quinta-feira, 26 de março de 2015

Europe – War of Kings (2015):



Por Davi Pascale

Grupo sueco chega à seu décimo álbum. Novo trabalho mantém a pegada hard rock com influência setentista de seus trabalhos anteriores, deixando cada vez mais afastado seus dias de visual exagerado e arranjos comerciais. Recomendado até mesmo para quem odeia o som que os rapazes faziam em seus dias de glória.
Talvez muitos de você se recordem do grupo de Joey Tempest apenas pelo megahit “The Final Countdown”. Talvez alguns se lembrem de canções como “Carrie” e “Open Your Heart”. A verdade é que desde que retornaram à ativa em 2004, os músicos contam com outra sonoridade e outra postura. Ficaram para trás as coreografias àla “You Give Love a Bad Name”, os teclados diminuíram de volume e ficaram mais encorpados, os vocais não contam mais com tonalidades exageradas, seus arranjos ganharam mais peso. Ou seja, é literalmente outra banda.
O Europe ainda precisa lidar com esse fantasma. Não que seu passado seja uma vergonha. Pelo contrário, gosto muito dos discos que lançaram nos anos 80. Canções como “Superstitious”, “Let The Good Times Rock”, “Ready Or Not”, “Halfway to Heaven” e “Bad Blood” sempre estiveram em meu CD player, e mais recentemente no Ipod que me acompanha no carro. O problema é que os grupos dessa cena sempre foram tratados com desdém pela imprensa (dita) especializada e muitos ainda olham com o mesmo desdém, por simplesmente não se darem ao trabalho de ouvir o que andam fazendo, em uma época onde é possível ouvir discos de graça em programas como Spotify ou até mesmo no Youtube. Realmente uma pena!
Grupo chega à seu décimo álbum mantendo a veia hard de seus últimos discos
 
War Of Kings segue a mesma lógica de Bag of Bones, Last Look At Eden e Secret Society. Arranjos altamente influenciados por grupos como Uriah Heep, Led Zeppelin e até mesmo Deep Purple tomam conta do disco. John Norum, quem considero um dos grandes guitarristas da década de 80, continua roubando a cena não apenas com ótimos riffs, mas também com solos inspiradíssimos. Embora as referências sejam, em sua maioria, vinda dos anos 70, o álbum conta com uma mixagem mais moderna. A escolha do produtor, Dave Cobb (Rival Sons), foi mais do que acertada.
A influência Zeppelin aparece em faixas como “Light It Up” e “Rainbow Bridge” (a levada de Ian Haugland em “Light It Up” é quase uma homenagem à Bonham). A faixa título traz aquele arranjo mais pesado e, de certa forma, mais sombrio nos remetendo aos tempos de Secret Society. “Praise You”, por outro lado, nos leva de volta ao (ótimo) Bag of Bones com sua levada bluesy. “California 405” e “Days of Rock n´ Roll” trazem riffs no melhor estilo Ritchie Blackmore. Essa última, a dobrada de guitarra com teclado me remeteu bastante ao Rainbow. “The Second Day” é a famosa balada rocker, dona de um ótimo refrão.
Joey Tempest, John Norum, Mic Michaeli, John Levén e Ian Haugland continuam nos entregando discos de excelente qualidade. Bem tocado, bem cantado e bem escrito. Tenho certeza de que aqueles que pararem para ouvir essa nova fase dos rapazes, mudarão sua visão sobre o grupo. Se você ainda enxerga eles como um Bon Jovi que não deu certo, dê uma nova chance ao grupo. Se você continuou acompanhando os músicos, não há razão para não adquirir o novo CD. Trabalho inspiradíssimo.
Nota: 8,0 / 10,0
Status: Explosivo
Faixas:
01)   War of Kings
02)   Hole In My Pocket
03)   The Second Day
04)   Praise You
05)   Nothin´ To Ya
06)   California 405
07)   Days Of Rock n´ Roll
08)   Children Of The Mind
09)   Rainbow Bridge
10)   Angels (With Broken Hearts)
11)   Light It Up
12)   Vasastan