quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Paula Toller – Paula Toller (1998):



Por Davi Pascale

Cantora do Kid Abelha demonstrava versatilidade em seu debut solo. Em trabalho curto, a artista convence ao transitar com eficiência entre o pop, o samba e o romântico.

Quando Paula lançou seu primeiro álbum solo, sua ideia era de que o material fosse nada mais, nada menos, do que um projeto paralelo. Na época, não tinha a intenção de construir uma carreira-solo. Queria apenas registrar algumas canções que não cabiam nos discos do Kid. Era uma curtição, uma satisfação pessoal. Tanto que não caiu na estrada para promover o CD. A única promoção do álbum foi o videoclipe de “Derretendo Satélites”, uma das duas faixas autorais do disco.

Em entrevista ao jornal carioca International Magazine, a artista explicou na época que havia optado por não fazer um trabalho autoral. Topou incluir duas musicas suas por insistência do produtor Guto Graça Mello, mas o que queria mesmo era registrar canções que ouvia na sua infância, antes de descobrir o rock. Na entrevista, Paulinha reconhecia seus limites vocais. “Às vezes, você adora a música, mas a música não adora você. Não adianta eu cantar Janis Joplin. Não tenho uma voz assim e não vou fazer bem”.

Embora seja muito atacada pelos críticos musicais, sempre gostei dela enquanto cantora. Nunca foi além do seu limite, nunca fez um trabalho esganiçado. E sempre gostei de sua voz. Singela, delicada, gostosa de ouvir.

Encarte assinado

Musicalmente, o disco transita por diferentes direções. “Derretendo Satélites” e “Oito Anos”, as duas que compôs para o CD são as mais pop, mas ainda assim bem distantes do trabalho de seu grupo principal. Os arranjos não são tão animados, as letras são mais introspectivas. Em “Derretendo Satélites” trazia um ar de erotismo, enquanto “Oito Anos” era exatamente o oposto. Uma letra extremamente inocente que escreveu em homenagem ao seu filho Gabriel.

Duas músicas do repertório norte-americano pousam aqui. “Patience”, balada do grupo Guns n Roses, ganhou uma pegada mais moderna, mais soturna, mas o grande momento mesmo é sua bela interpretação de “Fly Me To The Moon”. Standard que ficou conhecido na voz de Frank Sinatra e que ganhou uma linda interpretação de Paula Toller.

A bela abelha rainha voltava à sua infância ao registrar canções de Dominguinhos, Assis Valente e Dona Ivonne Lara. A loirinha brilha na alegre versão de “E O Mundo Não Se Acabou” e no arranjo romântico de “1.800 Colinas”. Duas versões inspiradíssimas!!!

Paula Toller foi realizado de maneira descompromissada, descontraída e, por isso mesmo, acabava funcionando incrivelmente bem. Era um trabalho despretensioso, sutil, mas muito bem acabado. Vale uma checada...

Nota: 8,0 / 10,0
Status: Eclético

Faixas:
      01)   Derretendo Satélites
      02)   Fly Me To The Moon
      03)   Eu Só Quero Um Xodó
      04)   Oito Anos
      05)   Alguém Me Avisou
      06)   1.800 Colinas
      07)   E O Mundo Não Se Acabou
      08)   Onde Está A Honestidade
      09)   Patience
      10)   Cantar