sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Sonata Arctica – Ecliptica Revisited (15th Anniversary Edition)

Por Rafael Menegueti

Sonata Arctica - Ecliptica Revisited
Dez entre dez fãs de Sonata Arctica amam o “Ecliptica”. O deput da banda lançado em 1999 é um clássico do power metal e possui algumas das faixas mais queridas dos fãs da banda finlandesa. Por isso não é de se estranhar que eles tenham decidido fazer um lançamento especial comemorativo agora, 15 anos depois de “Ecliptica” chegar às lojas.
A diferença está no modo como a banda decidiu comemorar a ocasião. Ao invés de uma edição comemorativa cheia de bônus, que provavelmente seriam demos e outras coisas velhas (mas não menos interessantes), o grupo decidiu regravar o seu primeiro trabalho completamente. O que pra alguns foi motivo de comemoração, e pra outros de preocupação.

Preocupação porque o maior medo dos fãs seria de que a banda deformasse suas canções. Isso porque a sonoridade do Sonata mudou muito com o tempo. As levadas aceleradas dos primeiros trabalhos deram lugar a uma sonoridade mais cadenciada, melodias com arranjos sinfônicos e referencias a hard rock. Mas posso garantir que a banda buscou máxima fidelidade às estruturas originais do seu disco. O que não significa que ele tenha ficado igual, senão qual seria o ponto de regravá-lo?

A grande diferença entre a versão original e essa regravação esteja na ênfase das músicas. A banda buscou trazer suas canções para a atualidade, ajustando ao modo como elas soariam hoje, com o line-up atual da banda. Logo de cara, ao ouvir o começo de 
“Black File”, podemos ter uma ideia de como eles trataram com seriedade essa ideia. A faixa mantem a mesma pegada, mas com uma produção totalmente moderna e mais encorpada, como seria de se imaginar. Comentários iniciais de alguns fãs ao ouvirem os trechos disponibizados pela banda antes do lançamento criticavam a sonoridade dizendo que parecia faltar a paixão que os músicos demonstravam na gravação original. Discordo totalmente. Ela está lá, uma emoção que podemos sentir pelo carinho como as músicas foram tratadas.

Os Finlandeses do Sonata Arctica
Os pontos altos do disco são faixas que sempre estiveram no gosto dos fãs e que receberam versões dignas aqui, como “My Land”, “Kingdom for a Heart” e “Full Moon”. “Replica” também ficou bem empolgante. A bela balada “Letter to Dana” ganhou mais peso, e está menos arrastada, mas foi uma das poucas que achei inferior a versão original, embora ainda esteja legal. Talvez tivesse sido interessante um arranjo acústico, como o que eles costumam fazer ao vivo, e ficou registrado no DVD “Live In Finland”.

O disco tem como bônus uma cover do clássico “I Can´t Dance” do Genesis (muito bacana por sinal), e na edição japonesa uma regravação de “I´m Haunted”, faixa anterior a esse disco. Só senti falta de “Mary-Lou”, faixa bônus da versão japonesa do original, mas que também entrou nas edições regulares da remasterização lançada em 2008. Mas tudo bem. Um lançamento digno para homenagear um grande disco.

Nota: 8/10
Status: nostálgico

Faixas:
1. Blank File
2. My Land
3. 8th Commandment
4. Replica
5. Kingdom For A Heart
6. Fullmoon
7. Letter To Dana
8. UnOpened
9. Picturing The Past
10. Destruction Preventer

Bonus:
11. I´m Haunted (versão japonesa)

12. I Can’t Dance (Genesis cover)

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Slash Featuring Myles Kennedy & The Conspirators – World On Fire (2014)





Por Davi Pascale

E o grupo de Slash chega ao segundo álbum... Os músicos seguem à risca a formula de Apocalyptic Love e entregam aos seus fãs um trabalho repleto de riffs ferozes e vocais gritados. Não somente mantêm o nível, como se destacam na cena com um dos grandes lançamentos do ano.

Slash nunca foi muito amigo de inovações. Sempre gostou de fazer um hard rock cru com guitarra e vocal falando alto. Foi isso que fez nos tempos de Guns n´ Roses, nos tempos de Slash´s Snakepit, nos tempos de Velvet Revolver (tudo bem, aqui o vocal era mais na manha, vai) e é isso que entrega em World of Fire. Curiosamente, seus projetos pós Guns nunca passaram de 2 álbuns, será que o Conspirators conseguirá quebrar a maldição?

