domingo, 17 de maio de 2015

Bidê ou Balde – Eles São Assim e Assim Por Diante (2012):



Por Davi Pascale

Grupo gaúcho volta à cena independente. Com formação mais enxuta, o grupo diminui também o deboche, as experimentações, as guitarras e lança disco morno.

No inicio dos anos 2000, parecia que grupos como Cachorro Grande e Bidê Ou Balde finalmente colocariam o rock gaucho de volta às paradas. Já fazia um bom tempo que não surgia um nome com projeção nacional vindo daqueles lados. Embora, alguns grandes nomes tenham vindo de lá na cena BRock, como Engenheiros do Hawaii e Nenhum de Nós, artistas respeitadíssimos e de grande talento como Acusticos & Valvulados, Rosa Tattooada, Nei Van Soria e Cidadão Quem passariam batido do grande publico nas décadas seguintes.

Bidê ou Balde sempre foi uma banda criativa e irreverente. Mesmo em sua irreverência, foram diferenciados. As letras irônicas e engraçadinhas não tinham a mesma malícia de um grupo como Camisa de Vênus e Raimundos. Era mais inocente, porém não menos inteligente. Para quem não conhece ter uma idéia, seria algo mais próximo da Blitz. Havia ainda mais duas semelhanças com o grupo de Evandro Mesquita que seriam a formação grande e o uso de backing vocals femininos. Entretanto, sempre soaram mais rock. O grupo de Carlinhos Carneiro deixava evidente em seus arranjos influência de Weezer, Blur e afins.

Grupo retorna com formação reduzida e sonoridade mais polida

Em Eles São Assim e Assim Por Diante, os rapazes se aproximam de uma sonoridade mais pop. Não que não tenham sido pop no passado, mas está mais descarado. O volume das guitarras diminuiu, as experimentações diminuíram ainda mais. A impressão que dá é que a banda está abatida, sem tesão. Não sei qual é a realidade dos músicos hoje, mas é nítido que passaram por dificuldade nesses anos todos. Se em Sexo É o Que Importa, o Rock É Sobre Amor, o grupo era formado por 7 integrantes, transformaram-se agora em um quarteto.

O disco não é ruim, apresenta bons momentos, mas não é empolgante. Várias composições como “Eles São Assim”, “Ontem Percebi Que Te Amo Ainda” e “João da Silva” soam arrastadas, mortas, sem brilho. Longe daquela alegria costumeira em seus trabalhos. Há, entretanto, alguns ótimos momentos que nos remetem aos velhos tempos como “Coisinhas Nojentas de Amor”, “Me Deixa Desafinar” e “Lucinha”. De bônus, trazem uma releitura da (ótima) canção “Mesmo Que Mude” com a participação do grande músico Renato Borghetti. Ficou bacana, mas abaixo da versão original.

O trabalho foi lançado de forma independente e ainda está em catálogo. Quem é fã, vale uma conferida. Sempre vale, né? Quem nunca ouviu a banda, recomendo começar pelo (ótimo) Outubro ou Nada.

Nota: 6,0/10,0
Status: Morno

Faixas:
      01)   + Q 1 Amigo
      02)   Prolog (vinheta)
      03)   Coisinhas Nojentas de Amor
      04)   João da Silva
      05)   Mesma Cidade
      06)   Tudo Funcionando Direito
      07)   Intervall (vinheta)
      08)   Me Deixa Desafinar
      09)   Lucinha
      10)   Eu Quero Morar em Marte
      11)   Ontem Percebi Que Te Amo Ainda
      12)   Melhores Veteranos
      13)   Sturm Und Tal (vinheta)
      14)   Eles São Assim
      15)   Epilog (vinheta)
      16)   Mesmo que Mude (Bonus)