Por Davi Pascale
Alguns dias atrás, escrevi um artigo sobre a banda Penélope
e havia prometido para os leitores que assim que estivesse com o novo CD da
Erika Martins em mãos, resenharia para o blog. Pois bem, aí vamos nós...
Modinhas, segundo álbum solo da ex-Penélope, foi realizado através do sistema de crowd-founding. Ou seja, o publico paga a produção do álbum através de cotas. Aqueles que contribuíram com o projeto, acabam tendo alguns privilégios que variam de acordo com a cota que o comprador optou.
Modinhas, segundo álbum solo da ex-Penélope, foi realizado através do sistema de crowd-founding. Ou seja, o publico paga a produção do álbum através de cotas. Aqueles que contribuíram com o projeto, acabam tendo alguns privilégios que variam de acordo com a cota que o comprador optou.
Vocês já devem ter lido por aí,
alguns sites citando esse trabalho como o terceiro álbum solo de Érika. O que
acontece é que entre o CD auto-intitulado de 2009 e esse novo material, foi
colocado no mercado um CD com o nome de Curriculum
que contava com a produção do Marcelo Fróes. Esse cara já lançou discos bem
legais e alguns bem questionáveis também, portanto, sempre fico com um pé atrás
quando leio seu nome na capa. O CD da Erika, contudo, é um trabalho até que
interessante, mas nada mais é do que uma coletânea onde foram focadas as
participações especiais (tanto dela com outros artistas, como o inverso). Se
não me engano, havia apenas uma faixa inédita. Portanto, não gosto de
considerá-lo um disco de carreira.
Disco mistura musicas tradicionais com novos compositores |
Confesso que fiquei meio
preocupado quando li sobre a proposta do novo disco e, principalmente, quando
li Caetano Veloso colocando-o como destaque junto com artistas do porte de
Emicida e Criolo. Tenho enorme respeito pelo Caetano, acho que ele fez alguns
trabalhos realmente incríveis durante sua trajetória, e paro para ouvir quando
ele tem algo a dizer (se bem que a postura dele em relação às biografias me
decepcionou um pouco), mas Emicida e Criolo são dois artistas que não me
descem. Quando li ela explicando o conceito de Modinhas também fiquei com um pouco de receio. Medo de que ela
tivesse ido para um lado dor-de-cotovelo quase brega, medo que tivesse
abandonado o rock. Mas na verdade, a essência dela está aqui. Não há nada aqui
que seja questionável. E, sim, o rock continua intacta.
Gosto desse tipo de surpresas,
desse tipo de ousadia. Gosto de quando o artista sai da sua zona de conforto e
tenta algo novo. Acredito que a cena musical evoluiria muito se mais artistas
tivessem esse tipo de postura. Portanto, já ganha meu respeito aqui.
Para quem não está por dentro do
projeto. Modinhas é um gênero musical brasileiro criado no século XVII. O nome no
diminutivo foi escolhido para que não fosse confundido com a moda portuguesa. O
estilo fez tanto sucesso que os próprios músicos eruditos portugueses passaram a
adotá-lo em seu repertório, adicionando algumas características da ópera
italiana. Tinha como característica seu lado suave, romântico e talvez esse
seja o ponto em comum com o trabalho da cantora. Entretanto, o que torna o
álbum interessante é que ela pegou clássicos de Villa Lobos e Manuel Bandeira,
e misturou com composições de novos autores que seguiam a mesma lógica e deu
uma cara atual para os arranjos. Sem duvidas, um trabalho criativo.
Trabalho foi bancado pelo sistema crowd-founding |
O disco que conta com a direção artística
de sua ex-companheira do Penélope, Constanza Scofield, foi gravado na Toca do
Bandido no Rio de Janeiro e conta com as participações de músicos como Otto,
Gabriel Thomaz (guitarrista e cantor do Autoramas, marido da cantora) e Fred
(baterista do Raimundos).
Entre erros e acertos, Erika apresenta um trabalho com arranjos, na maior parte do tempo, maduros e influencias diversas. O CD não conta com uma sonoridade única. Seu estilo de cantar não sofreu muitas alterações, exceto que não encontramos mais seus gritos que tanto marcou o trabalho de sua antiga banda. Como destaque colocaria a faixa de abertura “Fundidos”, a ousada versão de “Modinha (Serestas Peça N°5)” de Villa- Lobos, a balada “Bonita”, além de “Rolo Compressor” de Pedro Veríssimo e Fernando Aranha. Trabalho que é ao mesmo tempo arcaico e moderno, suave e intenso. Vale uma audição.
Entre erros e acertos, Erika apresenta um trabalho com arranjos, na maior parte do tempo, maduros e influencias diversas. O CD não conta com uma sonoridade única. Seu estilo de cantar não sofreu muitas alterações, exceto que não encontramos mais seus gritos que tanto marcou o trabalho de sua antiga banda. Como destaque colocaria a faixa de abertura “Fundidos”, a ousada versão de “Modinha (Serestas Peça N°5)” de Villa- Lobos, a balada “Bonita”, além de “Rolo Compressor” de Pedro Veríssimo e Fernando Aranha. Trabalho que é ao mesmo tempo arcaico e moderno, suave e intenso. Vale uma audição.
Status: Ousado
01) Fundidos
02) Dar-te-ei03) Modinha (Serestas – Peça Nº 5)
04) Modinha (A Rosa)
05) Bonita
06) A Euri
07) Casinha Pequenina
08) Prelúdio Para Ninar Gente Grande (Menino Passarinho)
09) Garota Interrompida
10) Rolo Compressor
11) Vien Tei
12) Memorabilia
13) Ganas de Volar – Preludio Para Ninar Gente Grande (Versão em Espanhol)
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