O time ainda é o mesmo. O excelente Brent Fitz (Union) na bateria, o sempre seguro Todd Kerns no baixo e o sempre polêmico Myles Kennedy (Alter Bridge) nos vocais. Quanto mais o escuto, menos entendo a reclamação em cima do vocal do cara. O rapaz cria linhas vocais espetaculares, tem um bom alcance, é sem sombra de dúvidas quem mais se aproxima do universo Axl entre todos vocalistas com quem Saul Hudson trabalhou pós Guns, e neguinho fica chiando. Quem sabe um dia eu compreenda...

A similaridade com o álbum anterior não é por acaso. Várias canções nasceram na estrada, durante a excursão, nos quartos de hotéis, nas passagens de som. Foi assim com “Iris Of The Storm”, “Wicked Stone”... Algumas nasceram das gravações de Apocalyptic Love. De riffs que haviam sido criados para o tal disco, mas acabaram não sendo utilizados. Um exemplo é “Too Far Gone”. Outro exemplo é “Shadow Life”. Segundo Slash, depois de jogar esse riff fora, escreveu “You´re a Lie”. Agora, resolveu resgatá-lo.

Produtor do Alter Bridge é o mesmo do novo álbum de Slash

As letras ficaram por conta de Myles Kennedy e giram em torno de sexo, amor e até mesmo assassinato. A ideia de “30 Years to Life” surgiu depois que o cantor soube de um crime ocorrido não muito tempo atrás, onde um adolescente matou uma pessoa e pegou prisão perpétua. Myles ficou tentando imaginar como seria esse garoto refletindo sobre o acontecimento anos depois, vendo que sua vida foi desperdiçada por um ato de impulso. A faixa-título fala sobre viver o momento, fazer o que está afim, sem ficar com arrependimentos. “Withered Delilah” também tem uma perspectiva interessante. Fala sobre atrizes que são dispensadas por terem envelhecido e não possuírem mais a beleza que se espera delas. Algo, infelizmente, muito comum no universo Hollywood.

A produção ficou a cargo de Mike ‘Elvis’ Baskette. Slash resolveu convida-lo após ouvir o mais recente álbum do Alter Bridge, Fortress. O guitarrista gostou da sonoridade do disco e resolveu trabalhar com o rapaz. Mike é experiente e já produziu nomes como Stone Temple Pilots, Incubus e Puddle of Mudd. Além de já ter trabalhado com Myles, algo que deixou o Slash feliz foi o fato de Baskette saber como gravar utilizando o velho procedimento de fitas analógicas. O musico disse que se recusa a gravar com pro-tools. 

A capa ficou a cargo de Ron English, o mesmo que criou a arte do primeiro álbum solo do Slash (aquele que tinha um monte de convidados e que causou polêmica por conta da participação da Fergie, lembram-se?). O músico queria uma imagem caótica e Ron enviou uma serie de imagens que havia criado. A escolhida chamava-se Cerebral Celebration. O conceito era tentar reproduzir o que ocorre dentro do cérebro, demonstrando toda a mistura de informações que surgem do nada. World On Fire é exatamente aquilo que seus fãs esperam. Um disco pesado, empolgante e repleto de ótimas composições que tendem a crescer ainda mais nos shows. Aliás, para a alegria dos fãs brasileiros, o grupo está para retornar ao Brasil bem em breve...

Nota: 9,0/10,0
Status: álbum do ano

Faixas:
      01)   World On Fire
      02)   Shadow Life
      03)   Automatic Overdrive
      04)   Wicked Stone
      05)   30 Years to Life
      06)   Bent to Fly
      07)   Stone Blind
      08)   Too Far Gone
      09)   Beneath the Savage Sun
      10)   Withered Delilah
      11)   Battleground
      12)   Dirty Girl
      13)   Iris of the Storm
      14)   Avalon
      15)   The Dissident
      16)   Safari Inn
      17)   The Unholy

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Sepultura & Tambour du Bronx – Metal Veins: Alive At Rock In Rio (2014)





Por Davi Pascale

Acaba de chegar às lojas brasileiras a apresentação que o grupo mineiro Sepultura realizou na quinta edição do festival Rock In Rio. Essa foi a quarta vez que se apresentaram na versão brasileira do festival e a segunda ao lado do grupo francês Les Tambour du Bronx. Lançado em CD e DVD, a apresentação traz os rapazes se arriscando em um novo caminho em uma performance contagiante.

