sábado, 4 de abril de 2015

Kiko Loureiro no Megadeth: a notícia que agitou a cena no metal nacional

Por Rafael Menegueti

Kiko Loureiro
Desde a noite da ultima quinta-feira não se fala em mais nada entre os fãs de metal que não seja o anuncio de Kiko Loureiro como o novo guitarrista do Megadeth. O guitarrista do Angra já era apontado como substituto de Chris Broderick em boatos que circulavam a internet. Essa semana já havia ocorrido a confirmação de que o baterista do Lamb of God, Chris Adler, gravaria o novo álbum da banda. A confirmação de Kiko no grupo só ocorreu alguns dias depois, o que fez com que muita gente, eu inclusive (como cheguei a descrever no post de notícias da semana), acreditasse que Dave Mustaine gravaria todas as guitarras do novo trabalho para então buscar um segundo guitarrista para a turnê.

Embora o boato já tenha deixado todo mundo preparado para o que viria, foi notável como a confirmação da notícia pela banda norte-americana sacudiu as redes sociais entre fãs brasileiros e também da banda de Los Angeles. Houve quem apoiasse, se sentisse orgulhoso de um músico brasileiro atingir um status de tamanha importância em uma das maiores bandas de metal do mundo. Houve também os que não aprovaram, ou por simplesmente não gostarem de Kiko, ou por acharem que ele não combina com o estilo do Megadeth.

Uma coisa ninguém pode negar: Kiko é um guitarrista com imensa capacidade, embora não o considere o melhor de todos por aqui. É um dos membros de um dos maiores expoentes do metal nacional, o Angra, há mais de 20 anos e tem também uma carreira solo consistente. Sua historia na cena do metal nacional é incontestável. Alçado ao status de um “guitar hero” brasileiro, o reconhecimento em escala mundial pode vir agora. Não que o metal nacional não tenha qualquer reconhecimento lá fora.

Kiko e Mustaine agora formam a dupla de guitarras do Megadeth
O Angra já é uma banda bem conhecida nos meios do metal melódico/power metal. O grupo construiu sua reputação ao longo dos mais de 20 anos de estrada, e os músicos da banda já provam desse reconhecimento. Tanto André Matos quanto Edu Falaschi, primeiros vocalistas da banda, são bem conhecidos e elogiados na cena internacional por seu trabalho com a banda. Quando Edu deixou o grupo, eles conseguiram recrutar Fabio Lione, vocalista italiano mundialmente conhecido por seu trabalho com o Rhapsody of Fire, grande nome do power metal europeu.

A cena brasileira anda em crescente ascensão lá fora. Não existe um headbanger por ai que não conheça o Sepultura, e que não acompanhe os trabalhos dos irmãos Cavalera, fundadores da banda, hoje excurcionando pelo mundo com o bem sucedido Cavalera Conspiracy. Outras bandas como o Krisium, Korzus, Shadowside, Torture Squad e o projeto Soulspell, que une diversos músicos brasileiros e alguns famosos estrangeiros, também se destacam. Mais recentes, o trio feminino gaúcho de thrash metal Nervosa fez barulho lá fora com seu primeiro disco, lançado pela Napalm Records, uma das maiores do gênero na Europa. Tem também o Hibria, banda gaúcha que lembro ter ouvido de um fã inglês ser uma de suas favoritas de nosso país.

O reconhecimento de nossos músicos já não é novidade também. Jeff Scott Soto tem dois brasileiros em sua banda, Edu Cominato e BJ. Aquiles Priester, considerado um dos melhores bateristas do Brasil e ex-Angra, entrou ano passado para o Primal Fear, histórica banda de power metal alemã. André Matos já gravou participações com o Avantasia, o Epica e outras inúmeras bandas. E agora a entrada de Kiko no Megadeth vem pra reafirmar o nosso talento para o metal no exterior.

Embora Kiko Loureiro seja um guitarrista mais técnico e voltado para o melódico, não creio que ele vá ter problemas para se adaptar ao estilo cru e pegado do thrash do Megadeth. Dave Mustaine tem anos de experiência, e jamais apostaria num músico sem ter a certeza de que está fazendo a escolha certa. Com essa nova fase em sua carreira, e o apoio de seus fãs e de seus companheiros de Angra, agora Kiko pode não só se colocar em um patamar entre os melhores do mundo, como ainda ajudar a mais uma vez voltar os olhos do mundo para nossa cena nacional. E isso só pode trazer coisas boas para nós.