sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Blackberry Smoke – The Whippoorwill (2012):



Por Davi Pascale

Trago hoje uma dica bem legal. Mais uma banda da nova geração que está fazendo um som realmente cativante. Me refiro à galera do Blackberry Smoke....

Trata-se de uma banda de Atlanta que faz um som mais puxado para o southern rock. Ou seja, traz bastante influencia de country e soul.  Esse trabalho foi lançado na época em que eles começaram a crescer na cena. Poucos meses após o lançamento desse álbum, estavam dividindo palco com grandes nomes como ZZ Top e Lynyrd Skynyrd.

Eles já tinham começado a dar o que falar no seu segundo álbum, Little Piece of Dixie (2009). Embora não tenham hits de FM, o prestígio deles vem crescendo à cada ano que passa. Os garotos vêm criando uma base sólida de fãs devido aos shows que vêm realizando e ao apoio da mídia especializada. “Sinto como se tivesse um álbum numero 1. Os cilindros estão pegando fogo. Nós viemos do nada”, comenta Charlie Starr em recente entrevista à Classic Rock Magazine.

Esse aqui é o terceiro deles. The Whippoorwill é um trabalho bem consistente e bem variado, ainda que a influência 70´s seja uma constante em todo o disco. As mais rocks são “Six Way To Sunday” que traz uma pegada meio rock de arena e “Shakin´ Hands With The Holy Ghost”, que aposta em um ar mais Black Crowes. “Pretty Little Lie” traz um arranjo mais lento, com uma pegada meio Tom Petty. O ar country começa a aparecer com força em “Everybody´s She´s Mine”.

Starr tem uma bela voz para o gênero, combina direitinho com o som da banda, mas possui um sotaque menos carregado do que estamos acostumados com outros artistas da cena. Se isso é bom ou ruim, vai depender de cada ouvinte. As características principais estão todas aqui: os teclados de fundo, as guitarras com slide, os vocais bem colocados, os backings encorpados.

“Ain´t Much Left Of Me” é Lynyrd Skynyrd total, assim como a balada “Sleeping Dogs”. Outras duas que devem fazer a cabeça dos fãs da família Van Zant são “Crimson Moon” e “Lucky Seven”.

Ainda que o álbum seja variado, é bem consistente. O material prende a atenção do início ao fim. Isso deve-se não apenas pelas deliciosa linhas vocais, mas também pelo ótimo trabalho de guitarra criado por  Paul Jackson. O cara é bom tanto de riff, quanto de solo. A guitarra base é executada pelo cantor da banda.

A galera do Blackberry Smoke tem realizado um trabalho bem consistente e tem demonstrado ser um dos grupos mais interessantes dessa nova leva de artistas. Se você curte grupos Lynyrd Skynyrd, 38 Special e Allman Brothers pode ir sem medo que a diversão é garantida.

Nota: 8,0 / 10,0
Status: Southern de alto nível

Faixas:
      01)   Six Ways To Sunday
      02)   Pretty Little Lie
      03)   Everybody Knows She´s Mine
      04)   One Horse Town
      05)   Ain´t Much Left For Me
      06)   The Whippoorwill
      07)   Lucky Seven
      08)   Leave a Scar
      09)   Crimson Moon
      10)   Ain´t Got The Blues
      11)   Sleeping Dogs
      12)   Shakin´ Hands With The Holy Ghost
      13)   Up The Road

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Eric Clapton – Slowhand At 70: Live From Albert Hall (2015):



Por Davi Pascale 

Eric Clapton lança mais um trabalho ao vivo. Lançado em  CD, DVD e bluray, apresentação traz Clapton celebrando seus 70 anos em alto estilo.

Em 30 de Março de 2015, Eric Clapton completou 70 anos de idade. Dois meses depois, ele estava se apresentando durante sete noites no Royal Albert Hall em Londres. E é daí que nasce esse registro. Falar que o cara é um senhor guitarrista é chover no molhado. Falar que músicos como Nathan East, Steve Gadd e Paul Carrack são mestres em seus respectivos instrumentos também é desnecessário. Assistir esses caras tocando é quase como assistir uma vídeo-aula.

A apresentação, conforme esperado, é extremamente profissional e incrivelmente inspirada. Que o diga a versão de “Little Queen of Spades” onde os músicos colocam toda sua alma em uma performance de aproximadamente 16 minutos.

