quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Ace Frehley – Space Invader (2014)



Por Davi Pascale

Ace is back and he told you so. Depois de passar 5 anos sem lançar um novo disco, Ace Frehley retorna com Space Invader. Ace nunca foi amigo de inovações, nem mesmo nos tempos do Kiss. O cara era contra o audacioso projeto Music From The Elder, era contra a sofisticação de Destroyer. Esse é um dos motivos que levou muitos fãs do Kiss à idolatrarem Ace. Sempre que se ouvia falar no nome dele, sabia que viria um álbum de rock n roll com guitarras falando alto, com arranjos na cara. Por isso que muitos têm seu álbum solo de 78 como o preferido entre os 4 músicos. O rapaz seguiu à risca sua ideologia. Entregou um álbum de rock n roll honesto, sem querer reinventar a roda. E é isso que ele faz, mais uma vez, em Space Invader.

Sendo assim, não deve-se esperar por modernidades. Você não ouvirá scratches, nem barulhinhos que parecem terem saído de um joguinho de videogame. O único barulho que você ouvirá aqui é o barulho de um grupo de rock n roll. O CD começa forte com “Space Invader”, o single “Gimme a Feelin´” e “I Wanna Hold You” com ótimos riffs e linhas vocais absolutamente memoráveis. Frehley nunca foi um Robert Plant, nem um Sammy Hagar, mas sempre soube fazer uso de sua limitação vocal. O fato de nunca ter escrito linhas vocais complexas fez com que suas interpretações ganhassem um certo charme. Acabou criando um estilo próprio. Um estilo altamente identificável e que seus fãs amam. Ouvir canções como “Shock Me”, “Rip It Out”, “Shot Full of Rock” sem sua voz, não tem o mesmo impacto. E aqui a lógica se mantém. Você não irá ouvir agudos, falsetes, guturais. Ouvirá Ace. Simples assim!

Já faz um tempo que o músico está reconstruindo sua vida. Depois de chegar perto da morte diversas vezes ao longo dos anos por conta de seus vícios, o guitarrista resolveu abandonar o álcool e as drogas há 7 anos. Essas mudanças aparecem em algumas letras. “Change” fala sobre manter seus pés no chão e não se deixar guiar por um mundo de fantasias. “Toys” sobre se divertir, aproveitando a beleza da vida a partir de atitudes simples.  “Immortal Pleasures” é quase uma reflexão sobre sua trajetória. Outro momento pessoal é “Past The Milky Way”, composta em homenagem à sua noiva Rachael Gordon.

Músico retorna com álbum honesto e deve agradar aos fãs

Desde a nomeação do Rock n Roll Hall of Fame que Ace Frehley vem trocando farpas na imprensa com seus ex-colegas de banda, Paul Stanley e Gene Simmons. Com isso, começou a infame comparação entre a situação atual do Kiss e a situação atual de Ace. Na minha opinião, os dois vão muito bem, obrigado. O Kiss com a turnê comemorativa aos 40 anos de banda – que não é para qualquer um – e Ace retomando a carreira com esse ótimo disco de inéditas. Os fãs de Kiss, aliás, irão delirar com “What Every Girl Wants”. Não somente por seu arranjo, mas também por sua letra falando sobre farrear com garotas, no melhor estilo Gene Simmons. Em recente entrevista, o musico afirmou que gostaria de ter a participação de Simmons em seu próximo CD. Tem de tudo para funcionar.

Fora essa canção, acredito que a capa e o título do álbum sejam uma indireta à sua ex-banda. A capa mostra um desenho de Ace saindo de um foguete tocando sua guitarra. Ele foi o criador da figura spaceman. Seria uma provocação? Um modo de dizer que o esse álbum representa o retorno do spaceman? Acredito que sim. O final do álbum não poderia ser diferente. Encerra-se com uma faixa instrumental, “Starship”. Ou seja, o mesmo tipo de encerramento do álbum solo de 78, do álbum de estreia do Frehley´s Comet e do Trouble Walkin´. Mais típico, impossível. Welcome back, Ace.

Nota: 8,0 / 10,0
Status: Honesto e inspirado

Faixas:

      01)   Space Invader
      02)   Gimme a Feelin´
      03)   I Wanna Hold You
      04)   Change
      05)   Toys
      06)   Immortal Pleasures
      07)   Inside The Vortex
      08)   What Every Girl Wants
      09)   Past The Milky Way
      10)   Reckless
      11)   The Joker
      12)   Starship