quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Slash Featuring Myles Kennedy & The Conspirators – World On Fire (2014)





Por Davi Pascale

E o grupo de Slash chega ao segundo álbum... Os músicos seguem à risca a formula de Apocalyptic Love e entregam aos seus fãs um trabalho repleto de riffs ferozes e vocais gritados. Não somente mantêm o nível, como se destacam na cena com um dos grandes lançamentos do ano.

Slash nunca foi muito amigo de inovações. Sempre gostou de fazer um hard rock cru com guitarra e vocal falando alto. Foi isso que fez nos tempos de Guns n´ Roses, nos tempos de Slash´s Snakepit, nos tempos de Velvet Revolver (tudo bem, aqui o vocal era mais na manha, vai) e é isso que entrega em World of Fire. Curiosamente, seus projetos pós Guns nunca passaram de 2 álbuns, será que o Conspirators conseguirá quebrar a maldição?

O time ainda é o mesmo. O excelente Brent Fitz (Union) na bateria, o sempre seguro Todd Kerns no baixo e o sempre polêmico Myles Kennedy (Alter Bridge) nos vocais. Quanto mais o escuto, menos entendo a reclamação em cima do vocal do cara. O rapaz cria linhas vocais espetaculares, tem um bom alcance, é sem sombra de dúvidas quem mais se aproxima do universo Axl entre todos vocalistas com quem Saul Hudson trabalhou pós Guns, e neguinho fica chiando. Quem sabe um dia eu compreenda...

A similaridade com o álbum anterior não é por acaso. Várias canções nasceram na estrada, durante a excursão, nos quartos de hotéis, nas passagens de som. Foi assim com “Iris Of The Storm”, “Wicked Stone”... Algumas nasceram das gravações de Apocalyptic Love. De riffs que haviam sido criados para o tal disco, mas acabaram não sendo utilizados. Um exemplo é “Too Far Gone”. Outro exemplo é “Shadow Life”. Segundo Slash, depois de jogar esse riff fora, escreveu “You´re a Lie”. Agora, resolveu resgatá-lo.

Produtor do Alter Bridge é o mesmo do novo álbum de Slash

As letras ficaram por conta de Myles Kennedy e giram em torno de sexo, amor e até mesmo assassinato. A ideia de “30 Years to Life” surgiu depois que o cantor soube de um crime ocorrido não muito tempo atrás, onde um adolescente matou uma pessoa e pegou prisão perpétua. Myles ficou tentando imaginar como seria esse garoto refletindo sobre o acontecimento anos depois, vendo que sua vida foi desperdiçada por um ato de impulso. A faixa-título fala sobre viver o momento, fazer o que está afim, sem ficar com arrependimentos. “Withered Delilah” também tem uma perspectiva interessante. Fala sobre atrizes que são dispensadas por terem envelhecido e não possuírem mais a beleza que se espera delas. Algo, infelizmente, muito comum no universo Hollywood.

A produção ficou a cargo de Mike ‘Elvis’ Baskette. Slash resolveu convida-lo após ouvir o mais recente álbum do Alter Bridge, Fortress. O guitarrista gostou da sonoridade do disco e resolveu trabalhar com o rapaz. Mike é experiente e já produziu nomes como Stone Temple Pilots, Incubus e Puddle of Mudd. Além de já ter trabalhado com Myles, algo que deixou o Slash feliz foi o fato de Baskette saber como gravar utilizando o velho procedimento de fitas analógicas. O musico disse que se recusa a gravar com pro-tools. 

A capa ficou a cargo de Ron English, o mesmo que criou a arte do primeiro álbum solo do Slash (aquele que tinha um monte de convidados e que causou polêmica por conta da participação da Fergie, lembram-se?). O músico queria uma imagem caótica e Ron enviou uma serie de imagens que havia criado. A escolhida chamava-se Cerebral Celebration. O conceito era tentar reproduzir o que ocorre dentro do cérebro, demonstrando toda a mistura de informações que surgem do nada. World On Fire é exatamente aquilo que seus fãs esperam. Um disco pesado, empolgante e repleto de ótimas composições que tendem a crescer ainda mais nos shows. Aliás, para a alegria dos fãs brasileiros, o grupo está para retornar ao Brasil bem em breve...

Nota: 9,0/10,0
Status: álbum do ano

Faixas:
      01)   World On Fire
      02)   Shadow Life
      03)   Automatic Overdrive
      04)   Wicked Stone
      05)   30 Years to Life
      06)   Bent to Fly
      07)   Stone Blind
      08)   Too Far Gone
      09)   Beneath the Savage Sun
      10)   Withered Delilah
      11)   Battleground
      12)   Dirty Girl
      13)   Iris of the Storm
      14)   Avalon
      15)   The Dissident
      16)   Safari Inn
      17)   The Unholy