sábado, 28 de outubro de 2017

Liam Gallagher – As You Were (2017):



Por Davi Pascale

O sempre problemático Liam Gallagher acaba de soltar seu primeiro álbum solo e garante que se não vender bem, não irá gravar mais. O garoto voltou com seu estilo fanfarrão de sempre. Cara de enfezado, dizendo bobagens na mídia. A que marca o retorno do garoto enxaqueca é uma declaração que deu à revista Magnet dizendo que: “o som da guitarra de Brian May soa como se ele tivesse enfiado ela no traseiro” e ainda que se sente ofendido em ser associado ao Britpop, uma vez que ele fazia rock e não um popzinho alegre estúpido...

É... O Cartman do rock n roll realmente é bom de marketing. Depois dessa entrevista, seu nome voltou a ficar falado como nunca, mas o que esperar de seu novo álbum? Embora goste de se dar um valor maior ao que tem, não dá para negar que o menino é talentoso. Bom cantor, timbre característico, carismático e bom compositor. Sua estreia solo (duvido que ele vá parar, independente de vendas) é bem interessante.

Somente um ponto ficou latejando na minha cabeça. Pro cara dar uma declaração como essa sobre o lendário Brian May (Queen), esperava um disco com bastante guitarra, um pouco de distorção, como acontecia nos primeiros álbuns do Oasis (Definitely Maybe e What´s The Story Morning Glory) e esse é um dos pontos baixos do álbum. Faltou volume nas guitarras. Sinto Liam, mas esse é seu álbum mais pop.


Liam Gallagher chega à seu primeiro álbum solo

“Wall of Sound” inicia com uma gaita e uma guitarra em crescente, mas assim que a música explode, a bateria repleta de efeitos eletrônicos passa a ser o foco principal da canção. Há mais espaço para violões e pianos do que para as guitarras. A exceção talvez seja “I Get By”. O que faz com que a situação não fique feia para o Joselito da Inglaterra é que o repertório é bom.

“Bold” e “For What It´s Worth” são as famosas baladas beatle que o garoto sempre gostou de fazer. Essa última poderia ter sido gravada, inclusive, por sua ex banda. Outro momento que trará uma certa nostalgia aos fãs do Oasis é o refrão de “Greedy Soul”. Mais uma canção pop com direito às velhas palmas.  Os grandes destaques, contudo, ficam por conta de “Come Back To Me” e “You Better Run”, onde apresenta uma letra com diversas referências à Beatles, Stones e Hendrix.

A fórmula é a que vem usando desde sempre. Canções calcadas em boas melodias, refrão bem construído e influência do rock britânico dos anos 60 transpirando nos alto falantes. Não tão experimental quanto o Primal Scream, não tão alegre quanto o Blur, não tão rock n roll quanto o Oasis, mas com uma produção de primeira, As You Were é um trabalho bacana que mostra um bom início de uma nova fase. Vá em frente, Liam. A nova fase promete. Só tome cuidado para não ficar dizendo muita bobagem por aí. Se o senhor continuar assim, te recomendarei para ser comentarista da Multishow. Não diga que não te avisei.

Nota: 8,0 / 10,0
Faixas:
      01)   Wall of Glass
      02)   Bold
      03)   Greedy Soul
      04)   Paper Crown 
      05)   For What It´s Worth
      06)   When I´m In Need
      07)   You Better Run
      08)   I Get By
      09)   Chinatown
      10)   Come Back To Me
      11)   Universal Gleam
      12)   I´ve All I Need

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Robert Plant – Carry Fire (2017):



Por Davi Pascale

O lendário Robert Plant volta a atacar, mais uma vez acompanhando da ótima The Sensational Space Shifters. Seu novo álbum é um trabalho calmo, melancólico, repleto de influências folk, de música indiana, que o cantor tanto gosta, e com um flerte com a eletrônica. Ainda não foi dessa vez que o cantor voltou ao rock pesado. Portanto, se você não está acostumado com os trabalhos mais recentes do músico, vá com calma...

Há quem ache que o cantor amadureceu desde Dreamland. Há quem ache que seus discos se tornaram sem sal desde então. Embora goste dos trabalhos que vem lançando, confesso que ainda gosto mais da sonoridade que praticava em álbuns como Now And Zen e Manic Nirvana. Até por conta de seu glorioso passado, ainda fico esperando momentos mais rock n roll que quase nunca chegam. Sinto falta de encontrar alguns sons no pique de “Hurting Kind” ou “Tall Cool One”, por exemplo.

Um ponto a favor é que Plant soube envelhecer enquanto vocalista. Ele não fica esgoelando a voz para tentar atingir tons que dificilmente conseguiria subir em uma apresentação ao vivo. Ao invés disso, mudou seu estilo de cantar, se mantendo em uma região mais baixa. E nos shows, muda os arranjos das velhas canções. Já faz um tempo que ele vem fazendo isso. E a lógica se mantém por aqui. O trabalho vocal, conforme era de se esperar, está excelente.

Não há dúvidas em relação à qualidade do álbum. Trabalho vocal muito bem feito. Mesmo! Produção impecável, músicos de primeiro time. Contudo, esse é um álbum recomendado para aquelas pessoas que adoram trabalhos como Mighty Rearrenger ou Lullaby... And The Ceaseless Roar. Se esses são seus discos preferidos de Plant, vá sem medo. Não é o meu caso...