Como todo artista longínquo, Clapton tem uma discografia de altos e baixos. Possui álbuns que são clássicos absolutos, indispensáveis em qualquer coleção que se preze, e outros que são trabalhos não mais do que corretos. Um artista do nível dele é muito difícil encontrar um álbum que seja um lixo, mas sempre tem aqueles que são menos inspirados. No palco, contudo, o artista costuma brilhar.

Não faltam no set, clássicos do blues. “Key to the Highway”, faixa de Little Walter, imortalizada por Clapton no Lp Layla And Other Assorted Love Songs (Derek & The Dominos), aparece por aqui. Assim como o clássico de Muddy Waters, “Hoochie Coochie Man”.

Quem o acompanha mais de longe, pode acreditar, pelo título, que o musico está celebrando seu cultuado LP Slowhand. Na verdade, não. Slowhand, na verdade é um apelido que o músico ganhou de Giorgio Gomelski, empresário dos Yardbirds, lá nos anos 60 ainda. O slowhand do título aqui é o próprio guitarrista.

Clássicos de sua carreira também não foram esquecidos. “Pretending”, “Let It Rain”, “Wonderful Tonight”, “Cocaine”, estão aqui para deleite de seus seguidores. Um momento bem interessante do show é quando Paul Carrack assume o microfone para interpretar as canções de Joe Cocker (“You´re So Beautiful” e “High Time We Went”). Ficaram geniais, mas honestamente fecharia a noite com uma musica cantada pelo próprio Clapton.

Outro momento muito interessante é o set acústico que aparece no meio da apresentação revivendo clássicos do porte de “Nobody Knows You When You´re Down and Out” e “Layla”. Um momento bem interessante foi a versão de “Tears In Heaven” com uma levada ligeiramente diferente

Slowhand At 70 é um álbum essencial na coleção, não somente dos fãs de Clapton, mas dos amantes da boa música em geral. Com qualidade de gravação perfeita e performance memorável, dificilmente esse trabalho irá te decepcionar. Vá fundo...

Nota: 10,0 / 10,0
Status: Profissional

Faixas:
      01)   Somebody´s Knockin´ On My Door
      02)   Key To The Highway
      03)   Tell The Truth
      04)   Pretending
      05)   Hoochie Coochie Man
      06)   You´re So Beautiful
      07)   Can´t Find My Way Home
      08)   I Shot The Sheriff
      09)   Driftin´  Blues
      10)   Nobody Knows You When You´re Down And Out
      11)   Tears In Heaven
      12)   Layla
      13)   Let It Rain
      14)   Wonderful Tonight
      15)   Crossroads
      16)   Little Queen Of Spades
      17)   Cocaine

      18)   High Time We Went

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Airbourne – Breakin´ Outta Hell (2016):





Por Davi Pascale

Airbourne chega ao seu quarto album. Breakin´ Outta Hell mantém a veia AC/DC e deve agradar os fãs da banda.

O Airbourne não é a primeira banda a seguir os passos do AC/DC (que o diga o Jackyl, somente para ficar em um exemplo), nem será a última. Mas quando o projeto é bem feito e as faixas são boas e impactantes, não há nada de errado nisso. Afinal, rock n´ roll é sobre diversão, certo?

É justamente essa a pegada do álbum. Breakin´ Outta Hell foi feito para se ouvir no talo, berrando com os pulmões cheios. Disco criado para atacar o volume no último número e se esquecer dos problemas do dia-a-dia. As letras são os velhas temas de sempre: garotas, bebidas, a vida na estrada. Mais uma vez, nenhuma novidade, mas sempre divertido.

Um velho admirador da banda era o saudoso Lemmy Kilmister (Motorhead). O músico chegou a colocar os garotos para fazer uma turnê conjunta e chegou até a fazer uma aparição no clipe de “Runnin´ Wild”. O cantor Joel O´Keeffe, declarou em recente entrevista à revista Metal Hammer, que a faixa “It´s All For Rock N´ Roll” é uma homenagem ao líder do Motorhead: “Queríamos homenageá-lo, mas não queríamos fazer o óbvio. Esse é nosso agradecimento ao Lemmy. Ele era o general do rock n´ roll. Ele fez rock n roll do primeiro ao último dia de sua vida”.

