quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Albuns Clássicos: Julian Lennon – Valotte (1984):



Por Davi Pascale

Trago hoje, um texto diferente. Resolvi reviver a série Álbuns Clássicos. Já tinha um bom tempo que não escrevia nada sobre o gênero. Decidi escrever sobre um trabalho muito bacana, que mereceria ter um reconhecimento maior, ao invés de clássicos já manjados. O álbum de estreia de Julian Lennon.

Nos últimos tempos, têm se ouvido falar muito sobre o Sean Lennon – que inclusive lançou um álbum muito bacana ao lado do Les Claypool (Primus) recentemente – mas quase nada sobre o Julian, que, na minha opinião, sempre foi muito mais talentoso.

Para os fãs de Beatles, o trabalho de Julian também acaba sendo muito mais interessante. Já que sua voz é bem parecida com a do pai. Não, ele não força e, na real, isso durante um bom tempo foi um problema para ele, visto que muitos críticos o massacravam por isso. Principalmente, na fase do Valotte, certamente seu álbum mais bem sucedido até hoje.

O Valotte foi lançado em uma fase que a música pop atravessava um bom momento. Foi o ano em que Prince lançou o histórico Purple Rain, que Madonna arrancava suspiro dos marmanjos enquanto entoava os versos de “Like a Virgin”, que Phil Collins embalava os bailinhos ao som de “Against All Odds”. Foi no meio dessa cena que nasceu o debut de Julian Lennon. O LP chegou às lojas em 15 de Outubro de 1984.

As inevitáveis comparações com o pai ganharam uma dimensão ainda maior por conta do single de “Nobody Told Me” (Milk And Honey), lançado naquele mesmo ano. John havia sido assassinado há aproximadamente 4 anos e seu primeiro disco póstumo estava sendo lançado. Para piorar, o disco de estreia de Julian foi mixado no Hit Factory, mesmo estúdio em que John gravou Double Fantasy, seu ultimo LP.

O disco nos leva de volta aos anos 80, quase que imediatamente, quando nos deparamos com os sintetizadores de canções como “Well, I Don´t Know”. Mesmo assim, não se trata de um disco dançante, algo que estava em moda na época, Valotte é basicamente um álbum de pop/rock.

Julian foi quem escolheu Phil Ramone para a produção. O garoto havia gostado do trabalho que havia realizado em The Nylon Curtain (Billy Joel) e o convidou para o cargo. O renomado produtor pediu para ouvir algumas gravações e acabou gostando do material apresentado. As gravações ocorreram em 5 estúdios diferentes (Muscle Shoals Sound Studio, Bear Tracks Recording Studio, A&R Recording Studios, Clinton Recording Studios e o já citado Hit Factory) e duraram 6 meses.

As letras nasceram antes do disco. “Lonely” falava sobre quando se mudou para Londres em 1982, sem ter nenhum amigo ou familiar por perto. “Too Late For Goodbyes” falava sobre o término com sua até então recém namorada. "Well, I Don´t Know" foi inspirada em seu pai. Mais precisamente, sobre viver lidando com a sua morte. Julian é filho da primeira esposa de John, Cynthia Lennon. John e Julian eram distantes. Na letra, demonstrava certa mágoa ao questionar, "Você é parte da minha família?". Sobre a inspiração ao ex-Beatle, Julian Lennon reconheceu uma certa inspiração em Imagine. Segundo o cantor, queria o mesmo tipo de simplicidade,

O repertório é bem forte e destacam-se várias faixas como "Valotte", "Well I Don´t Know", "Too Late For Goodbyes", "Lonely", "Say You´re Wrong" e "Let Me Be". Na época, foi lançado um VHS bem bacana com o nome de Stand By Me: A Portrait Of Julian Lennon. Qualquer dia escrevo sobre ele por aqui. Por enquanto, aproveitem para reviver esse disco que é bem legal.

Faixas:
      01)   Valotte
      02)   Ok For You
      03)   On The Phone
      04)   Space
      05)   Well I Don´t Know
      06)   Too Late For Goodbyes
      07)   Lonely
      08)   Say You´re Wrong
      09)   Jesse
      10)   Let Me Be

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