O início do CD é, sem dúvidas, onde estão os melhores momentos. “The May Queen” remete à sonoridade praticada em No Quarter (brilhante álbum que realizou ao lado de seu velho parceiro Jimmy Page nos anos 90). “Season´s Song” é uma bonita e cativante balada. “New World” é um dos poucos momentos onde a guitarra dá a tônica da canção. O outro momento onde a guitarra ganha um pouco de destaque é a mediana “Bones of Saints”.

Em “Keep It Hid” e “A Way With Worlds”, o cantor adiciona elementos eletrônicos por trás do arranjo. Não sou contra a modernidade e nem tenho problema com esses tipos de experimentações, mas não gostei do resultado final. Entre as duas, a melancólica “A Way With Worlds” é a melhor.

Outro momento digno de nota é sua versão de “Bluebirds Over The Mountain”, uma velha canção do cantor de rockabilly Ersel Hickey. Uma faixa que, embora tenha sido regravada ao longo dos anos por artistas do calibre de Ritchie Valens e Beach Boys, permaneceu na obscuridade. Não é novidade a admiração do músico pelo som dos anos 50. Quem não se lembra dos Honey Drippers? Foi interessante notar como ele desmontou a canção e transformou em algo totalmente diferente.

Em resumo, Carry Fire é um trabalho bonito, com altos e baixos, mas não me causou essa impressão que a mídia vem pintando, de ser uma obra-prima, de ser o álbum do ano, etc. Um bom disco, que nos sacia a vontade de ouvir algo novo de Plant, que nos pinta um sorriso no rosto em alguns momentos, mas que também nos deixa um gostinho de ‘quero mais’...

Nota: 7,0 / 10,0

Faixas:
      01)   The May Queen
      02)   New World 
      03)   Season´s Song
      04)   Dance With You Tonight
      05)   Carving Up The World Again... A Wall Not a Fence
      06)   A Way With Words
      07)   Carry Fire 
      08)   Bones of Saints
      09)   Keep It Hid
      10)   Bluebirds Over The Mountain
      11)   Heaven Sent

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Foo Fighters – Concrete And Gold (2017):



Por Davi Pascale

A galera do Foo Fighters acaba de soltar um novo álbum de inéditas. O primeiro desde Sonic Highways (2014). Como era de se esperar, a expectativa é enorme. Pelo menos, de minha parte. Considero esses caras uma das melhores bandas que temos atualmente. Não no quesito técnica (embora considere Taylor Hawkins fera), mas no quesito composição.

Algo que sinto falta nas bandas atuais é ter aquela musica que fique na sua cabeça, que do nada você se pega cantando pelos corredores de sua casa. Bandas como Foo Fighters e Pearl Jam têm isso. Dave Grohl pode não ter a melhor voz do planeta Terra, mas é um belo compositor.

Concrete And Gold é um álbum meio que diferente. No álbum anterior, eles receberam algumas críticas onde diziam que o fato de terem gravado o trabalho em diferentes cidades não havia alterado o som da banda. Isso realmente não me incomoda – tanto que adoro bandas como AC/DC, Motorhead e Ramones que atravessaram décadas apostando na mesma fórmula – mas não dá para afirmar a mesma coisa aqui. Sim, algumas faixas vão remeter trabalhos anteriores, mas essa não é a tônica do álbum.

Disco traz participação discreta de Paul McCartney

A parte inicial do álbum conta com uma pegada de rock opera, com faixas interligadas, arranjos mais trabalhados, transbordando influências de Queen, Zeppelin e Beatles. As faixas com a cara mais tradicional do Foo Fighters estão no meio do disco (“La Dee Da”, “Dirty Water” e “Arrows”) e, para ser honesto, são as que menos me empolgaram. Não por serem mais do mesmo – já disse que não me incomodo com isso – mas por serem menos inspiradas mesmo.

O principal diferencial desse CD são os backings. O trabalho de harmonia vocal remete claramente aos 4 rapazes de Liverpool. Não apenas em uma faixa, mas em várias. “Happy Ever After”, “The Sky Is a Neighbourhood” e “Sunday Rain” são grandes exemplos. Essa última, não por acaso, conta com a presença de Paul McCartney na bateria. Realmente muito bacana, mas teria usado o rapaz no contrabaixo – onde ele é mestre – e deixaria ele cantar alguns versos, ao menos. Quem não ler o encarte, corre o risco de não sacar a participação. Esse é um problema das participações desse disco como um todo. Muito foi comentado da participação de Justin Timberlake em “Make It Right”, mas ele só fez um backing vocal. Poderiam terem explorado um pouco mais os convidados, já que se tratam de nomes tão fortes.

De um modo geral, o disco é muito bacana. Como de se esperar, o álbum traz várias faixas muito legais. Ele não se iguala, muito menos supera, álbuns como Wasting Light (2011) ou There Is Nothing Left To Lose (1999), mas também não decepciona. Cumpre a risca de entregar um rock n roll bem feito, empolgante, repleto momentos contagiantes. Quem é fã, pode ir sem medo.

Nota: 8,0 / 10,0
Faixas:

     01)   T-Shirt  
     02)   Run
     03)   Make It Right
     04)   The Sky Is a Neighbourhood
     05)   La Dee Da
     06)   Dirty Water 
     07)   Arrows
     08)   Happy Ever After (Zero Hour)
     09)   Sunday Rain
     10)   The Line
     11)   Concrete And Gold