segunda-feira, 31 de março de 2014

Delain – The Human Contradiction (2014)

Por Rafael Menegueti

Delain - The Human Contradiction
Como prometido ontem, é hora de conhecer mais sobre o novo trabalho da banda de metal sinfonico holandesa Delain, “The Human Contradiction”. O disco estava previsto para ser lançado em 4 de abril, mas as músicas vazaram na internet na semana passada. Para quem já ouviu, e também para os que ainda não ouviram, aqui vão as minhas impressões sobre esse novo álbum.

O disco abre com uma das músicas mais potentes já lançadas pela banda, “Here Come The Vultures”. A faixa tem um ótimo riff pesado e conta com um refrão que agrada na primeira audição. É daquele tipo de música que gruda na cabeça, mas de um jeito positivo. “Your Body Is A Battleground”, que conta com a participação do parceiro de longa data Marco Hietala, vem em seguida com uma sonoridade cativante e uma letra que fala sobre a necessidade humana de viver a base de substancias artificiais e como isso se transformou em uma enorme e lucrativa industria.

Alias, o disco discorre exatamente sobre questões relacionadas a natureza humana nos tempos atuais. Ele foi inspirado por uma trilogia da autora norte-americana Octavia Butler, chamada “Lilith’s Brood”, segundo a vocalista Charlotte Wessels descreveu em uma entrevista, “uma historia pós-apocaliptica, onde o fato de a humanidade não ter durado se explica pelas duas mais contraditórias qualidades humanas: o fato de sermos uma espécie inteligente e hierárquica. (...) A partir daí a idéia de que certas qualidades seriam melhores do que outras criou varias dualidades (homens e mulheres, negros e brancos, humanos e não humanos etc.) que ajudam em nossa auto destruição”.

Alem do característico peso nas canções, a melodia também é um elemento predominante em faixas como “My Masquerade” e “Sing to Me”, onde a voz de Charlotte ganha um tom mais sensual, onde a proposta das músicas é bem mais emotiva, embora elas não sejam baladas. As guitarras de Timo Somers provam ser um grande elemento nesse disco, criando levadas cativantes e solos precisos ao que as canções pedem.

O quarto álbum do grupo foi produzido pelo próprio Martjin Westerholt
As paticipações de George Oosthoek e Alissa White-Gluz também são outro destaque. Ambos, com seus característicos vocais guturais, acrescentaram a pegada mais agressiva que o Delain havia deixado de lado em “We Are The Others”. Em “Tell Me, Mechanist”, George parece ainda mais entrosado com o estilo das músicas do que quando ele participou de “Lucidity”. Já Alissa, alem de seus “grunts”, também fez backing vocals na excelente “The Tragedy of The Commons”, que encerra o disco.

O material presente no CD bônus promete alegrar bastante os fãs. Alem de mais duas ótimas faixas, a balada “Scarlet” e a “pop-metal” “Don’t Let Go”, ainda podemos conferir varias faixas ao vivo, entre elas “April Rain” e a nova “My Mascarade”, e duas versões orquestrais, para “Sing to Me” e “Your Body Is A Battleground”. E nem preciso dizer que o disco superou minhas expectativas, e deve levar o Delain a um novo patamar entre as bandas do gênero.
Nota: 10/10
Status: Perfeito

Faixas:

1. "Here Come the Vultures"
2. "Your Body Is a Battleground" (featuring Marco Hietala)
3. "Stardust"
4. "My Masquerade"
5. "Tell Me, Mechanist" (featuring George Oosthoek)
6. "Sing to Me" (featuring Marco Hietala)
7. "Army of Dolls"
8. "Lullaby"
9. "The Tragedy of the Commons" (featuring Alissa White-Gluz)

Digipak Bonus Disc   

10. "Scarlet"
11. "Don't Let Go"
12. "My Masquerade (Live)"
13. "April Rain (Live)"
14. "Go Away (Live)"
15. "Sever (Live)"
16. "Stay Forever (Live)"
17. "Sing to Me (Orchestra Version)"
18. "Your Body Is a Battleground (Orchestra Version)"

domingo, 30 de março de 2014

Discografia Comentada: Delain

Por Rafael Menegueti

Nessa semana vazou na internet o novo álbum do Delain, “The Human Contradiction”, previsto para sair no começo de abril. Apesar de lamentar quando esse tipo de coisa acontece, pois atrapalha a vida dos músicos, eu ouvi as faixas e posso dizer que esse é o trabalho mais ousado e pesado da banda de metal sinfônico holandesa. Mas antes de falar sobre esse novo disco, decidi fazer uma descrição de seus trabalhos anteriores. Isso porque eu considero o Delain uma das melhores e mais criativas bandas da cena do metal atual. Posso ser meio suspeito pra dizer isso, afinal eu sou MUITO fã da banda, mas esse é meu ponto de vista independente de toda minha admiração pelo quinteto. Então vamos ao que interessa:

