quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Metal Allegiance – Metal Allegiance (2015)

Por Rafael Menegueti

Metal Allegiance
Essa parece ser uma época em que os supergrupos estão na moda. Teenage Time Killers e Hollywood Vampires já lançaram seus discos esse ano. E agora é a vez do Metal Allegiance. A princípio pode parecer só mais uma reunião de músicos famosos, como já vinha ocorrendo com o “Metal All Stars”, que saem em turnê tocando velhos clássicos e enchendo shows com a atenção que chamam. Mas aqui vemos um nível maior de dedicação que vai alem dessa ideia.

A base da banda é formada por três músicos excepcionais: o baterista Mike Portnoy, o guitarrista do Testament, Alex Skolnick, e o baixista do Megadeth, David Ellefson. O grupo começou fazendo vários shows com diversos convidados tocando covers de sucessos do metal (aquilo que eu já havia comentado pouco acima), mas eles não se limitaram a isso ao entrar em estúdio. Com a ajuda do compositor Mark Menghi, o grupo criou músicas próprias, e deu vida a elas acompanhados de uma verdadeira legião de grandes nomes do metal.

Só pra adiantar alguns nomes, temos Steve “Zetro” Souza (Exodus), Phil Anselmo, Chuck Billy (Testament), Matt Heafy (Trivium), Randy Blythe (Lamb of God), Cristina Scabbia (Lacuna Coil) e Alissa White-Gluz (Arch Enemy), entre outros, fazendo os vocais. Alguns guitarristas consagrados também emprestam seu talento nas músicas, como Andreas Kisser (Sepultura), Gary Holt (Exodus e Slayer) e Bumblefoot (ex-Guns ‘N Roses).

Logo de cara o disco abre com uma porrada comandada pelos vocais rasgados de Randy Blythe. “Gift of Pain” é uma faixa que encaixou muito bem na voz dele, o que é algo que pareceu ser pensado em todo o disco. As faixas tem um estilo claramente voltado ao groove e thrash metal, mas em cada uma das canções é possível perceber como elas são moldadas para serem compatíveis com cada um dos vocalistas que as interpretam.

Troy Sanders é quem canta em “Let Darkness Fall”, uma faixa que poderia facilmente entrar no repertorio do seu Mastodon, e que tem um belo solo de guitarra espanhola. Outra que soa bem apropriada é“Can’t Kill The Devil”, com Chuck Billy do Testament, um thrash digno dos melhores tempos do gênero nos anos 90. Já “Dying Song” é um som mais arrastado, que traz Phil Anselmo com um vocal mais limpo no início e mais agressivo a partir do meio, e é a primeira participação de Andreas Kisser na guitarra no álbum.

Menghi, Portney, Skolnick e Ellefson são os nomes por trás do projeto
O disco ganha um ar de metal moderno em faixas como “Destination: Nowhere”, que tem Matt Heafy do Trivium nos vocais, e “Wait Until Tomorrow”, que apresenta a interessante dobradinha entre Doug Pinnick (King’s X) e Jamey Jasta (Hatebreed). A primeira mostra bem a capacidade de Matt como vocalista, que deixou de lado os gritos e trouxe um estilo mais limpo. Já a segunda tem um bom contraste entre as épocas, sendo Doug mais antigo e Jamey mais atual. Outro dueto interessante fica por conta de “Scars”, que une Mark Osegueda (Death Angel) e a italiana Cristina Scabbia. A faixa é bem diferente daquilo que a cantora apresenta em sua banda, mas funcionou bem com Mark sendo o alicerce dos versos e ela levantando a faixa no refrão e ponte. Mark ainda volta em “Pledge of Allegiance”.

A única canção instrumental do disco é “Triangulum”, que ao longo de seus mais de sete minutos parece buscar a perfeita combinação do estilo clássico com o moderno, inserindo vários estilos em riffs e solos de guitarras combinando nomes como Phil Demmel (Machine Head), Bumblefoot, Matt Heafy, Ben Wienman e Charlie Benante. E pra encerrar, uma ótima homenagem a Ronnie James Dio, com uma cover de “We Rock” contando com vários vocalistas. A maioria aparece apenas nessa faixa, como Alissa White-Gluz, Chris Jericho, Steve “Zetro” Souza, e Tim “Ripper” Owens. Ainda tem solos de guitarra de Phil Demmel e Andreas Kisser. Um belo modo de encerrar o disco.

“Metal Allegiance” é um supergrupo que não celebra apenas o metal, como se pode imaginar. Ele mostra um pouco de sua evolução e riqueza, unindo gerações de músicos e vertentes. As composições não são apenas para preencher o trabalho, elas são independentes e bem elaboradas, tendo cada uma suas próprias virtudes. É um disco de metal preciso e sério, e ao mesmo tempo divertido e despretensioso. Todo fã do estilo precisa conferir essa ótima ideia.



Nota: 9/10
Status: Empolgante

Faixas:
01. Gift Of Pain
02. Let Darkness Fall
03. Can't Kill The Devil
04. Dying Song
05. Scars
06. Destination: Nowhere
07. Wait Until Tomorrow
08. Triangulum (I. Creation ;II. Evolution ;III. Destruction)
09. Pledge Of Allegiance
10. We Rock (Dio Cover)