O menino prodígio já havia
chamado a atenção da critica internacional quando lançaram seu trabalho de
estréia, para dizer a verdade. Embora já tenha escutado algumas críticas em
relação à sua pessoa, ninguém questiona seu talento. Sua técnica, seu feeling,
sua criatividade, era invejável e certamente fazia a diferença no grupo.
Gary Cherone, por outro lado,
fazia bons trabalhos vocais nos discos, mas ao vivo era fraquérrimo. Ainda me
lembro da decepção que tive ao assisti-lo, pelo televisor, na apresentação do
extinto festival Hollywood Rock ´92 e no Freddie Mercury Tribute. Além de
desafinar muito, sua voz tremia como um cabrito. Não entendi quando o Van Halen
anunciou que seria o substituto de Sammy Hagar. E, 17 anos depois, continuo não
entendendo. Até pegava influencia de Van Halen no som dos rapazes,
principalmente nas guitarras, mas era nítido que ele não tinha potencial para
se segurar em um projeto desses. O resultado não poderia ter sido diferente:
reação negativa do publico, álbum fracassado, um disco e nada mais.
Nuno Bettencourt era o grande destaque do grupo |
Se nos concertos a banda dividia
opiniões, nos álbuns faziam bonito. Os três primeiros álbuns da banda – Extreme, II Pornograffitti e III
Sides To Every Story – ainda empolgam décadas depois. Os três CD´s são
repletos de canções memoráveis. Faixas como “Kid Ego”, “It´s A Monster”, “Decadence
Dance”, “Color Me Blind” e “Rest In Peace” certamente marcaram minha
adolescência. Os demais trabalhos Waiting
For The Punchline e Saudades de Rock,
são interessantes e contam com bons momentos, mas já estavam um nível abaixo,
na minha opinião.
O grupo surgido, em 1986, na
cidade de Boston tinha em sua formação clássica, além dos já citados Gary e
Nuno, o competente baixista Pat Badger e o fraco baterista Paul Geary. Embora
os músicos não tivessem o mesmo nível técnico, eles tinham uma química que
funcionava legal. Sempre aguardava ansioso pelo lançamento do disco deles.
O grupo teve seu primeiro baque em
1994, quando Geary, resolveu abandonar o barco no auge do sucesso. Nunca
entendi bem o que rolou para que tomasse essa decisão naquele momento. Uma
coisa, entretanto, é verdade. O rapaz se lançou em uma carreira de empresário e
se deu bem. Chegou a empresariar várias bandas que dominaram as paradas nos
anos 90 e 00 como Smashing Pumpkins, Godsmack, Creed, Alter Bridge e Hoobastank,
só para citar alguns. Certeza que ganhou um dinheirinho, fala aí... Para seu
lugar trouxeram o excelente Mike Mangini, que tinha toda a técnica que o
anterior não tinha. Exatamente esse que vocês estão pensando, o rapaz que
acompanhou o Steve Vai e que atualmente substitui o Mike Portnoy no Dream Theater.
Sim, meus amiguinhos ele foi do Extreme e gravou com eles.
Lineup atual: Pat Badger, Nuno Bettencourt, Gary Cherone e Kevin Figueiredo |
Dois anos depois, a banda anunciou
a separação. Acredito que tenham ficado desanimados com a queda de
popularidade. Embora tenham conseguido algum destaque com a faixa “Cynical”, a
atenção voltada à eles diminuiu bastante. Não apenas o grupo não tinha mais a
mesma força, como o próprio hard rock não tinha mais a mesma força de antes. Nessa
época, quem estava dominando as paradas eram a cantora Alanis Morissette com Jagged Little Pill , o Metallica com Load e o Smashing Pumpkins como seu álbum
duplo Mellon Collies and Infinite
Sadness. Os únicos grupos de hard rock que estavam dando o que falar nesse
momento eram o Kiss, que havia acabado de anunciar o retorno da formação
clássica, e o Aerosmith. O Bon Jovi anunciaria uma pausa não muito tempo
depois, Guns n Roses e Van Halen estavam enrolados (para variar) e o resto já
havia sumido.
Nuno lançou o Schizophonic, seu primeiro trabalho
solo, em 1997 e se deu mal. O rapaz
tentou se adaptar ao mercado fazendo um som com um pé no alternativo e o disco
simplesmente não aconteceu. Os fãs do Extreme não curtiam aquele som e os fãs
daquele som não demonstraram interesse. Sem contar que o trabalho vocal dele
era fraquinho, fraquinho. Ainda tentou mais alguns projetos como o Mourning
Windows e Dramagods, mas ambos passaram batidos tanto pelo publico quanto pela
critica. Seus trabalhos foram tão mal sucedidos que ele abriu mão de seu lado
compositor e passou a ganhar dinheiro se apresentando ao lado da cantora pop
Rihanna, com quem vem se apresentando desde 2010. Nesse meio tempo, chegou a se
casar com Suze DeMarchi, cantora do ótimo grupo Baby Animals (mais um que está
voltando às ativas), com quem esteve junto por 15 anos.
Os rapazes estão retornando com o
mesmo lineup de 2008. Ou seja; Gary Cherone nos vocais, Nuno Bettencourt nas
guitarras, Pat Badger no baixo e o baterista Kevin Figueiredo. A idéia do
espetáculo é bacana, vamos ver se vai pra frente!
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