Amenity (Demo, 2002)


Martjin Westerholt precisou deixar o Within Temptation, de seu irmão Robert Westerholt, no começo dos anos 2000 devido a problemas de saúde. Quando já estava melhor, iniciou um projeto, o Delain, e lançou uma demo de maneira independente, Amenity. Embora Martjin já tenha declarado que essa demo não pode ser considerada o inicio do Delain, pois o resultado não foi o esperado, três das quatro faixas do disco seriam retrabalhadas e lançadas bem diferentes no debut oficial da banda. À época, os integrantes eram outros, e a banda tinha Anne Invernizzi nos vocais. Mas apenas Martjin seguiu no grupo, todos os outros foram trocados. Ainda bem, pois Amenity de longe não lembra a pegada do Delain, e não tinha a empolgação necessária pra dar certo.

Lucidity (2007)


Após um tempo, Martjin decidiu reformular o projeto. Chamou a jovem vocalista Charlotte Wessells, que havia conhecido por acaso enquanto voltava para casa, para integrar o projeto e após isso saiu atrás de outros colegas do cenário do metal sinfônico. Juntou Ad Sluijter (Epica), Marco Hietala (Nightwish, Tarot), Ariën van Weesenbeek (Epica), Guss Eikens e George Oosthoek (ex-Orphanage), Sharon den Adel (Within Temptation) e Liv Kristine (Leaves’ Eyes). Todos eles deram sua contribuição ao projeto, lançando um disco com uma melodia inspiradora e músicas cativantes. Desde “Sever” até a excelente “Pristine” o disco é uma verdadeira obra prima do metal sinfônico, tanto que após o sucesso dele, Martjin e Charlotte decidiram transformar o Delain de um projeto para uma banda de fato, recrutando Ronald Landa (guitarra), Rob van der Loo (baixo) e Sander Zoer (bateria) para integrar a banda. Faixas como “See Me In Shadow”, “A Day for Ghosts” e “The Gathering” servem bem pra mostrar a cara da banda, cheias de melodia e com uma pegada que alia o peso das guitarras com o som do teclado que carrega as músicas. “Pristine”, faixa que encerra o disco tem um dos arranjos orquestrais mais bem elaborados dentre todas as músicas da banda, e deixa o ouvinte querendo mais.

A formação do Delain em 2007

April Rain (2009)


Após o sucesso de “Lucidity”, a banda decidiu mostrar uma cara mais própria e uma maior maturidade em seu segundo disco: “April Rain”. Com uma visível inspiração mais pop, o disco segue uma linha cheia de arranjos de teclado, os sons das guitarras estão mais coesos e se impõem menos, dando um destaque maior para a voz de Charlotte, que demonstra uma habilidade fascinante em faixas como “April Rain”, “Start Swimming” e “Come Closer”, que na minha opinião é a melhor balada do grupo. Alias, Chalotte Wessells é o grande destaque do álbum, entre as faixas mais calmas e as mais pesadas, é a voz dela que parece ditar o ritmo das músicas. Esse seria o único trabalho com Ronald Landa e Rob van der Loo, que deixariam o grupo em 2010 para irem para o Hangover Hero e o Epica, respectivamente.

We Are The Others (2012)


Após uma certa demora, o Delain finalmente lançou seu terceiro e aguardado disco, “We Are The Others”. O disco teve inspirações na trágica morte da garota inglesa Sophie Lancaster, agredida por ser gótica. Nesse disco a banda abraça uma sonoridade bem mais comercial e pop que em seu antecessor. A maior prova disso vem de músicas como “Are You Done With Me” e “Hit Me With Your Best Shot” e também na ausência de guturais no disco. Mas ainda era possível ver o peso e a forte pegada característica das músicas da banda, em especial nas faixas “Mother Machine”, “Where’s the Blood” e “Not Enough”. Charlotte novamente se destaca, assim como os arranjos de teclado e sintetizadores de Westerholt, principalmente em “Milk & Honey”. As letras também estão mais pessoais, falando de assuntos mais da natureza humana, mais de uma maneira mais simplificada em relação aos discos anteriores. O único defeito do disco, segundo alguns, seria o fato de ele ser muito certinho. E de fato, “We Are The Others” é excessivamente pensado para soar o mais correto e alinhado possível. No entanto, creio que isso casou perfeitamente com o estilo das composições do disco.

