quarta-feira, 11 de junho de 2014

Entrevista – Edgar Avian, baterista da banda Estiletes!

Por Rafael Menegueti, colaborou Davi Pascale

Pra quem gosta de punk rock, fiquem ligados na banda independente Estiletes. O grupo está prestes a lançar seu primeiro disco, e para conhecer um pouco melhor desse trabalho, e apresentá-lo a vocês, conversamos com o baterista do grupo, Ed Avian. Ele já é figura conhecida nesse cenário. Toca como músico de apoio do Brothers of Brazil, de Supla e João Suplicy, também já tocou com o Inocentes e em vários outros projetos. Além dele, também faz parte da banda o vocalista e baixista Cris “Crass”. Confira agora a entrevista com Ed:

Riff Virtual: O Estiletes está pra lançar um disco, o que você pode nos falar dele?

ED Avian: O álbum do Estiletes já está gravado, serão 10 canções, sendo que 7 letras em português e 3 em inglês, e nesse momento está sendo masterizado. O nome do álbum será “Foda-se!” Totalmente Rock N' Roll!

Estiletes

RV: Vocês fizeram um vídeo para a música “Pelo que é nosso”, como surgiu a idéia desse vídeo? Vocês levam o estilo de vida mostrado nele? (Veja o clipe da música abaixo)

EA: A idéia do vídeo veio do Cris, ele queria algo tipo o clipe “I wanna be sedated” (Ramones) com “Subterrannean Homesick Blues” (Bob Dylan) a letra diz que o governo rouba o que é nosso, e as pessoas estão acordando agora! O que fizemos foi beber e fumar, o que fazemos quando nos encontramos, foi tudo bem rápido e quase nada programado, foi na sala da minha casa, gravado com um celular.

RV: Alem do Estiletes, você também toca bateria com o Brothers of Brazil, qual é a diferença de trabalhar nesses dois projetos?

EA: Muda completamente, não sou um membro oficial do Brothers, toco cerca de 10 músicas nos shows. Já com os Estiletes, está muito no começo, mas toco o show inteiro, com a bateria na posição certa para mim, isso me faz tocar bem melhor.

RV: O que você acha da cena de rock independente no Brasil hoje? Dá pra viver nesse meio?

EA: Bom, eu acho que a cena independente sempre vai existir, mas hoje vejo que está uma péssima fase para o rock em geral. Alguns estilos se sobressaem, mas poucas bandas se dão bem independente. O Brothers é uma banda independente, mas tem mídia, eles correm muito atrás, o Estiletes está numa gravadora, a Crasso Records e é independente. O que as bandas têm que fazer é sair tocando em todos os lugares, juntar público, sair divulgando, não só na internet.

RV: Pra quem ainda não conhece o som do Estiletes, como você definiria o som que a banda faz? Quais são as influências mais diretas e o que vocês estão trazendo de diferencial?

EA: Eu do punk rock e hard rock, o Cris do hardcore e ska, ainda tem country, blues... Gostamos de tudo isso, nossas músicas têm a energia punk, com solos, o vocal tem um jeito falando e gritado, mas para ter uma idéia tocamos Johnny Thunders and the Heartbreakers e The Ramones nos shows.

RV: Como você conheceu o punk rock e qual impacto ele teve em você na época?

EA: Cresci na Casa Verde, onde já existiam várias bandas punk, em 1994 por aí, teve um festival na escola Albert Einstein e tocaram várias bandas, foi quando conheci meus vizinhos que todos tinha Banda, Desobediência Civil, RDH, Invasores de Cerebro, entre outras e montei uma Banda chamada Impacto, nessa época ia pra galeria no Beatmones e conheci tudo muito depressa, comprei muito material e nunca mais mudei.

RV: Como você se juntou aos outros membros para formar a banda? Eles também têm um passado na cena?

EA: O guitarrista conheci numa festa de um amigo, ficamos conversando sobre música e não acreditei que um cara tão novo conhecia tanto som antigo que eu piro. Então ele me convidou para ir a casa dele ouvir o que ele tinha e já começamos estruturar os sons, chamei umas 3 pessoas antes do Cris, que na verdade ele seria apenas o baixista, fizemos mais alguns testes entre vocalistas e guitarrista, mas optamos por ficar nós 3, acabamos compondo o que tínhamos e sempre com decisões rápidas já fomos para o estúdio. O Cris tocava no Radio Ska e depois tocou no Aditive e tem o Marzela (uma ótima banda de ska).

RV: Como vocês pretender divulgar a banda e qual o modo mais eficiente de fazer isso hoje em dia?

EA: Eu pretendo pegar todos meus contatos, juntar bandas de amigos, como eu disse não é só internet, e o modo mais eficiente para divulgar uma banda sempre vai ser fazendo shows, sem parar.

RV: Você pretende sair em turnê com o Estiletes? Como fará para conciliar suas datas com o Brothers of Brazil?

EA: Dou preferência para o Brothers, pois estou há mais tempo e é o que me sustenta, além de me realizar como músico. Turnê é uma coisa que não existe no cenário rock independente aqui no Brasil, não tem bandas que tocam de domingo a domingo. São shows espaçados, por exemplo, ir para o Norte ou Nordeste, você não consegue marcar 10 shows. Tento agendar nas datas vagas do Brothers ou me desdobrar para fazer os dois no mesmo dia.

RV: Mudando um pouco o assunto pro seu outro trabalho, o Supla é meio que o cabeça do Brothers of Brazil. Muitas pessoas da cena punk têm preconceito com o trabalho dele. Você já tocava punk antes de se juntar a ele, tendo participado inclusive do Inocentes que é uma banda lendária. Como é sua relação com o publico punk? Você sofre ou já sofreu na mão dos caras por conta do seu trabalho ao lado do Supla?

EA: Realmente quem fala mal não conhece quase nada dos trabalhos dele. Eu pude compor um cd totalmente punk com ele, o “Vicious”, e não foi com nenhuma outra banda que se intitula punk. O Supla nunca disse que é do movimento punk daqui, as pessoas não sabem as influências dele, o que ele conquistou por ele, como ele realmente é. Cara, é sério, esse cara rala e trabalha muito, eu sei e posso dizer isso, são mais de 10 anos trabalhando com ele e o conheço desde 2000. Lógico que tem uns panacas que falam merda, mas não fazem idéia que lá fora ele morou com os caras do Casualties, fazia shows com Madball, Murphy's Law, entre muitos outros. Os caras que curtem ele lá, não tem esse papinho que tem aqui. Os verdadeiros punks o respeitam demais, ele nunca desfez de ninguém, já outros...

RV: Pra finalizar, quem se interessar pelo trabalho do Estiletes pode encontrá-lo como?

EA: Por enquanto por aqui: https://www.facebook.com/estiletes?ref=hl. E indo aos shows!