quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Pastore – Phoenix Rising (2017):



Por Davi Pascale

Mario Pastore é considerado uma das grandes vozes da cena metálica brasileira. Na verdade, sua carreira é muito mais longínqua do que a galera imagina. O primeiro álbum registrado pelo rapaz foi o Biometric Genesis, da banda Acid Storm, lá por 1991, 1992. De lá para cá, manteve-se na ativa, gravando com diversos grupos e projetos, até que conseguiu finalmente se firmar com o Pastore. Uma espécie de carreira-solo.

O trabalho anterior, The End Of Our Flames, trouxe alguns conflitos internos e o músico precisou se recompor para criar o terceiro capítulo da saga. Phoenix Rising não traz uma banda fixa. Embora o encarte traga em destaque os retratos de Ricardo Baptista, Marcio Eidt e Marcelo de Paiva Berno, as faixas foram gravadas com diferentes formações. Sim, essa rapaziada participou da gravação do álbum, mas há outros nomes envolvidos.

Embora conte com diversos convidados, o trabalho não soa desconexo. Muito pelo contrário, não apenas soa consistente do início ao fim, como é facilmente um dos melhores trabalhos nacionais que ouvi na cena heavy nos últimos anos. Sem brincadeira.

A capa do álbum tem um ‘q’ de Primal Fear. Aliás, o visual de Mário Pastore também. Muitos se referem à ele como o Ralf Scheepers brasileiro e não é atoa. Realmente, o visual é bem similar. A pegada aqui é power metal de primeira qualidade. Som pesado, vocal gritado, gravação acima da média dos padrões brasileiros.

“Phoenix Rising” abre o CD com uma pegada bem Judas Priest. Inclusive, nos trabalhos vocais. Pastore apresenta uns agudos bem na onda do Rob Halford. Se quiserem citar o Primal Fear, já que a galera gosta tanto da comparação, também vale. Vamos ser honestos, os alemães também bebem bastante na fonte do Priest.



Recentemente, o cantor lançou um projeto intitulado Powerfull, onde deixa claro seu amor pelo Iron Maiden. Esse lado aparece aqui, com clareza, na linha vocal do refrão de “Damn Proud” e nos versos de “Salvation Paradise”. Nítida, a influência de (Bruce) Dickinson.

Embora Mario seja notoriamente o cabeça do projeto, vale destacar os ótimos trabalhos de guitarra e de bateria que ajudam a tornar o trabalho empolgante. Os arranjos estão não apenas muito bem executados, mas muito bem construídos, mesclando momentos velozes com momentos cadenciados, mudanças de andamento... Enfim, tudo aquilo que esperamos dentro do gênero e que nem todo mundo tem competência para fazer direito.

“Holy War” e, especialmente, “Fire and Ice” estão entre os grandes destaques do álbum. Entretanto, uma que gostaria de chamar a atenção é a faixa “No More Lies” onde temos o cantor saindo um pouco do seu estilo habitual e apresentando uma linha vocal claramente inspirada em Ronnie James Dio.  

Durante muito tempo, a cena metálica brasileira ficou restrita à uma meia dúzia de nomes que dominavam o circuito. Tudo bem, os caras realmente eram – e continuam sendo – feras, mas quanto mais nomes se destacando tivermos, mais forte a cena será. Realmente, muito bacana vermos tantas bandas crescendo nos últimos anos e apresentando trabalhos de altíssimo nível. Se você está por fora do que anda rolando na cena metálica brasileira, aqui está uma ótima porta de entrada. Nos próximos dias, estarei escrevendo sobre mais alguns trabalhos que me chamaram a atenção. Quem curte metal, fique atento. 

Ah... E aos colecionadores de plantão, vale correr atrás da versão japonesa que conta com uma faixa bônus. Uma versão para “Lightning Strikes Again” do Dokken, com a participação especialíssima de Edu Ardanuy (Dr. Sin), um dos melhores guitarristas do Brasil. Fica a dica!

Nota: 9,0 / 10,0

Faixas:
01)   Phoenix Rising
      02)   Damn Proud
      03)   Symphony of Fear
      04)   March of War
      05)   No More Lies
      06)   Salvation Paradise
      07)   I Need More
      08)   Holy War
      09)   Time Goes By
      10)   Get Outta My Way 
      11)   Fire And Ice