O Delain na sua formação atual
Interlude (CD/DVD, 2013)


Com o lançamento de “We Are The Others”, a banda se preparou para passar por inúmeras mudanças. Esse momento de transição que a banda atravessou, em especial a mudança de gravadora ficou registrado em “Interlude”. O lançamento especial mostrava uma nova cara da banda, que parece mais decidida do que nunca a manter suas raízes no metal sinfônico alternativo que os consagrou. Duas faixas inéditas (“Breath On Me” e “Collars and Suits”) mostram um Delain mais coeso e que emprega melhor o uso das guitarras de Timo Somers e do peso em contraste com a melodia trazida pelos arranjos de Martjin Westerholt e pela voz de Charlotte. Também há uma nova mixagem de “Are You Done With Me”, uma versão alternativa de “We Are The Others” (melhor que a original na minha opinião), faixas ao vivo e três covers, que mostram a incrível abrangencia da banda em sua sonoridade, pois todas elas são de faixas bem diferentes do que o metal sinfônico costuma ser, em especial “Cordell”, dos Cramberries, que ficou impecável, como se fosse do próprio Delain, superando a versão original. Há ainda um DVD bônus com videoclipes, faixas ao vivo e imagens de bastidores da banda. Após esse interlúdio, a banda estava pronta para mostrar a evolução musical em sua formula, em seu novo disco...

The Human Contradiction (2014)



Mas desse eu vou falar no próximo post.

sábado, 29 de março de 2014

Cachorro Grande – Sesc Santo André (28/03/2014)


Por Davi Pascale

No final do ano passado, me mudei para o ABC e desde então tenho frequentado bastante o Sesc de Santo Andre. Ontem à noite, dei um pulo lá para conferir a apresentação do grupo gaúcho Cachorro Grande. Sou fã dos caras desde o primeiro álbum e nunca tinha assistido ao vivo. Já tinha escutado bastante gente elogiando a performance da banda, inclusive o musico Lobão (que é outro artista que admiro). Portanto, guardava bastante expectativa na apresentação.
O pessoal do Cachorro Grande ficou conhecido por se vestirem com terninhos, iguais à seus ídolos da British Invasion. Isso não existe mais. Beto Bruno, Marcelo Gross, Rodolfo Krieger, Pedro Pelotas e Gabriel Azambuja agora usam trajes comuns: jaquetas de couro, calça jeans, camiseta dos artistas que admiram. As referências sessentistas agora ficam explicitas na boina do cantor e no baixo Rickenbacker.
A apresentação traz todos os elementos que um bom show de rock deve ter. Som alto, banda com energia de sobra, boa interação com o público. O setlist foi bem dosado. Tocaram vários de seus clássicos, quase todos os músicos assumiram o vocal durante o show (o tecladista é o único que não canta), fizeram ainda citações de clássicos do rock como “Cold Turkey” (John Lennon), “Lugar Nenhum” (Titãs) e “Heartbraker” (Led Zeppelin).
Marcelo Gross se destaca com solos improvisados
O guitarrista Marcelo Gross e o baterista Gabriel Azambuja foram os grandes destaques da noite. Os músicos roubaram a cena nos momentos de improviso. Rodolfo Krieger, com seu cabelo à la Jupiter Maçã,  tem ótima presença de palco. Toca com vontade, pula, corre de um lado para o outro e ganha a plateia ao cantar “Deixa Fudê”. O tecladista Pedro Pelotas também desempenha bem seu papel. O único senão mesmo foi o vocal de Beto Bruno. O rapaz tem uma boa presença de palco, é bem carismático e muito simpático com o público. Entretanto, abusa das bebidas alcoólicas durante a performance. O resultado não poderia ser diferente. O vocal começa bom, forte e no decorrer do espetáculo vai caindo o nível. No final do show ele estava falando enrolado e já encontrava dificuldades para cantar várias notas. Cara, pega leve!
O show começou com um som meio embolado, mas logo na segunda música “Hey Amigo”, tudo se ajustou. Mesmo tendo apresentação do Guns n Roses em São Paulo, os 5 garotos de Porto Alegre conseguiram arrastar um bom número de pessoas ao teatro. Lá encontrava-se de tudo. Desde crianças de 3 anos brincando de air drum, passando por casais de 30 e poucos anos, e chegando até pessoas de mais de 60. É comum nos shows do Sesc pintarem uns curiosos, mas boa parte lá era fã mesmo, tanto que boa parte do público cantou a letra de “Sinceramente” junto com os músicos. Chegaram, inclusive, a pedir música, "Bom Brasileiro", prontamente atendido.
Beto Bruno tem boa presença de palco, mas tem voz prejudicada pelo excesso de bebida
Trouxeram ainda algumas surpresas como “Debaixo do seu Chapéu”, faixa do álbum de estreia, que segundo Beto fazia anos que não tocavam. Ocorreram alguns imprevistos, mas os músicos não se abatiam. Encaravam tudo com bom humor, davam risada e reiniciavam como se nada tivesse acontecido. Saíram do palco logo após interpretarem “Lunático” e “Sexperienced”. Mas o final definitivo veio com o cover de “My Generation” (The Who) no bis.

