quarta-feira, 3 de junho de 2015

Faith No More - Sol Invictus (2015)

Por Rafael Menegueti

Faith No More - Sol Invictus
Foram 18 anos de espera. Nada mais saiu desde 1997. Nesse meio tempo a banda passou por uma longa pausa. O vocalista Mike Patton fez inúmeros projetos experimentais malucos. O baterista Mike Bordin tocou com Ozzy Osbourne, Korn e Jerry Cantrell. O baixista Billy Gould também continuou se aventurando em outros projetos e grupos. Até que depois de onze anos parada a banda foi gradativamente se reativando. Primeiro com turnês, e agora o tão aguardado disco de inéditas. E como é de se esperar de Mike Patton, sem decepcionar no quesito experimentação.

Sol Invictus é o sétimo álbum de estúdio do Faith No More, e nele a banda parece que tentou despejar todos esses anos de inatividade em forma de criatividade. A banda conseguiu fazer um disco com a sua cara, mas que ao mesmo tempo não soa nada como seus clássicos dos anos 90. Após um ínicio meio desafiador e sombrio com a faixa que leva o nome do disco, carregada por piano e a voz de Patton em um tom bem baixo, vem a primeira porrada em “Superhero”, que parece claramente uma evolução da doideira de “Album of the Year”, de 1997.

O guitarrista Jon Hudson mostra uma energia única e uma boa interação com o baixo de Billy Gould, que mais uma vez aparece como um dos ingredientes principais da sonoridade da banda, que ainda aposta em trechos funkeados e levadas com ritmo intenso. A precisão de Mike Bordin na bateria completa essa mistura enquanto os teclados de Roddy Bottum produzem a atmosfera e insere arranjos que moldam o formato das músicas perfeitamente. E Mike Patton completa as expectativas com vocais vivos e bem executados, que vão dos gritos a tranquilidade em um excelente timbre, com energia de sobra e intensidade características de seu trabalho na banda.

Os Membros do Faith No More
O disco tem momentos caóticos, como em “Separation Anxiety” e “Matador”, mas o que prevalece é um som bem mais ousado, com experimentações no ritmo e influências por quase todo o disco. Algumas músicas parecem até ter sido feitas para uma trilha de filme do Tarantino, como “Cone of Shame” ou “Black Friday”. A primeira música revelada do disco alguns meses atrás, “Motherfucker”, é outra que tem o carimbo de Patton como uma das mais ousadas do disco. A faixa que encerra o trabalho, “From the Dead”, parece ser a única mais tranquila e normal, o que se tratando de uma banda como o Faith No More continua fazendo dela uma novidade que destoa.

Em tempo, o Faith No More voltou como se nem tivesse parado, tamanha a capacidade de se reinventar e colocar sua marca registrada nas suas criativas canções. O grupo segue com essa característica avant-garde, com um som completamente na contramão do que o rock alternativo faz atualmente, assim como eles já faziam nos anos 90. “Sol Invictus” não é só um disquinho pra fazer a alegria de fãs saudosos, é a mostra de que a banda realmente está mais viva do que nunca. E eles fizeram muito bem de esperar o momento certo pra mostrar isso.


Nota:9/10

Status: desafiador e ousado

Faixas:
1. "Sol Invictus"
2. "Superhero"
3. "Sunny Side Up"
4. "Separation Anxiety"
5. "Cone of Shame"
6. "Rise of the Fall"
7. "Black Friday"
8. "Motherfucker"
9. "Matador"
10. "From the Dead"