quinta-feira, 2 de março de 2017

Fresno - A Sinfonia De Tudo Que Há (2016):



Por Davi Pascale

Os gaúchos da Fresno lançam novo álbum com participação especial de medalhão da MPB. Banda segue a trilha independente com som mais melancólico...

Tudo que faz sucesso no Brasil incomoda e vira motivo de ataques. Com a galera da Fresno não foi diferente. Se bem que nesse caso, até que dá para entender os ataques, já que foram associados à uma cena emo forjada e, graças à Deus, já afundada. O problema é que os músicos mesmos não se identificavam com aquilo – lembro de uma vez que entrevistei o Rodrigo Tavares e ouvi da boca do mesmo ‘cara, nunca usei calça rosa’ – e apresentavam um trabalho bem mais maduro do que as bandas às quais eram associadas.

Tudo bem que não precisa ser nenhum grande gênio, nem nenhum poeta para superar as canções de artistas fraquérrimos como ForFun e Strike, mas a trupe liderada pelo Lucas Silveira sempre apresentou um trabalho bem resolvido. E desde que resolveram retornar à cena independente – isso já deve estar em torno de uns 5 ou 6 anos – que os músicos vêm realizando trabalhos mais elaborados e menos comerciais. Se você ainda tem na sua cabeça, aquela imagem de banda teenager feita para tocar na MTV, sugiro dar uma escutada nos álbuns lançados de 2011 para cá. De boa, é outra banda. Claro que ninguém é obrigado a gostar de nada, mas a jogada é realmente outra. Vale dar uma conferida para entender do que se trata.

Em A Sinfonia de Tudo Que Há, os garotos trazem de volta a orquestração que haviam apresentado em Infinito (para mim, seu melhor álbum). O único senão é que as musicas diminuíram um pouco as guitarras e focaram um pouco mais nos teclados. Ok, é um diferencial, mas perde um pouco de volume.

As influências de Muse e Queens Of The Stone Age seguem firmes e fortes (não disse que a banda mudou?) e podem ser conferidas de perto em faixas “Astênia” e “A Maldição”. A mais pesada do álbum é, sem dúvidas “Axis Mundi”. Com guitarras distorcidas, o Guerra sentando a mão e orquestrações cinematográficas, deve crescer bem nos shows.

Esse álbum tem sido muito comentado porque os rapazes conseguiram um dueto com o ícone da MPB, Caetano Veloso, na faixa “Hoje Sou Trovão”. Antes que perguntem, Caetano não colaborou na construção da letra. A faixa é uma parceria entre Lucas Silveira e Thiago Guerra. Ou seja, o cantor e o baterista. Caetano apenas emprestou sua voz à canção. O que, de boa, já é um grande feito. Goste ou não de seu trabalho, trata-se de um ícone da musica brasileira e que está longe de ser um arroz de festa. Portanto, aplausos para os rapazes. Agora, de boa, o trabalho vocal dele poderia ter sido melhor explorado. Achei que sua participação poderia ter sido um pouco maior. 

“Deixa Queimar” destaca-se por trazer uma introdução esperta que foge da lógica de começar lentamente e explodir depois, fórmula bastante utilizada no disco. “Abrace Sua Sombra” traz uma atmosfera meio Coldplay em sua introdução. A influencia MPB pode ser percebida nos arranjos de violão dessa canção e também de “O Ar”.

A Sinfonia de Tudo Que Há, ainda que não seja seu melhor trabalho, é um álbum bem resolvido, maduro, com letras bem elaboradas. Se para você, rock n roll não se resume à guitarras sujas e vocais berrados, vale uma checada..

Nota: 7,5 / 10,0
Status:  Bem elaborado

Faixas:
      01)   Sexto Andar
      02)   Deixa Queimar
      03)   Hoje Sou Trovão
      04)   Poeira Estelar
      05)   O Ar
      06)   Abrace Sua Sombra
      07)   Astenia
      08)   A Sinfonia De Tudo Que Há
      09)   Axis Mundi
      10)   A Maldição 
      11)   Canção Desastrada