Após uma hora e meia de apresentação, as luzes se acenderam indicando que o show havia se encerrado. Considero o Cachorro Grande uma das poucas bandas brasileiras da última geração que fazem um som realmente bacana. Espero que os caras dêem uma maneirada na bebedeira. Seria muito triste ver músicos tão jovens e com um trabalho tão legal indo embora tão cedo por conta de um vício. Do mais, os caras nos entregaram um show bem enérgico, inspirado e bem rock n´ roll. A fudê! 

sexta-feira, 28 de março de 2014

Lobão – Acústico MTV (2007)



Por Davi Pascale

Em 2007, João Luiz Woerdenbag Filho, finalmente se rendeu ao formato mais popular da MTV. Mesmo tendo realizado um dos melhores shows da série, a crítica torceu o nariz. Insistiam em ficar citando a incoerência artística, no lugar de analisar a qualidade do produto. Para quem não se recorda do fato, Lobão chegou a afirmar que achava o formato degradante e que não toparia participar da série. Os jornalistas acharam sua posição contraditória e passaram 90 % do tempo discutindo esse fato, no lugar de discutir a música apresentada. O cantor tentou se defender dizendo que a história é mutável e o que o formato havia mudado. Uma de suas principais criticas era de que os artistas, até então, da nova cena não participavam da serie. E também reclamava dos álbuns serem meramente releitura de hits. Nesse sentido, realmente havia mudado. 

De todo modo, não estou dizendo que a mudança de postura não devesse ser discutida. Acho até justo uma vez que ele utilizou a expressão 'nunca' na época da declaração. Estou dizendo que terem se focado apenas nisso é sacanagem. Sem contar que quando os artistas que são protegidos da mídia fazem cagada, ninguém fala nada. Por exemplo, quando o Roberto Carlos gravou o mesmo programa e proibiu a MTV de transmiti-lo. Vários jornalistas passaram a mão na cabeça. Roberto realmente é um grande artista. Tenho enorme respeito, mas achei a atitude lamentável. Ele já conhecia o contrato que tinha com a Globo há décadas, por que topou? 
Há alguns pontos para serem analisados. O cara realmente lutou muito para que ocorressem mudanças na indústria fonográfica brasileira. Começou com a onda de lançar CD em banca de jornal (estratégia que depois foi imitada por Blitz, Supla e Titãs), conseguiu a numeração de discos (o que possibilita que o artista tenho um controle maior do quanto precisa receber por vendas, além de dificultar que as gravadoras enganem o público) e esteve por tras da Revista OutraCoisa que ajudou a chamar a atenção de artistas como Vanguart e Cachorro Grande, além de terem lançados trabalhos de artistas renegados pelas gravadoras como o mutante Arnaldo Baptista e o grupo baiano Cascadura. Tentou derrubar os jabás nas rádios (ainda presentes). Pode parecer pouco, mas não é. Ainda mais quando se está praticamente sozinho na luta...
Sua carreira foi marcada por polêmicas. Não apenas nas palavras, mas também nas atitudes. Lobão largou a Blitz no auge do sucesso por não concordar com o rumo das coisas (talvez esse seja um dos poucos casos onde o termo ‘divergência’ não seja utilizado com o intuito de esconder a sujeira) e provocou a fúria de milhares de fãs do heavy metal ao subir ao palco do lado de uma escola de samba durante o Rock In Rio 1991, onde foi escalado para tocar na noite do heavy metal depois do Sepultura. O cantor pretendia demonstrar que o peso da percussão dos sambistas poderia ser maior do que dos ícones do metal. A galera não deu nem chance. Atacaram tudo que tinham direito na cabeça do musico, que interrompeu a apresentação na terceira faixa. Parece que Lobão está certo quando diz que a história é mutável. Atualmente vários artistas de heavy metal utilizam instrumentos percussivos e os headbangers acham o máximo! Qual a diferença entre tocar com a Bateria da Mangueira e o Tambour Du Bronx?
Trabalho vencedor do Grammy Latino foi ofuscado pelo ataque da imprensa
  