O estilo da banda mantém aquela velha pegada do AC/DC. Bateria reta, riffs impactantes, vocal gritado, backings com coros fortes, arranjos hard rock com influência do blues. Não se assuste se pegar riffs similares ao de Angus Young ou alguma linha de voz que remeta ao Brian Johnson. Isso é uma constante em seu trabalho desde o debut de 2007.

“Breakin´ Outta Hell”, “The Thin Blood” e “When I Drink I Go Crazy” são as que contam com arranjos mais velozes. Assim, como seus grandes ídolos, o álbum não conta com baladas. As que contam com arranjo mais lento são “Rivalry” e “It´s All For Rock n Roll”. Faixas de rock puro!

Breakin´ Outta Hell pode não ser o álbum mais criativo do mundo, mesmo assim foi um dos que mais gostei dentre os últimos álbuns que andei ouvindo. As faixas são excelentes, qualidade de gravação excelente. A banda conquistou uma sonoridade empolgante e os músicos cumprem incrivelmente bem seu papel. Se você busca rock n roll cativante e não se importa com modernidades, esse disco é para você. 

Nota: 8,0 / 10,0
Status: Empolgante

Faixas:
      01)   Breakin´ Outta Hell
      02)   Rivalry
      03)   Get Back Up
      04)   It´s Never Too Loud For Me
      05)   Thin The Blood
      06)   I´m Goin´ To Hell For This
      07)   Down On You
      08)   Never Been Rocked Like This
      09)   When I Drink I Go Crazy
      10)   Do Me Like You Do Yourself
      11)   It´s All For Rock n Roll

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Whitesnake – Starkers In Tokyo (1997):





Por Davi Pascale

Em 1997, o Whitesnake retornou ao mercado com o lançamento de dois álbuns. Um, autoral (o bom Restless Heart) e outro, acústico. É justamente sobre o trabalho desplugado que tratamos hoje.

O disco Restless Heart foi recebido com bastante euforia na época. Afinal, era o primeiro trabalho de inéditas desde o (bom) Slip Of The Tongue. O trabalho é bacana, mas acredito que muitos tenham se frustrado em uma primeira audição, já que tinha bastante balada no CD. De todo modo, tinha bastante música boa. Entre um trabalho e outro, chegaram às lojas, a coletânea Greatest Hits e o (ótimo) projeto Coverdale/Page (quem nunca ouviu isso, pelo amor de Deus, vai atrás).

A apresentação é extremamente simples. E isso tem uma razão de ser. Inicialmente, esse show não seria lançado como um disco de carreira do Whitesnake. A ideia era fazer meio que um pocket show para promover seu novo disco. Como alguns artistas fazem em sessão de autógrafos. Três musicas de seu até então novo disco foram apresentadas: o single “Too Many Tears” e as baladas “Can´t Go On” e “Don´t Fade Away”. Das três, minha favorita sempre foi “Can´t Go On”.

O show é simples em todos os aspectos. Nos arranjos, no formato. David Coverdale, em pé, com o microfone. Adrian Vanderberg, sentado, no outro canto, com o violão. Embora Vanderberg seja um músico de primeira, seu trabalho é bem sutil. O rapaz se preocupou em adaptar às musicas ao violão de maneira melódica, harmoniosa, mas não há espaço para solos. O que fica em maior evidência é o trabalho vocal de Coverdale.

O resto do set foi preenchido com canções antigas. Não fizeram, contudo, uma compilação dos hits. Não criaram versões acústicas para faixas como “Guilty Of Love”, “Walking In The Shadow Of The Blues”, “Lovehunter”, “Slide It In”, “Crying In The Rain” ou “Still Of The Night”. Optaram por interpretar as que melhores cabiam nesse formato.

David Coverdale canta muito bem no show, mas se você está acostumado com aquele rapaz que fica gritando e girando pedestal, vá com calma. Coverdale fez uma interpretação bastante emotiva, canta com alma, mas canta sem ficar exagerando nos agudos. 

No show foram apresentadas 3 canções que, por algum motivo, ficaram de fora do produto final: “Burning Heart”, “Fool For Your Loving” e “Only My Soul”. Não aparecem nem no CD, nem no vídeo. Ambos, apresentam o mesmo set com uma sequencia um pouco diferente.

