Por Davi Pascale
Existem vários livros sobre o
Kiss por aí. Acabam de serem lançados no Brasil, inclusive, as edições em
português de Nothing To Lose: The Making of Kiss e a autobiografia de Peter
Criss: Makeup to Breakupup. Engana-se, contudo, quem acredita que o catman foi
o primeiro integrante da banda a lançar uma autobiografia. O primeiro cara a se
aventurar nesse universo foi o judeu Chaim Witz, ou como é mais conhecido por
aí, Gene Simmons.
Apesar de interpretar o demônio nos
palcos - ou como costumava brincar nas entrevistas no início de carreira, a
reencarnação do próprio mal - ele é o mais certinho do grupo. Tanto ele quanto
Paul Stanley são extremamente caretas. Nunca foram viciados em drogas, não
fumam e Gene, além de tudo isso, não bebe. Stanley ainda bebe alguma coisa, mas
não a ponto de cair de bêbado. Ace e Peter já são outra história...
Embora nunca tenha se entregado
aos vícios, o linguarudo é conhecido pela proeza de levar mais de 4.000
mulheres para a cama. Segundo Gene, ele tem foto Polaroid de várias delas e faz
questão de afirmar que todos esses retratos foram tirados com permissão das moças.
O guitarrista Ace Frehley chegou a declarar recentemente que acredita que
Simmons é viciado em sexo. No livro, o baixista conta algumas histórias
envolvendo garotas, incluindo algumas um tanto quanto bizarras como quando ele
foi reconhecido por uma velhinha no aeroporto e depois de um tempo, se deu
conta que era uma das mulheres com quem havia dormido nos anos 70.
Explica aqui as mudanças de nome.
De Chaim Witz para Gene Klein. De Gene Klein para Gene Simmons. Comenta
sobre sua mudança de Israel para os Estados Unidos, sobre seus ídolos de infância,
sobre a importância e a influencia dos quadrinhos em sua vida. Há algumas histórias
curiosas de quando era criança, como quando contraiu poliomielite aos 3 anos de idade chegando a ser encaminhado para o hospital. Certa noite depois de
chorar e berrar o mais alto que podia por ter necessidade de ir ao banheiro, decidiu
descer da cama e fazer suas necessidades no chão do quarto. Quando a enfermeira
retornou, encontrou as fezes no chão e foi à loucura.
Gene em sesão para a Playboy |
Claro que não poderiam faltar
histórias envolvendo o Kiss. É narrada, em detalhes, a trajetória da banda nos
anos 70 com direito à algumas histórias de bastidores como o segredo para o
rosto de Ace Frehley não estar 100% nítido na capa de Hotter than Hell. Ainda
envolvendo o spaceman, conta como salvou o rapaz durante a turnê desse mesmo
disco. Segundo Simmons, ele havia descido para o saguão do hotel com o intuito
de conhecer algumas garotas e quando retornou ao quarto encontrou Ace desmaiado
na banheira. A água já havia coberto sua boca, mais alguns minutos o rapaz
teria morrido afogado.
Comenta também sobre sua longínqua
parceria com Paul Stanley, segundo ele, uma das poucas pessoas em quem aprendeu
a confiar. E claro que não poderia faltar também alguns ataques ao baterista
Peter Criss, mais um integrante envolvido nas drogas e nas bebidas. Segundo o autor, a razão de Peter não ter tocado em todo o álbum
Dynasty era pelo fato de Vini Poncia, produtor do álbum, acreditar que o catman não
tinha condições de tocar em um álbum do Kiss. O mais tenso de tudo é que uma
das razões que os levaram a escolher Vini era o fato dele ter sido o
responsável pela produção do álbum solo do baterista um ano antes. Era um
modo de demonstrarem que não tinham vergonha do seu disco, como o músico
acreditava.
A parte dos anos 80 passou um
pouco por cima. Fala bastante sobre seu romance com a cantora Cher e sua aventura no cinema. Diz que não sentia confortável com aquela idéia de se
apresentarem sem as mascaras. Que fizeram isso por não haver outra alternativa.
Diz que os fãs não aceitavam os novos personagens e que a chegada da MTV trouxe
uma nova linguagem visual, que tiveram que se adaptar para não deixar o projeto
morrer. Declara que durante essa época chegou a deixar o Kiss em segundo plano,
deixando Paul Stanley no comando principal e que hoje se arrepende de ter
deixado a banda um pouco de lado. Explica ainda sobre a gravadora que fundou,
comenta sobre os artistas que produziu, rasga elogios ao falecido baterista
Eric Carr e relata sobre como conheceu sua atual esposa Shannon Tweed. Mas as histórias
sobre as gravações e turnês desse período meio que passaram batido.
Gene Simmons e Paul Stanley sem as máscaras |
Não faltam detalhes sobre a volta
do grupo às mascaras e sobre o retorno dos integrantes originais. Fala
abertamente sobre a dificuldade de estar na estrada com os velhos rapazes
retornando aos velhos hábitos, sobre a dificuldade de ensaiar com Ace chegando
ao estúdio com horas de atraso e sobre a decisão de realizar a Farewell Tour. Em
respeito às polêmicas gravações de Psycho Circus, não esconde o fato de ter
utilizado outros músicos no lugar de Ace e Peter, mas defende a idéia de que
tiveram que fazer isso porque os dois simplesmente não apareciam no estúdio para
tentar pressioná-los a aumentar o valor de seus contratos. Explica, aliás, o
fato de Ace ganhar mais do que Peter. The demon diz que quando retornaram os
dois ganhavam a mesma quantia, mas que Ace exigiu a receber mais do que Peter e
ameaçou sair da banda caso não concordassem com isso. O linguarudo disse que
por ele ok, mas que Ace teria que se encarregar de contar ‘as boas novas’ ao
seu amigo Peter. Óbvio que ele não contou e depois de um tempo a coisa
esquentou...
Quando escreveu esse livro, em
2001, a banda estava planejando parar, portanto, não está explicado aqui o
porquê o grupo não se aposentou no final da Farewell Tour. Esse material não
foi lançado no Brasil, mas é bem fácil de se encontrar em sites como a Amazon.
Certamente, uma leitura não apenas divertida, mas essencial para qualquer fã do quarteto.
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