As críticas negativas prejudicaram o desempenho do programa. Se o especial não serviu para leva-lo de volta às paradas (como aconteceu com os Titãs e o Capital Inicial), ao menos serviu para mostrar à nova geração que Lobão é muito mais do que um rapaz de opiniões fortes, muitos mais do que um cara sem papas na língua.
Lobão optou por dar ênfase à canções que acreditava que mereceria maior destaque. Das 18 faixas, apenas 7 eram grandes sucessos. Poderia muito bem ter feito um álbum com os hits, assim como fez seu ex-companheiro do Vimana, Lulu Santos. Tem material para isso. Vários de seus grandes sucessos ficaram de fora. Alguns exemplos? “O Rock Errou”, “Vida Bandida”, “Panamericana”, “Vida Louca Vida”, Chorando no Campo”, “Cenas de Cinema”, somente para citar alguns. E, o pior de tudo, é que funcionou. E incrivelmente bem. Para mim, é um dos melhores acústicos da série. A apresentação é inspirada e os arranjos são fantásticos. Mesmo!
Podem até discutir suas atitudes, mas há duas características do artista que ninguém pode negar: ele realmente é um bom músico e é inteligente pra caralho. Essa inteligência fica explicita nas letras de várias de suas canções. Como exemplo poderia citar “El Desdichado II” (onde a versão acústica consegue superar a versão original) e “A Vida É Doce”. O lado bom músico? Basta analisar seu trabalho com um pouquinho de calma. Seja seu trabalho como baterista da Blitz, seja no seu lado hitmaker ou ainda na segurança com a qual toca sua guitarra nas apresentações.
A única coisa que me deixa chateado é perceber como ele fala com desdém de sua obra dos anos 80. Nesse show, deixar as músicas de lado realmente foi uma opção. Já tive a oportunidade de assisti-lo ao vivo e no dia ele tocou tudo que eu esperava ouvir, mas nas entrevistas ele tende a criticar o seu período de maior popularidade e inclusive a cena da época. Cena que ajudou a desenhar, seja tocando bateria com a Blitz ou com a Gang 90, seja ouvindo músicas suas nas vozes de outros artistas (como Marina Lima e Cazuza), seja ouvindo sua própria voz nas rádios. Parece que a raiva que ele tem do sistema fez com que ele pegasse raiva do que produziu quando esteve dentro do sistema. Tudo bem... Concordo que tinha bastante artista de segunda linha nas rádios, mas qual geração não teve isso? Tirando esse fato, minha única reclamação é que ele tem lançados poucos discos. Lobão, estamos à espera de novo material brother!

Faixas:
01)   El Desdichado II
02)   Essa Noite, Não
03)   Decadence Avec Elegance
04)   Bambina
05)   Vou Te Levar
06)   Quente
07)   Por Tudo Que For
08)   Noite e Dia
09)   Me Chama
10)   Você e a Noite Escura
11)   A Queda
12)   A Vida é Doce
13)   Pra Onde Voce Vai
14)   O Misterio
15)   Canos Silenciosos
16)   Blá Blá Blá ... Eu Te Amo
17)   Corações Psicodélicos
18)   A Gente Vai Se Amar

quinta-feira, 27 de março de 2014

Silverchair – Live at Faraway Stables (2004) – CD e DVD

Por Rafael Menegueti

Silverchair - Live at Faraway Stables
Em 2004, os australianos do Silverchair lançaram seu primeiro registro ao vivo, o box “Live at Faraway Stables”, com CD e DVDs duplos, com o show gravado em Newcastle, terra natal da banda. Esse registro também marca a melhor e mais criativa fase da banda ao vivo, pena que não foi lançado no Brasil, e hoje em dia é raridade até entre os fãs da banda.

A turnê era a do álbum “Diorama”, o quarto do grupo, onde a banda explorava uma sonoridade mais experimental, com arranjos sinfônicos e melodias carregadas de emoção e criatividade. Coincidia também com os dez anos da formação da banda, portanto esse show tinha um caráter mais do que especial. Para isso, a banda dividiu a apresentação em dois atos: no primeiro, um set com as faixas mais leves, melódicas e as baladas. No segundo, as músicas mais agressivas, rápidas e pesadas são a prioridade.

Daniel Johns em cena do DVD
Daniel Johns, vocalista e guitarrista da banda, sobe ao palco sozinho na primeira faixa, “After All These Years”, uma emocionante e bela passagem de johns ao piano, de forma intimista e ao mesmo tempo atmosférica. A partir daí, já com a formação completa, começa um desfile de faixas de “Diorama”, onde se destacam as performances de “Luv Your Life”, “Across the Night” e da épica “Tuna In The Brine”. Daniel e seus parceiros conseguem dar um toque leve e tranquilo ao inicio da apresentação, afinal, ela duraria mais de duas horas ao todo, e a energia precisava ser preservada. A banda ainda surpreende acrescentando “Petrol & Chlorine”, faixa obscura do álbum “Freak Show”, de 1997, que nunca era tocada ao vivo. E ela soa bem mais interessante do que na versão antiga de estúdio.

O ponto forte da primeira parte vem quando a banda executa as suas músicas mais famosas: “Ana’s Song (Open Fire)” e “Miss You Love”, ambas do álbum “Neon Ballroom”. Embora elas possam soar calmas demais nessas versões, a banda visivelmente acerta em optar por manter o clima intimista e suave durante todo o primeiro ato. Isso deixou a apresentação mais coesa. A primeira parte é encerrada com “Steam Will Rise”, onde quem se destaca é o baterista Ben Gillies, que carrega o ritmo da música com sua levada e ainda realiza um ótimo solo na música.

