domingo, 2 de outubro de 2016

Novos Bahianos – Compacto RGE:



Por Davi Pascale

E a galera da Polysom resgata mais um compacto histórico. Lançado originalmente em 1970, esse disquinho é considerado um dos itens mais raros da discografia do lendário Novos Baianos. Muito bacana ver esse produto de volta às lojas.

Esse Novos Baianos, à época Novos Bahianos, é um pouco diferente do Novos Baianos que estamos acostumados. Sem contar com os vocais característicos de Baby Consuelo, atual Baby do Brasil, esse 7” foi gravado em uma fase de transição.

Nessa época, a formação era mais enxuta. No primeiro LP, É Ferro Na Boneca, apenas Moraes Moreira, Luiz Galvão, Paulinho Boca de Cantor e Baby Consuelo eram considerados integrantes da banda. O restante da moçada, era considerada músico de apoio e se apresentavam com o nome de Os Leifs. Curiosamente, Baby não participou das gravações desse compacto, daí a capa com apenas 3 rostos desenhados.

Era comum, nos anos 70 e 80, os artistas lançarem compactos. Para quem não viveu a época, trata-se de um disco de vinil em tamanho menor (7” no lugar dos 12” habituais) com poucas faixas. Os mais comuns eram os de 2 faixas (compacto simples) e os de 4 faixas (compacto duplo). Apesar da expressão ‘duplo’, era um disquinho só com 2 músicas de cada lado. A expressão ‘duplo’ é porque vinha o dobro de faixas.  Eram, mais ou menos, como os CD´s singles dos anos 90/00. Às vezes, lançavam um produto repleto de material inédito, mas na maioria das vezes, era focada a música de trabalho.

No caso desse disco, o material era inédito. Essas 4 canções não foram incluídas em nenhum LP do conjunto, por isso era um ítem tão cobiçado entre os colecionadores. Nessa época, os garotos ainda apostavam em uma sonoridade mais roqueira, não exploravam tanto seu lado João Gilberto. Relação que influenciaria diretamente o rumo de suas composições a partir de então.

Os arranjos apresentados aqui eram mais rock n roll, ainda não tinha a influência do samba, da MPB e da bossa nova de maneira tão presente nos arranjos. “Psiu” aposta num rock n roll lisérgico, psicodélico, com um ‘q’ de Tropicália (influencia sentida nos experimentalismos), já “29 Beijos” era o oposto. Se tirarmos a guitarra levemente distorcida, temos uma balada altamente influenciada pela Jovem Guarda (influência presente em seu primeiro álbum).

“Globo da Morte”, embora seja bem rock n roll, já trazia uma influencia, de leve, da MPB, daí eu dizer que esse compacto representava uma transição. A influencia pode ser sentida, com clareza, no arranjo dos violões. “Meu Mini Planeta Iris” é minha favorita do compacto com um arranjo mais suingado, quase um blues.

Esse disco ficou conhecido entre os fãs pelo nome de Psiu, nome da primeira música do disco e retornou recentemente às lojas em CD e Compacto. Quem curte a banda, aproveita agora porque esse disco de época é caro. E quem gosta de rock brasileiro, também vale a pena correr atrás, afinal trata-se de um registro histórico. Fica a dica...

Nota: 9,0 / 10,0
Status: Histórico

Faixas:
      01)   Psiu
      02)   29 Beijos
      03)   Globo da Morte
      04)   Meu Mini Planeta iris