Starkers In Tokyo é um trabalho bem bacana porque nos permite ver o outro lado do Whitesnake. Sem contar que essas apresentações intimistas são sempre muito divertidas. Recomendadíssimo! Faixas preferidas:  “Sailing Ships” e “The Deeper The Love”.

Nota: 9,0 / 10,0
Status: Excelente

Faixas (sequencia do vídeo):
      01)   Sailing Ships
      02)   Too Many Tears
      03)   The Deeper The Love
      04)   Can´t Go On
      05)   Is This Love
      06)   Give Me All Your Love
      07)   Here I Go Again
      08)   Soldier Of Fortune
      09)   Love Ain´t No Stranger
      10)   Don’t Fade Away

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Europe - Live Look at Eden (2011):



 Por Davi Pascale
Publicado originalmente no site Consultoria do Rock

A banda sueca Europe resolveu fazer mais um registro ao vivo. Bem... na verdade, dois! O primeiro deles trata-se do CD/DVD Live Look At Eden. E é sobre ele que tratarei hoje.
 
O pacote mostra um grupo afiado e cada vez mais distante daquele som comercial dos anos 1980 que os tornaram famosos. Quem espera por um projeto nostálgico, vai se decepcionar. 

Joey Tempest (voz), John Norum (guitarra), John Leven (baixo), Mic Michaeli (teclados) e Ian Haugland (bateria), formam o line-up deste registro. De forma geral, o grupo sempre foi consistente ao vivo e sempre contou com ótimos músicos. Norum conseguiu, inclusive, uma carreira-solo de respeito durante a pausa da banda nos anos 90. Portanto, dizer que os músicos estão tocando bem e que o cantor não decepciona é chover no molhado. 

Verdade seja dita. É muito difícil pegar o novo trabalho na mão e não se interessar. Até mesmo para muitos que torcem o nariz para o grupo, e insistem em rotulá-los como farofeiros, o projeto pode agradar. 

Detalhes do encarte

A arte gráfica é fantástica! Nem parece que temos em mãos um produto lançado durante a era digital, época onde as gravadoras investem cada vez mais em relançamentos de grandes artistas e lançamentos de artistas pré-fabricados, e cada vez menos em lançamentos de grupos consistentes. A embalagem é um livro de 140 páginas com fotos da última turnê. Dentro do livro, estão o CD e o DVD. Produção realmente matadora e ousada para os dias de hoje.

O CD traz o registro de 10 músicas, gravadas em quatro apresentações distintas. O set list é bem dosado contando com cinco músicas recentes e cinco da primeira fase do grupo. No entanto, como disse no início do texto, o enfoque não são as músicas mais festeiras e sim, as mais rocks. Sendo assim, não espere ouvir canções como "Cherokee" ou a balada "Carrie". A exceção, é claro, trata-se do megahit "The Final Countdown" (seu maior sucesso comercial). 


O DVD conta com ótima qualidade de gravação, mas poderia trazer mais imagens. As performances – registradas no Itune Festival em Londres – são ótimas, mas o fã acaba ficando com aquele gostinho de quero mais. Afinal, trata-se de apenas cinco músicas ao vivo (sendo que somente "Rock The Night" pertence à primeira fase) e os dois clipes de seu  até então novo álbum, Last Look At Eden, lançado em 2009. Tudo bem... Talvez a intenção seja esta mesma, já que logo em seguida foi lançado o DVD ao vivo Live At Shepherd´s Bush, London com o show completo. 

De qualquer forma, a curta duração do disco e do DVD (50 e 30 minutos aproximadamente) não decepciona e impõe respeito. A energia e o profissionalismo do grupo irão calar a boca de muita gente. Quem gosta de rock and roll, e não vive no passado, certamente irá se divertir com este lançamento! Confira!

John Norum e Joey Tempest

Nota: 8,0 / 10,0
Status: Profissional
 
Track list do CD:

1. Last Look At Eden
2. Love Is Not The Enemy 
3. Superstitious 
4. Scream of Anger 
5. No Stoner Unturned 
6. New Love In Town 
7. Seventh Sign 
8. Rock The Night 
9. The Beast 
10. The Final Countdown 

Track list do DVD:

1. Last Look At Eden
2. No Stone Unturned
3. New Love In Town
4. Rock The Night
5. The Beast
6. Last Look At Eden (official video clip)
7. New Love In Town (official video clip)