A segunda parte se inicia com uma introdução do tecladista Julian Hamilton, e logo a banda entra com a forte “Emotion Sickness”. A faixa que abre “Neon Ballroom” é também uma das mais potentes e impactantes músicas da banda, com sua orquestração pesada e letras sobre angustia e tristeza. Na apresentação ela da a dica de como será o restante do show. “Without You” vem em seguida, mas é com “Israel’s Son”, única e mais pesada faixa do debut da banda, “Frogstomp”, que o show ganha o peso que precisava para explodir de vez.

Banda realizou o show em dois atos
“Do You Fell the Same” e “Black Tangled Heart” na minha opinião quebraram um pouco o clima, e não sei se eram boas opções nesse setlist. Melhor seria se faixas como “Slave” ou “Pure Massacre” tivessem sido lembradas. O show volta a ter o ritmo que devia com “The Greatest View” e o groove de “The Door”. Então outro grande hit da banda, “Freak”, ferve de vez os ânimos e começa a preparar para o final. Ainda haveria “Anthem for the Year 2000” para criar uma interação maior entre a banda e o público. A pesada “One Way Mule” fecha o ciclo antes do bis, que vem com mais uma balada ao piano de Johns, o ótimo lado b “Asylum”.

A banda encerra o show com a empolgante e cheia de riffs “The Lever”, seguida de uma jam improvisada que a banda costumava apresentar nos encerramentos de seus shows. Durante ela, Daniel Johns cria uma historia maluca que ele recita como quem sequer se importa com o que esta dizendo. Divertido, ele pula nos amplificadores e sai fazendo graça com a guitarra, enquanto o caos sonoro fica maior até o encerramento que se da em grande estilo. Um “thank you” de Johns encerra um show da banda que entrou para a historia.

Nota: 8/10
Status: potente

Faixas:

Act 1
"Overture" – 1:32
"After All These Years" – 4:33
"World Upon Your Shoulders" – 5:14
"Tuna in the Brine" – 5:27
"Luv Your Life" – 4:44
"Paint Pastel Princess" – 4:36
"Petrol & Chlorine" – 5:07
"Across the Night" – 5:25
"Ana's Song (Open Fire)" – 4:33
"Miss You Love" – 4:10
"Steam Will Rise" – 9:26

Act 2
"Overture" – 0:55
"Emotion Sickness" – 9:30
"Without You" – 4:11
"Israel's Son" – 7:32
"Black Tangled Heart" – 4:25
"Do You Feel the Same?" – 4:32
"The Greatest View" – 5:08
"The Door" – 5:45
"Freak" – 5:12
"Anthem for the Year 2000" – 6:01
"One Way Mule" – 6:21
"Asylum" – 5:22

"The Lever" – 13:43

quarta-feira, 26 de março de 2014

Humberto Gessinger: Seis Segundos de Atenção (Livro)


 
Por Davi Pascale
 
Humberto Gessinger, eterno líder do Engenheiros do Hawaii, nos entrega mais um livro. Essa já é a quinta vez que o cantor se aventura nesse universo. Para nossa sorte e nosso azar, parece que o rapaz pegou gosto pela coisa. Sorte porque seus livros são sempre interessantes e azar porque desde que começou a se dedicar ao universo literário, sua produção musical caiu bastante. Não de qualidade, mas de quantidade. Em Seis Segundos de Atenção, o gaúcho nos brinda com um livro de crônicas. Mas, afinal, o que são crônicas?
Crônicas são textos narrativos, curtos, com um tempo cronológico determinado, que têm como característica uma linguagem leve, onde o autor discute a partir do seu ponto de vista fatos do cotidiano. Esse posicionamento do autor pode ter doses de humor, críticas e até mesmo ironia.
Gessinger, optou por dividir suas 49 crônicas em 6 partes. Perceba que há uma relação em tudo. Ele concluiu o livro no ano passado quando ainda tinha 49 anos e o livro chama Seis Segundos de Atenção. Ao final de cada parte, o artista nos brinda com algumas letras de sua autoria que estão relacionadas às crônicas que foram abordadas naquela etapa do livro. Grande parte dessas letras, saíram de Insular, álbum lançado em 2013. Aposto que você está pensando: “Ué, mas você não disse que o trabalho de compositor diminuiu?” Sim, mas desde que ele se lançou como escritor em 2008 ele só lançou dois discos de inéditas (sendo que um deles só foi disponibilizado para download).
O baixista faz uma reflexão sobre a ideia de tempo, sobre autoconhecimento, sobre inspiração, sobre a banalização da cultura, sobre a dificuldade de ser compreendido. Para cada tema utiliza citações de grandes pensadores, referências do universo pop e suas próprias experiências para defender seus ideais. Humberto é uma pessoa inteligente e nos brinda com depoimentos interessantes e comentários sensatos.
 
