Meu primeiro contato com o rock n
roll foi aos 3 anos de idade. Era o ano de 1985. O ano do rock n roll no
Brasil. Ano do primeiro Rock in Rio, da consagração do RPM e do fim do Regime
Militar. Ainda sofreríamos mais alguns anos até conseguirmos driblar de vez a
censura nas rádios e na televisão. Muitas pessoas se aproximam do rock por
querer quebrar barreiras, querer gritar em alto e bom som aquilo que é incômodo
para muitos. Seja nas ruas, seja na sua própria casa. A minha descoberta,
entretanto, foi algo inocente. Brincadeira de criança...
A trilha sonora da geração 80 foi
o pop e o rock. Sendo assim, os discos que meu irmão mais velho comprava nessa
época não poderiam ser de outros gêneros, senão esses. Meu pai também sempre se
ligou no rock n roll, mas ia mais além. Era possível que chegasse em casa com
algum disco de MPB, sertanejo, blues e até um pouco de musica brega. Claro que,
com o tempo, tudo isso se tornou parte da minha formação. Sou fã de artistas de
diferentes gêneros. Sou fã de muitos artistas que fariam qualquer headbanger
vomitar no chão somente de ouvir o nome. Mas o rock n roll foi o que sempre me
bateu mais forte!
Como disse anteriormente, minha
paixão pelo gênero nasceu de uma brincadeira. Mais precisamente, uma
brincadeira entre irmãos. Eu e meu irmão temos uma grande diferença de idade. 7 anos! E irmão mais velho sempre
gosta de provocar o mais novo. Qualquer família é assim... Um belo dia,
estávamos em casa assistindo televisão e passou o clipe de “I Love It Loud” do
Kiss. Não demorou muito, saí correndo e me escondi no quarto. Morria de medo do
clipe com todas aquelas pessoas com os olhos brilhando, xícara explodindo...
Foi o suficiente para o infeliz descobrir meu ponto fraco e começar a me
perseguir. Todo dia ele pegava a capa do LP “Creatures of the Night” e me
mostrava para me fazer sair correndo. Mas como piada repetida, cansa... Um belo
dia, não saí mais correndo e pedi para ele tocar o disco. Nascia ela minha
paixão pelo Kiss e pelo rock n roll... A partir dali, toda vez que aparecia
algo da banda no televisor saía correndo, não mais de medo, mas para não
perder...
Aquele som pesado e potente me
deixou impressionado. O impacto foi tão grande que naquele Natal, aos 3 anos de
idade, pedi para os meus pais o VHS da banda: Animalize Live Uncensored (perdi
as contas de quantas vezes assisti essa fita). E, logo na sequencia, atormentei
para que me comprassem os LP´s do conjunto.
Aposto que, nessa época, ninguém poderia imaginar que anos mais tarde,
me tornaria um dos grandes colecionadores do grupo. Graças ao fascínio que
criei pelo Kiss, comecei a revirar a coleção de discos de meu pai e do meu
irmão para conhecer outros artistas, comecei a ler as revistas musicais que
compravam para descobrir quem eram as novas caras do rock. Tanto do Brasil
quanto do exterior. Foi assim que descobri Whitesnake, Van Halen, AC/DC,
Scorpions, Iron Maiden, Metallica, Beatles, Queen, Deep Purple, Barão Vermelho,
Lobão, Titãs, RPM... Quando a MTV chegou ao Brasil, passava horas
assistindo a emissora. Através dela, descobri os grandes nomes das décadas de
90 e 00. Nirvana, Pearl Jam,
Oasis, Alice In Chains, Black Crowes, Evanescence... Acompanhava
também todas as (poucas) trasmissões de shows internacionais na televisão,
ainda criança. Lembro de ter assistido, pela transmissão da Rede Globo, o Guns
n Roses e o Faith No More tocando no Rock in Rio de 1991, por exemplo. Tinha
apenas 9 anos.
Não demorou muito para que
começasse a freqüentar shows. Meus primeiros shows internacionais foram o
Michael Jackson e o Paul McCartney no longínquo ano de 1993. Como era alto para
a idade, todo show que tinha como censura 14, 15 ou 16 anos, eu comprava o
ingresso e arriscava. E com
isso, acabei assistindo Kiss (Monsters of Rock 94), Aerosmith (Hollywood Rock
94), Page/Plant (Hollywood Rock 96), Rolling Stones (Hollywood Rock 95),
Mercyful Fate (Teatro dos Vampiros), Bon Jovi (Ibirapuera 95), AC/DC (Pacaembu
95), entre outros. O único que me barraram foi o do Bon Jovi, mas
consegui entrar… Claro que naquela época o ingresso não era esse roubo que é
hoje. Então dava para cometer esse tipo de loucura. Nunca ocorreu de me
barrarem durante alguma apresentação e me descobrirem ali. Nunca fui de
aprontar nos shows. Pelo contrario, assistia cada apresentação com o máximo de
atenção, como se estivesse vivendo um momento mágico. E, de certa forma,
estava!
Como todo bom fã de música, quis
aprender a tocar um instrumento. Comecei no violão. Até sei tocar algumas
coisa, mas nunca me tornei um grande guitarrista. Depois de um tempo fui para a
bateria, me saí bem melhor. Toquei com Guns n´ Roses Cover, Red Hot Chili
Peppers Cover, banda de classic rock, etc. Comecei como autodidata, mas o fato
de querer me tornar um instrumentista melhor, me levou a estudar musica em um
conservatório, onde tive aulas de bateria com o Ivan Busic (baterista do Dr.
Sin). Era fã do rapaz desde os tempos em que ele tocava em um grupo chamado
Taffo. Logo me tornei amigo da banda. Trocava informação de bandas e discos com
os caras, fui à show deles junto com o trio e me tornei sócio dos irmãos Busic
em uma revista segmentada chamada RockLife a convite dos mesmos.
A equipe era pequena. Todo mundo
fazia de tudo. Claro que cometemos algumas gafes (algumas por falta de
conhecimento, muitas por falta de tempo), mas foi um período de muito
aprendizado. E também de descoberta. Foi ali que descobri meu interesse pela
escrita, pelas realizações de entrevistas. Ali que me descobri jornalista.
Assim que encerramos as atividades, resolvi me profissionalizar na área e fiz
uma faculdade de jornalismo.
E foi nessa faculdade que conheci a equipe desse novo
projeto. Projeto que nasceu de um TCC em que fizemos juntos. E, portanto, nada
melhor do que começarmos essa nova etapa juntos. Etapa que, tenho certeza, será
apenas a primeira de muitas conquistas. Portanto aumente o som do seu quarto,
navegue em nossa pagina e let´s rock!
Davi Pascale
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