Uma das maiores dificuldades que existe para um grupo é se manter relevante durante os anos. E a história piora um pouquinho se for um artista de heavy metal. Muitas vezes, para que consigam atravessar gerações no topo, é necessário alterações no som e, até mesmo, na imagem. Metallica é um bom exemplo. E o público headbanger costuma ser altamente conservador. Qualquer pequena mudança é o suficiente para que seus fãs tachem o artista de vendido e virem as costas. Mais uma vez, Metallica é um bom exemplo.

Comecei a acompanhar o grupo ainda criança. Mais precisamente na época do Arise. Sendo assim, tenho enorme carinho pela fase Max. Contudo, não dá para dizer que a banda acabou após a saída de Max, nem após a saída de Iggor. Embora os irmãos Cavalera tenham enorme respeito (com razão) do público e da imprensa e durante um bom tempo tenham sido vistos como as figuras principais da banda, o guitarrista Andreas Kisser tornou-se um nome importante no grupo no decorrer dos anos. Além disso, foi inteligente o suficiente para transformar seu nome em uma marca quase tão forte quanto o nome da banda, o que ajuda a manterem o interesse nas novas propostas do grupo. Derrick Green foi outro que marcou território e conquistou inúmeros fãs.

Sepultura entrega apresentação pesada, contagiante e com poucos clássicos

Na edição de 2011, haviam demonstrado pela primeira vez a inusitada parceria. Participando do Palco Sunset, causaram estardalhaço nas redes sociais, onde os fãs demonstravam indignação em presenciarem o maior nome do metal brasileiro apresentando-se em um palco secundário, enquanto um grupo menor (porém competente) como o Gloria apresentava-se no palco principal. Andreas explicou depois que havia sido uma opção deles já que o tal palco era uma abertura para experimentações e queriam fazer algo diferente. Ainda acho que com o Sepultura caindo fora, a oportunidade deveria ter sido dada ao Korzus, mas voltando... A parceria foi bem falada e os caras resolveram fazer uma nova apresentação para que pudessem registrar o acontecimento. Nada melhor do que no festival onde tudo começou. E agora no Palco Mundo...

Gravado em 19 de Setembro, quando dividiam o palco com o Metallica, o quarteto subiu ao palco ao lado de 16 percussionistas para demonstrar o porquê que seu heavy metal cruzou fronteiras e ganhou respeito fora do país. Os músicos demonstravam a energia e o profissionalismo de sempre em um set que durou aproximadamente 1 hora. No repertório, canções do Tambour du Bronx, canções do Sepultura e um cover do Prodigy. Quando o metal industrial estava em seu age na década de 90, muitos troos torceram o nariz para o gênero. Agora tiveram que aturar um de seus ídolos interpretando uma canção daqueles que os xiitas tanto adoravam falar mal. É meus amigos, o mundo dá voltas. O Sepultura trouxe 7 canções de sua respeitável discografia. 4 da fase Max e 3 da fase Derrick. Como já deu para notar, não é um show calcado nos classicões, embora alguns deles estejam presentes. 

Eloy Casagrande demonstra ser um ótimo músico, mas sua bateria é mais reta e possui menos viradas do que as de Iggor Cavalera. Andreas também se destaca com sua guitarra criativa em uma performance extremamente segura. As percussões dos franceses funcionou legal. Deu uma encorpada na música. Deu uma cara meio Slipknot (outra banda que a galera adora criticar). Não sei como são as canções originais do Tambour du Bronx, mas com os arranjos apresentados aqui, não distorceram do restante do set. Dentre essas, minha favorita é “Delirium”. O show é intrigante. Os caras fizeram uma apresentação pesada, utilizando-se de novos elementos, mas sem deixar de ser o velho Sepultura. Tarefa para poucos. Nessa mesma edição, rolou uma apresentação (não menos polêmica) ao lado do músico Zé Ramalho. Será que esse registro chegará às lojas também? Tomara que sim...

Nota: 9,0 / 10,0
Status: Profissional e empolgante

Faixas:
      01)   Kaiowas
      02)   Spectrum
      03)   Refuse/Resist
      04)   Sepulnation
      05)   Delirium
      06)   Fever
      07)   We´ve Lost You
      08)   Firestarter
      09)   Requiem
      10)   Structure Violence
      11)   Territory
      12)   Big Hands
      13)   Roots Bloody Roots