Líder do Engenheiros do Hawaii lança livro de crônicas
 
Há casos que certamente irão fascinar os fãs do Engenheiros do Hawaii. Os comentários do músico sobre a primeira vez que se ouviu nas rádios, a maneira como encara o universo musical, a maneira como encara sua música. Certamente são dados que devem interessar à seus fãs de longa data.
O livro, contudo, não limita-se à essas poucas citações do grupo que o tornou popular. Durante à leitura passamos a conhecer mais o compositor/ letrista enquanto pessoa. Humberto nos conta sobre sua mania de ficar pulando de canais, explica a razão de não gostar de fazer fotos (segundo a narrativa, o que incomoda ele são os ensaios fotográficos e não as fotos que os fãs pedem. Segundo ele, esse tipo de foto, não o incomoda), sobre gostar de praticar tênis. Sem contar que pelas citações e exemplos utilizados, podemos perceber claramente quem são seus ídolos.
Há alguns momentos até engraçados como quando ele comenta sobre os vídeos de surfe e praias que são exibidas no avião como tentativa de acalmar os passageiros. Segundo o relato, durante uma ponte aérea, o vídeo foi interrompido para um comunicado da cabine justo na hora em que aparecia a bunda de uma garota nos monitores. Ou ainda quando conta ter surpreendido em uma loja de CD´s um vendedor e um cliente discutindo sobre quem seria melhor: Andres Segovia ou Eric Clapton.
O livro flui bem, você nem sente o tempo passar. Certamente uma boa pedida, para fãs e não fãs do Engenheiros...

terça-feira, 25 de março de 2014

Rapidinhas para ficar por dentro do rock

Por Rafael Menegueti

- Lista de shows no Brasil esse ano é grande!

Amon Amarth, Crucified Barbara, ReVamp, Children of Bodom, Paradise Lost, HIM, Placebo, Misfits, Tarja e muitos outros ainda passam pelo Brasil. No festival Lollapalooza, que rola nos dias 5 e 6 de abril, as grandes atrações ficam por conta de Arcade Fire, Muse, do metal industrial do Nine Inch Nails e dos gigantes do grunge do Soundgarden. O próximo grande show em São Paulo fica por conta do Guns ‘N Roses, que se apresenta na sexta (28).

Guns 'N Roses está em turnê no Brasil
- O metal de luto

Morreu ontem (24) o ex-guitarrista do Almah, Paulo Schroeber. Considerado um dos melhores guitarristas do Brasil, Paulo morreu após complicações sofridas em uma cirurgia cardíaca. Ele já havia se desligado do Almah, em 2011, por conta de seu problema de saúde. Quem também nos deixou foi o vocalista da banda de thrash metal Gwar, Dave Brockie, mais conhecido como Oderus Urungus. Conhecida por tocar usando fantasias monstruosas, a banda já havia perdido um guitarrista, Cory Smoot, há alguns anos, vitima de um ataque cardíaco. As causas da morte de Dave ainda não foram esclarecidas.

Paulo Schroeber: metal nacional de luto
- The Agonist e Arch Enemy confirmam expectativas

Como eu havia dito na semana passada, The Agonist e Arch Enemy haviam trocado as vocalistas e lançariam novas faixas até o final da semana. Pois eu ouvi as músicas e devo dizer que nenhuma decepciona. “Disconnect Me”, do The Agonist, tem a mesma pegada característica da banda canadense e conta com vocais excelentes da nova vocalista Vicky Psarakis. Já a nova do Arch Enemy, “War Eternal”, já teve o videoclipe oficial lançado e surpreendeu os fãs, que estavam receosos com a nova vocalista, Alissa White-Gluz. Afinal, Angela Gossow era idolatrada por eles. Esperemos agora pelos discos que estão por vir.

Alissa calou os que duvidavam dela no Arch Enemy
- Delain dá pontapé inicial à era “The Human Contradiction”

Falando em discos por vir, a banda de metal sinfônico holandesa Delain realizou na ultima sexta (21), em Zwolle na Holanda, o primeiro show contando com as novas músicas de seu novo álbum, que será lançado no inicio de abril. Os destaques ficam com “Stardust”, primeiro single a ser lançado e para “Here Comes the Vultures”, que abriu o show. A banda ainda contou com Marcela Bovio (Stream of Passion, que também abriu o show) e George Oosthoek, que cantou nas faixas “Pristine” e na inédita “Tell Me, Mechanist”. Agora é esperar “The Human Contradiction” para conferir todas as novas músicas.

