domingo, 6 de setembro de 2015

Iron Maiden – The Book of Souls (2015):



Por Davi Pascale

Um dos grupos mais amados da história do heavy metal chega à seu décimo-sexto álbum. Apesar da capa, disco coloca a donzela de ferro de volta ao seu velho posto.

O retorno de Bruce Dickinson e Adrian Smith em 1999 colocou o Iron Maiden de volta nos trilhos. O primeiro álbum pós-retorno, Brave New World, demonstrava que o grupo ainda tinha muita lenha para queimar. Infelizmente, os três trabalhos seguintes não conseguiram manter o nível. É verdade que Dance of Death, A Matter of Life And Death e Final Frontier não são trabalhos ruins e possuem ótimos momentos, mas tendo conhecimento do potencial dos músicos, diria que deixaram a desejar. Não em relação à execução, sempre foram ótimos músicos, mas em relação à composição mesmo.  

Como era de se esperar, o disco vem causando comoção na internet. Fãs apaixonados postam à todo momento a felicidade que sentiram ao escutar e adquirir o novo álbum do Maiden. Parte disso, certamente gira em torno do fanatismo que o sexteto exerce. Seus fãs consideram a banda uma religião. Parte, devido à um alívio. Em tempos passados, os músicos haviam dito que se sentiriam realizados quando atingissem a marca de quinze discos gravados. E essa marca foi atingida no trabalho anterior. Teve ainda o câncer do Bruce Dickinson que abalou fãs do mundo inteiro, onde me incluo.

Disco traz melhores composições do Maiden em anos

É verdade que muitas características foram mantidas. As músicas longas predominando o álbum, as twin guitars, o baixo dedilhado. Todos esses fatores estão presentes no novo álbum, mas trouxeram algumas novidades também. Uma reaproximação da sonoridade oitentista e a presença de piano em “Empire Of The Clouds” talvez sejam os maiores destaques desse novo álbum. Claro que você vai ouvir neguinho dizendo que esse é o melhor trabalho desde Seventh Son Of a Seventh Son. Toda vez que o Maiden solta um álbum, dizem isso. Já adianto, não é. Mas certamente é o melhor trabalho desde Brave New World

O álbum começa incrivelmente bem, nos remetendo aos tempos de ouro da donzela. As 4 primeiras músicas são espetaculares e estão entre as melhores composições que o grupo criou nos ultimos quinze anos. "If Eterniy Should Fail" abre o álbum com uma levada que nos remete à "The Ghost of Navigator". Dona de um refrão memorável, tem de tudo para se tornar um novo clássico do grupo. "Speed of Light" vem na sequencia e, até o momento, é a mais conhecida do novo disco. É a tal música de trabalho que vazou antes da hora. A faixa tem uma pegada mais hard rock, com uma aura 80´s que há tanto tempo seus fãs desejavam. Um disco do Maiden não seria um disco do Maiden sem uma canção que começa lenta para explodir depois, muitas vezes contando com um baixo dedilhado no início. Esse é o caso de "The Great Unknow" e "The Red and The Black". Essas duas contam com a mesma fórmula dos 4 últimos discos, mas são muito mais empolgantes do que vinham apresentando nos ultimos tempos.  A boa "When The River Run Deeps" volta à dar uma animada. O disco cai um pouco de nível com a mediana "The Book of Souls".

Bruce Dickinson continua com a voz intacta

Algo que acredito que tenha ajudado o disco voltar à soar como o velho Maiden seja o chefe Steve Harris ter cedido espaço para que os outros integrantes colaborassem na composição. Isso fez com que algumas novidades fossem adicionadas à velha fórmula e deixasse com um sabor mais especial. "Death Or Glory" abre o segundo disco. Assim como "Speed of Light" traz uma sonoridade mais direta, mais oitentista e se destaca no álbum. "Shadows Of The Valley" invoca "Wasted Years" em sua introdução. A boa "Tears of a Clown" presta homenagem ao falecido ator Robin Williams, enquanto a sonsa "The Man of Sorrows" poderia ter sido deixada de fora. No final do disco, o Maiden brinca de Dream Theater e resolve compor uma faixa prog com 18 minutos de duração. Brincadeiras à parte, "Empire Of The Clouds" é acima da média e agradará seus seguidores já que consta com todos os elementos típicos do Maiden dentro dela.

A qualidade de gravação, como não poderia deixar de ser, é impecável. Bruce Dickinson continua com o gogó intacto. The Book Of Souls pode não estar no mesmo nível que Piece of Mind, Powerslave ou The Number Of The Beast (e não está), mas é, ao lado de Brave New World, um dos melhores trabalhos que fizeram após a saída de Bruce. Se você deixou de acompanhar o grupo em algum momento, vale dar uma nova chance aos rapazes. Se você faz parte do clube dos fieis que acompanha os músicos desde que se conhece por gente, pode comprar sem medo, que irá delirar. Maiden voltou a ser o Maiden. Espero que mantenham o nivel daqui em diante.

Nota: 8,0/10,0
Status: Excelente

Faixas:
CD 1:
01) If Eternity Should Fail
02) Speed of Light
03) The Great Unknow
04) The Red And The Black
05) The River Runs Deep
06) The Book of Souls

CD 2:
01) Death or Glory
02) Shadows of the Valley
03) Tears of a Clown
04) The Man of Sorrows
05) Empire of The Clouds