Por Rafael
Menegueti
A capa do Unplugged in New York |
No último
sábado (14/12/13) completaram-se 20 anos da data em que a MTV norte-americana
levou ao ar pela primeira vez o MTV Unplugged in New York do Nirvana. O
programa, que havia sido gravado no dia 18 de novembro de 1993, acabou se
tornando a ultima grande obra do Nirvana. Mais do que isso. O aspecto
cerimonial da apresentação, com uma decoração que mais lembrava a de um velório
do que um show de rock, deu uma ar de despedida ao show, já que Kurt morreria
meses depois.
A verdade é
que Kurt pareceu moldar o acústico do Nirvana para que ele fosse perfeito, como
ele queria. Diferente de muitas outras atrações que participaram do programa, o
Nirvana gravou tudo de uma vez, sem precisar regravar nenhuma música. Ele fez
questão de fazer o set-list do jeito que ele queria, deixando sucessos como
“Smells Like Teen Spirit” e “In Bloom” de fora. Ao invés disso, ele preferiu
faixas mais intimistas da banda, alem de covers de canções com as quais ele se
identificava.
Não foi
apenas pelo dinheiro ou sucesso que Kurt topou participar do MTV Unplugged. Ele
viu no programa a oportunidade de mostrar uma outra face do Nirvana, uma face
mais tranquila, mais calma e despojada, diferente do barulho habitual que a
banda fazia nos palcos. Era a oportunidade perfeita de mostrar como Kurt
realmente era: um rapaz introspectivo e sensível, ao contrario da imagem de
rockstar que sempre tentavam lhe aplicar.
Kurt Cobain usou o programa para mostrar uma outra faceta do Nirvana |
No palco do
Sony Studios em Nova York ,
a banda executou 14 canções. Dessas 6 foram covers. As mais prestigiadas
foram as de “Jesus Don’t Want Me For A Sunbean”, dos Vaselines, “The Man Who
Sold The World”, do David Bowie, e “Where DId You Sleep Last Night” do cantor
de blues Leadbelly. Alem
dessas, ele incluiu três faixas de uma banda nada conhecida naquela época: o
Meat Puppets. E ainda chamou os caras pra tocar no palco com ele.
A inclusão
dos irmãos Curt e Kirk Kurtwood, dos Meat Puppets, como convidados especiais no
show, gerou um certo desconforto na direção da emissora musical. Os caras
queriam mesmo era que ele chamasse algum dos grandes nomes do grunge, que
estava em alta naquela época. Obvio que Kurt não iria querer que isso
ocorresse. Transformar o Unplugged em mais um material que atraísse novos fãs
eventuais para a banda era tudo que Kurt não queria. “Smells Like Teen Spirit”
já havia feito estrago demais nesse sentido.
O fato é
que na apresentação o Nirvana conseguiu o que queria. Mostrou que é uma banda
que vai alem da atitude explosiva, da quebradeira e dos excessos. Era também
excelente com arranjos acústicos e mais intimistas. E de quebra, o acústico
serviu pra definir uma ultima imagem de Kurt. Sua atuação cheia de
sentimentalismo e intensidade definiu o Kurt como um musico de verdade, bem
mais do que em outras performances ao vivo. O show seria lançado oficialmente
em CD um ano depois, e 7 meses após o suicídio de Kurt. Uma performance
exemplar e um lançamento digno da grandeza que o Nirvana sempre teve e sempre
terá.
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