terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Tarja – Colours In The Dark (2013)


Por Davi Pascale

A belissima cantora finlandesa Tarja Turunen chega ao seu terceiro álbum de estúdio. Na verdade, eu o considero o quarto já que considero Breath From Heaven parte de sua discografia. Não consigo ficar distinguindo Tarja clássica da Tarja rock, para mim, é simplesmente Tarja. Mas é verdade que aqui ela dá sequência ao que começou no álbum My Winter Storm e não ao que iniciou em seu disco de Natal.

Assim que My Winter Storm chegou às lojas, o álbum gerou muitas expectativas e muitas criticas. Acredito que muitas pessoas não entenderam o disco. Já ouvi e re-ouvi diversas vezes e continuo achando um grande trabalho. A reclamação mais constante se dava por conta de um certo apelo comercial. De boa, quem acompanhou a carreira dela de perto, sabe que isso era previsível. Em praticamente todas as entrevistas, dizia que havia aprendido a gostar de heavy metal por conta da convivência com o Nightwish e que sua idola era a Sarah Brightman. E os caras queriam um álbum de heavy puro? Não há sentido! O trabalho era a cara dela: um cruzamento de heavy metal com pop e música clássica. Mais honesto, impossível.

Aqui, a formula é mantida. Outra característica que continua intacta é o fato de gravar versões inusitadas. Em My Winter Storm ela havia feito uma boa releitura de “Poison” (Alice Cooper). What Lies Beneath nos apresentou uma versão morna de “Still Of The Night” (Whitesnake) e aqui ele nos apresenta uma interessante interpretação de “Darkness” (Peter Gabriel).

Cantora entrega álbum inspirado aos ouvintes

O titulo do novo disco Colours In The Dark brinca com a idéia de que a vida possui uma grande variedade de cores, inclusive nos momentos de escuridão. Saca aquela idéia de que o branco é a ausência das cores e o preto é a junção das cores? É mais ou menos, o mesmo pensamento. Assim como em seu trabalho lançado em 2006, o CD possui arranjos variados. Seu trabalho vocal continua impressionando tanto pela versatilidade quanto pelo alcance. Sem contar que de todas as cantoras que se aventuraram nesse universo de misturar musica clássica com música pesada, ela é a que tem o timbre que mais gosto. Certamente, minha cantora favorita do gênero e uma das artistas que mais têm me chamado a atenção atualmente.

“Victim of Ritual” traz uma jogada similar à “Boy and a Ghost”. Começa com uma sonoridade cinematográfica, com Tarja cantando de uma maneira sutil até que a faixa ganhe corpo no refrão. Lembro quando a assisti na tour do My Winter Storm, o impacto que teve “Boy and a Ghost” como inicio do espetáculo. Não sei se está utilizando essa faixa como abertura de sua nova turnê, mas certamente funcionaria. Na sequência, “500 Letters”. A faixa com ar de hit. Simples, direta, mas com um refrão cativante. É ouvir uma vez e sair cantando. “Lucid Dreamer” é, na minha opinião, uma das melhores do disco. Trazendo mais uma vez aquele ar cinematográfico, com uma bonita orquestração. O trabalho vocal deixa evidente todo o domínio que possui. Emotivo e cativante. “Never Enough” traz as guitarras com maior evidencia, com uma bateria reta, nos remetendo um pouco ao What Lies Beneath. Mais uma com refrão fácil de cantar. Deve funcionar bem ao vivo. A primeira metade fecha com a enigmática ‘Mystique Voyage”. A balada traz uma bonita linha vocal, onde a letra traz uma mistura de inglês com espanhol, e é certamente mais um dos pontos altos do disco.

A segunda parte inicia com a já citada versão de “Darkness” do cantor Peter Gabriel. Funcionou bem na voz dela. “Deliverance” é mais uma das minhas prediletas. Outra daquelas que tem aquele ar de trilha sonora, que vai crescendo aos poucos... Mais uma vez, seu trabalho vocal ganha destaque. Não apenas nas vocalizações no final da faixa, mas é nítido que a moça canta com a alma. Algo raro nos dias atuais. “Neverlight” é o momento que os fãs de sua antiga banda talvez mais se identifiquem. Provavelmente o momento mais heavy do disco. “Until Silence” vem na sequência. Esse era o titulo inicial do álbum que acabou sendo modificado de ultimo momento. Na minha opinião, a mais fraquinha. Gosto da linha vocal, mas acho o arranjo sonso. Agora, o dia em que ele resolver fazer uma versão naked dessa faixa com apenas piano e voz, irá se tornar a preferida de muita gente. Não me resta duvidas. “Medusa” é a responsável por fechar o disco. Outra grande canção, mais uma daquelas baladas épicas com diferentes ambientações. A faixa é um dueto com Justin Furstenfeld. Honestamente, não conheço o trabalho do rapaz, mas o cara mandou bem. Sua participação trouxe uma dramaticidade extra, tornando a canção ainda mais encantadora. Grande final para um grande álbum.

Trabalho vocal da artista continua afiado

Certamente, Tarja Turunen irá agradar seus fieis seguidores. Essa mulher realmente mereceria uma popularidade maior. Tudo bem, é top no segmento dela. Sei disso. Mas poderia ser muito maior do que é. Bonita, carismática, com uma grande voz e um trabalho de alta qualidade, é o tipo de artista que faz a diferença nessa cena musical rasa que estamos atravessando. Não apenas está em uma ótima fase, como ainda tem muita lenha para queimar. Altamente recomendado!  

Status: Excelente
Nota: 09/10

Faixas:
      01.   Victim of Ritual
      02.   500 Letters
      03.   Lucid Dreamers
      04.   Never Enough
      05.   Mystique Voyage
      06.   Darkness
      07.   Deliverance
      08.   Neverlight
      09.   Until Silence

      10.   Medusa