A vocalista Charlotte Wessells...
... e o guitarrista Timo Somers no show!

segunda-feira, 24 de março de 2014

Metallica – Estádio do Morumbi, São Paulo (22/03/2014)

Por Rafael Menegueti

Nesse último sábado (22) o Metallica passou mais uma vez pela cidade de São Paulo. Dessa vez, a maior banda de metal do mundo passou por pela cidade com sua turnê mais inovadora, a “Metallica By Request”. A ideia é simples e ao mesmo tempo genial: deixar os fãs escolherem, através de uma votação na internet, o setlist do show. E se tratando de Metallica, essa experiência só poderia ser memorável.

James Hetfileld durante o Show
A noite começou com uma surpresa negativa. O Raven, banda clássica do metal inglês, fez uma das piores apresentações que eu vi na vida. Foram inúmeros problemas técnicos, causados pela ausência de passagem de som. A banda precisou começar o show duas vezes, pois o som simplesmente não saia. Os microfones não funcionavam direito, e cobriam os outros instrumentos dos músicos. A banda dos irmão Mark e John Gallagher ainda subiu no palco atrasada e sem empolgação. O publico praticamente os ignorou. Um show fraco e indigno de uma banda com a importância da mesma. Só arrancaram alguns aplausos quando decidiram mandar um Black Sabbath, mas mesmo assim, foi um alivio o fim do show deles.

A decepção causada pelo Raven parecia ter ocorrido numa realidade alternativa ao que os fãs presenciaram depois, quando o Metallica finalmente subiu ao palco do Morumbi. Debaixo de uma forte chuva e com mais de 60 mil pessoas alucinadas no estádio, a banda morte-americana fez um show impecável. Abrindo com dois clássicos empolgantes, “Battery” e “Máster of Puppets”, a banda demonstrou sua marca registrada: um show agitado e alucinante.

O baterista Lars Ulrich em ação
Durante toda a apresentação, a banda fez questão de mesclar seus clássicos mais pesados e as baladas para dar mais harmonia ao setlist escolhido pelos brasileiros. Ignorando totalmente a chuva, eles deram mais uma vez a certeza do porque são considerados os melhores do mundo, levando os fãs ao delírio com faixas como “Fuel”, “The Unforgiven”, “Sad But True”, “One”, “Nothing Else Matters” e “Creeping Death”. Apesar de faixas óbvias, elas sempre são certeza de sucesso. Mas o êxtase total veio com “Enter Sandman”, maior clássico do álbum preto e que encerrou a primeira parte do show. Vale lembrar também que a nova música, “Lord of Summer”, foi outro momento alto do show. Ela mostra como definitivamente o Metallica ainda pode lançar músicas em grande estilo.

No bis, a banda soltou mais alguns momentos marcantes. “Whiskey In The Jar”, cover que a banda não tocava desde 2009, fez a alegria dos fãs mais abertos à fase mais comercial da banda. “The Day That Never Comes”, melhor e única faixa de “Death Magnetic” tocada no show, escolhida pelos fãs por SMS durante a apresentação, foi muito bem executada. A banda encerraria a apresentação com mais um clássico, “Seek & Destroy”, do álbum “Kill ‘em All”, deixando o publico completamente sem palavras.

Choveu bastante durante o show
Em um show onde a interação com o público foi o maior destaque, inclusive com fãs do fã clube da banda no palco, o Metallica fez uma de suas melhores aparições no Brasil. Sendo o setlist exatamente como os fãs queriam, e com momentos memoráveis e com a assinatura do Metallica, o show não poderia ter sido melhor.

Nota: 10
Status: De tirar o fôlego

Setlist:

Battery
Master of Puppets
Welcome Home (Sanitarium)
Fuel
The Unforgiven
Lords of Summer
Wherever I May Roam
Sad But True
Fade to Black
And Justice for All
One
For Whom the Bell Tolls
Creeping Death
Nothing Else Matters
Enter Sandman


Encore:
Whiskey In The Jar
The Day That Never Comes
Seek & Destroy

domingo, 23 de março de 2014

Tarja - Act I DVD (2012)


Por Davi Pascale
Quando a cantora Tarja Turunen foi mandada embora do Nightwish, muitos duvidavam que ela continuaria fazendo trabalhos ligados ao heavy metal. Tarja nunca fez segredo nas entrevistas e afirmava que só tinha passado a conhecer o estilo depois que já estava na banda. Como seu grande ídolo, era comum citar a cantora Sarah Brightman. Entretanto, para a surpresa de todos, a artista conseguiu fazer uma mistura perfeita de rock, metal, música clássica e pop no disco My Winter Storm. No disco seguinte, What Lies Beneath, veio com um som ainda mais pesado calando a boca de todos. É a turnê desse disco que está registrado nesse novo DVD: Act I.
Os fãs do Nightwish costumam idolatrar o tecladista Tuomas Holopainen. Afinal, ele é o dono da banda e o responsável pelas composições. