Por Rafael
Menegueti
Vocês já
devem ter ouvido falar das loucuras que os roqueiros fazem por aí. As
quebradeiras em hotéis, as brigas, as cabeças de morcego mordidas. Pois agora
eu vou lhes contar a historia de uma banda que vai fazer tudo isso parecer
travessura de criança. Uma banda que se tivesse sua historia transformada em
filme, esse seria apenas para maiores, e possivelmente proibido em alguns
países: o Mayhem!
Mas para
entender o Mayhem, antes devemos entender a cena de black metal norueguesa.
Assim como em grande parte da Europa, nos países nórdicos o cristianismo foi
imposto à força na população. Antes, os escandinavos eram pagãos. Essa
imposição gerou certo rancor contra o cristianismo, que foi carregado por
algumas pessoas através dos anos. No começo da década de 80, esses ideais
anticristãos chegaram a grupos de adolescentes, que viram no heavy metal uma
maneira de expressar seus pontos de vista. Inspirados nisso e em bandas como
Venom e King Diamond, surgia o Black metal. O estilo viria a se tornar tão
popular (e polêmico) na Noruega, que acabou se tornando o principal produto de
exportação cultural do país. E as bandas do estilo viriam a disputar os
principais prêmios de música noruegueses.
Os membros do Mayhem em 1990 |
O líder
Euronymous não era uma pessoa muito simpática. Extremamente satanista, tido
como violento por muitos, e louco por outros, o guitarrista defendia uma
sonoridade suja e desleixada para o estilo. Talvez por isso, as primeiras
gravações da banda tivessem uma qualidade duvidosa. O fato é que a banda tinha
um som extremamente rápido, atmosférico e arrastado, quase aterrorizante.
O segundo
vocalista da banda (o primeiro foi Maniac) era um sueco chamado Per Yngve Ohlin,
mas apelidado de Dead, pois ele tinha fascinação pela morte, e assim foi um dos
pioneiros a usar o famoso “corpse paint”, a pintura facial que imitava um
cadáver (os primeiros foram a banda brasileira Sarcófago). Era um sujeito
estranho, introvertido. Enterrava suas roupas na terra antes dos shows, para
que cheirassem a sepultura. Carregava um saco com um corvo morto dentro para
cheirar o bicho podre no palco. Para convencer os integrantes do Mayhem a
contratá-lo, enviou um pacote com uma fita demo e um porquinho da índia em
decomposição aos membros, que estranharam, mas mesmo assim o contrataram.
O icônico Dead, com e sem maquiagem |
Em seu
lugar entrou Varg Vikenes (agora a porra ficou séria), ou Count Grishnackh, líder
e único membro de outro grande nome da cena, o Burzum. Alem dele, Attila Csihar
entrou para a vaga de Dead. Com essa formção a banda gravou seu álbum de estréia
em 92, “Des Mysteriis Dom Sathanas”. Mas antes que ele fosse lançado, as coisas
tomaram novamente rumos truculentos, mais especificamente entre Varg e
Euronymous.
Percebam,
Varg era outro sujeito complicado. Tinha leve simpatia por idéias nazistas. Certa
vez, se desentendeu através de cartas com o líder judeu de uma banda de metal
israelense. Algum tempo depois a policia bateu a porta do rapaz e lhe perguntou
“quem te odeia na Noruega?” ao questionar o porquê da pergunta, o policial
respondeu, “porque havia um pacote no correio para você vindo de lá, e dentro
tinha uma bomba”. Varg ainda seria acusado de queimar igrejas (algo que foi
comum na época).
Com
Euronymous, o problema de Varg era ideológico. Para Euronymous, a cena Black metal
deveria ser reservada e exclusiva para pessoas fortes e que tivesse real
interesse nos objetivos dela. Já Varg pensava o contrario: quanto mais pessoas
e popularidade tivesse o movimento, mais facilmente eles alcançaria meus
objetivos. Isso os levou a brigarem. Em 93, Varg acabou descobrindo um plano de
Euronymous para assassiná-lo. Quando foi atrás de Euronymous para tirar satisfações,
os dois se atracaram, e Varg acabou matando Euronymous a facadas. Preso, Varg
foi condenado à pena máxima, 21 anos (mas saiu em condicional em 2009). E assim
o Mayhem terminaria, mas voltaria.
Varg Vikernes ri em seu julgamento |
Depois de
tudo isso o Mayhem segue na ativa até hoje. Com algumas mudanças de formação,
como a volta de Attila Csihar aos vocais e a saída de Blasphemer. Lançaram alguns
discos, todos por selos pequenos e independentes. Seguem fazendo um som sujo e
arrastado, como no inicio. Inclusive fizeram show no Brasil em dezembro
passado. Fiquei curioso pra ver, mas não fui. Afinal de contas, tem que ser
muito doido pra se misturar com essas coisas...
O Mayhem em foto recente |
o dead era n@z1sta?
ResponderExcluir