segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Nirvana Unplugged in New York: a despedida de Kurt Cobain

Por Rafael Menegueti

A capa do Unplugged in New York
No último sábado (14/12/13) completaram-se 20 anos da data em que a MTV norte-americana levou ao ar pela primeira vez o MTV Unplugged in New York do Nirvana. O programa, que havia sido gravado no dia 18 de novembro de 1993, acabou se tornando a ultima grande obra do Nirvana. Mais do que isso. O aspecto cerimonial da apresentação, com uma decoração que mais lembrava a de um velório do que um show de rock, deu uma ar de despedida ao show, já que Kurt morreria meses depois.

A verdade é que Kurt pareceu moldar o acústico do Nirvana para que ele fosse perfeito, como ele queria. Diferente de muitas outras atrações que participaram do programa, o Nirvana gravou tudo de uma vez, sem precisar regravar nenhuma música. Ele fez questão de fazer o set-list do jeito que ele queria, deixando sucessos como “Smells Like Teen Spirit” e “In Bloom” de fora. Ao invés disso, ele preferiu faixas mais intimistas da banda, alem de covers de canções com as quais ele se identificava.

Não foi apenas pelo dinheiro ou sucesso que Kurt topou participar do MTV Unplugged. Ele viu no programa a oportunidade de mostrar uma outra face do Nirvana, uma face mais tranquila, mais calma e despojada, diferente do barulho habitual que a banda fazia nos palcos. Era a oportunidade perfeita de mostrar como Kurt realmente era: um rapaz introspectivo e sensível, ao contrario da imagem de rockstar que sempre tentavam lhe aplicar.

Kurt Cobain usou o programa para mostrar uma outra faceta do Nirvana
No palco do Sony Studios em Nova York, a banda executou 14 canções. Dessas 6 foram covers. As mais prestigiadas foram as de “Jesus Don’t Want Me For A Sunbean”, dos Vaselines, “The Man Who Sold The World”, do David Bowie, e “Where DId You Sleep Last Night” do cantor de blues Leadbelly. Alem dessas, ele incluiu três faixas de uma banda nada conhecida naquela época: o Meat Puppets. E ainda chamou os caras pra tocar no palco com ele.

A inclusão dos irmãos Curt e Kirk Kurtwood, dos Meat Puppets, como convidados especiais no show, gerou um certo desconforto na direção da emissora musical. Os caras queriam mesmo era que ele chamasse algum dos grandes nomes do grunge, que estava em alta naquela época. Obvio que Kurt não iria querer que isso ocorresse. Transformar o Unplugged em mais um material que atraísse novos fãs eventuais para a banda era tudo que Kurt não queria. “Smells Like Teen Spirit” já havia feito estrago demais nesse sentido.


O fato é que na apresentação o Nirvana conseguiu o que queria. Mostrou que é uma banda que vai alem da atitude explosiva, da quebradeira e dos excessos. Era também excelente com arranjos acústicos e mais intimistas. E de quebra, o acústico serviu pra definir uma ultima imagem de Kurt. Sua atuação cheia de sentimentalismo e intensidade definiu o Kurt como um musico de verdade, bem mais do que em outras performances ao vivo. O show seria lançado oficialmente em CD um ano depois, e 7 meses após o suicídio de Kurt. Uma performance exemplar e um lançamento digno da grandeza que o Nirvana sempre teve e sempre terá.   

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