Por Davi Pascale
George Peter John Criscoula é o
integrante mais velho do Kiss. Conhecido por ser o mais rebelde, o baterista
que já se aproxima dos 70 anos, sempre foi menosprezado pela critica, pelos fãs
e, em algumas ocasiões, pela própria banda. Em sua autobiografia, o terceiro
musico do conjunto a se aventurar nesse universo, relata sua história, suas
magoas, suas conquistas e desmistifica muitas bobagens que afirmam por aí.
Incrível que o pessoal continue
afirmando bobagens nas resenhas do livro. Assim que o livro foi publicado li um
texto onde o autor dizia que o livro tinha podre para todos os lados, que o
rapaz afirmava da bissexualidade de Ace Frehley e da homossexualidade de Paul
Stanley. Ou o cara quis causar polêmica, ou ele não leu o livro. Realmente o
livro é bem revelador. Muitas histórias de bastidores (algumas engraçadas,
outras trágicas), muitos depoimentos sobre as gravações, sobre seu vicio com
alcool e drogas. Agora... Em nenhum momento, Peter afirma que Paul Stanley é
gay. Ele diz que ele sempre teve suspeita porque achava ele delicado. Refere-se
ao Starchild como Paulie (algo como Paulinha) em vários momentos, mas era um
modo de dizer que ele era fresco em relação à atitudes. Utiliza quase sempre
quando conta algum momento que considerava ataque de estrelismo do rapaz. Pode
ser que Stanley seja gay? Pode, mas não será aqui que você terá a confirmação
(quem sabe ele revele em sua autobiografia que sai em Abril?). Quanto à Ace ser
bissexual, o Gene Simmons já tinha afirmado isso em sua autobiografia Kiss And Makeup lançada em 2000. Ou
seja, quem é fã do Kiss, já sabe há tempos...
Momentos intensos marcam sua trajetoria dentro e fora do Kiss |
Peter Criss sempre disse que ele
veio de uma família pobre, que foi criado no Brooklyn e que tinha pertencido à
uma gangue na adolescência. Ele mantém esse tom ríspido durante a narrativa.
Ler o livro é como se estivéssemos ouvindo o rapaz a contar suas histórias. Ele
manteve seu estilo de falar na escrita. De todos os momentos pesados, o que irá
mexer mais com a cabeça dos fãs, acredito que seja seu depoimento sobre Mark St
John (falecido guitarrista do Kiss que gravou o álbum Animalize). Os dois músicos fizeram uma demo juntos nos anos 90 e
Peter diz ter ficado assustado ao entrar no quarto do musico e encontrar varias
revistas pornográficas espalhadas no chão, todas elas com garotas que aparentavam serem menores de 18
anos na capa. Disse que a imagem era perturbadora.
Um boato que sempre diziam era de
que ele não havia gravado os álbuns Dynasty
e Unmasked porque não era bom musico
o suficiente. Aqui, ele explica que ele não foi ao estúdio gravar porque ele
não queria mais olhar para a cara da dupla Stanley e Simmons. Peter afirma que
ele já queria sair da banda no inicio de 1978, mas que os músicos e o
empresário, o convenceram a continuar mais um tempo para ver se as coisas se
acalmavam. Já que em 78, não haveria centenas de shows e os álbuns seriam os
trabalhos solo onde um não iria interferir no álbum do outro, topou. A única coisa que
teriam que fazer juntos seria o filme Kiss
Meets The Phantom of the Park. Sendo assim, quando retornaram as atividades
ele estava levando em banho maria. Fazendo somente aquilo que fosse necessário.
As feridas ainda não estavam cicatrizadas. Quando foi para a turnê, a situação
piorou. Peter e Gene brigaram feio nos bastidores e o musico decidiu que não
dava mais. Mesmo assim ele quis retornar para o Unmasked, mas no dia em que ele iria pedir uma segunda chance, segundo
ele foi, expulso da banda.
Musico não poupa criticas à seus colegas de banda |
Peter Criscoula fez um relato
honesto. Não escondeu as traições de suas esposas (nem por parte dele, nem por
parte delas), não escondeu seu vicio com álcool, seu vicio com drogas, o
dinheiro que perdeu com as drogas, o dinheiro que perdeu comprando futilidade
para as esposas. Chega a comentar até de uma tentativa de suicídio. Sua maior
magoa, contudo, é em relação ao pagamento que recebia em relação ao Kiss. Diz
que os músicos nunca o pagaram para continuarem utilizando sua maquiagem. Que
tanto no retorno de 1996, quanto nas apresentações de 2003, ele ganhava menos do que os
guitarristas (Ace Frehley e Tommy Thayer, respectivamente). Dizia que já sabia
que não iria ganhar o mesmo do que Gene e Paul, mas que ele acreditava que os
outros 2 deveriam receber quantias iguais. E, principalmente, sentia magoa por
ser tratado como um contratado nos tais retornos. Ele desejava ter uma relação
mais próxima já que havia feito parte da historia inicial.
Embora tenha vivido momentos
intensos com droga, bebidas e orgias, o musico aparenta ser uma boa pessoa.
Sempre procurou estar próximo de sua filha, sempre deu importância para a
família e sempre se dirigiu aos fãs com respeito. Mesmo tendo sido um dos
responsáveis pela criação da sonoridade clássica do Kiss e tendo sido uma
grande influencia para diversos músicos, muitos tratam ele com preconceito por
não ser um virtuose. Quem sabe agora, conhecendo sua trajetória mais a fundo, começam
a dar um pouquinho de valor para o rapaz? Ele merece!
Nota: 10/10
Status: Revelador
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