Por
Rafael Menegueti
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Shining - International Blackjazz Society |
A banda norueguesa de metal avant-guard Shining lançou
seu novo disco, “International Blackjazz Society”, o sétimo de sua carreira,
dando mais um passo adiante em sua inovadora proposta. Quem viu a resenha do
seu antecessor, “One One One” (2013), aqui no blog (link aqui) deve saber sobre
a historia da banda, de sua origem no jazz fusion e evolução que foi caminhando
rumo ao metal a cada lançamento, até que em 2010, como o disco “Blackjazz” eles
assentaram nesse novo estilo.
Em “One One One”, a banda teve uma forte influencia do
metal industrial, criando musicas com estruturas bem complexas e uma
agressividade muitas vezes caótica. O vocalista/guitarrista/saxofonista Jørgen Munkeby criava o clima
com seus vocais gritados em grande parte do tempo e incrementava as canções com
seus solos de saxofone, uma das marcas da banda. Em “International Blackjazz
Society” a banda usa uma abordagem um pouco diferente, onde o sax tem mais
protagonismo, e as canções estão menos caóticas.
Isso não significa que não haja mais a agressividade dos
trabalhos mais recentes. O flerte com o metal industrial ainda é forte, e
Munkeby grita a palavra “fuck” por todo o disco como se estivesse em um filme do Tarantino. A estrutura das músicas não está tão complexa dessa vez. Alguns
dos riffs e passagens são bem mais tradicionais e deixam as faixas bem mais fáceis
de digerir. O trabalho dos vocais de Munkeby também está bem mais limpo em muitos
momentos, facilitando até na compreensão das letras.
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Alguns dos membros do Shining durante gravação do vídeo de "Last Day" |
O lado jazz da banda também recebeu mais ênfase nesse
disco. Os solos de saxofone não ficam limitados aos momentos de pontes e exercem
papel fundamental no meio das composições como um todo. A bateria extremamente
técnica de Tobias Ørnes Andersen tem fortes traços do estilo, ditando o ritmo
com ao lado do baixo, agora tocado por Ole Vistnes (Tristania), e criando uma
boa base que sustenta as diversas sonoridades da banda. Os arranjos de
sintetizador e teclado completam o quadro sonoro que a banda cria.
Como eu já disse, esse disco é bem mais acessível do que
seu antecessor. É fácil encontrar composições bem mais diversificadas e
interessantes, como a bem estruturada “The Last Stand”, a agitada “Burn It All”
e a jam instrumental que une perfeitamente os lados jazz e rock da banda de “House
of Warship”. Destaco como as melhores do álbum o single “Last Day”, “Thousand
Eyes”, com um ritmo de stoner metal de tirar o folego, e “House of Control”,
que possui uma sonoridade industrial mais radiofônica e moderna. O encerramento
com “Need” trata de fechar o disco com uma energia que define bem o som da
banda.
Se em seus trabalhos anteriores a banda já havia provado
um potencial e competência em criar um estilo único, em “International
Blackjazz Society” a banda trata de
colocar tudo num casulo junto de todas as outras referencias musicais que a
banda carregou em si ao longo dos anos. Como o seu próprio estilo avant-guard
sugere, a banda parece estar à frente de seu tempo, mas dessa vez mostrando incrivelmente
como pode relacionar elementos de gêneros já consagrados como o rock
industrial, free jazz, metal alternativo, progressivo e experimental. Uma ótima
banda para quem gosta de novas experiências sonoras, com um disco que merece
atenção por isso.
Nota: 9,5/10
Status: insano e inovador
Faixas:
01. Admittance
02. The Last Stand
03. Burn It All
04. Last Day
05. Thousand Eyes
06. House Of Warship
07. House Of Control
08. Church Of Endurance
09. Need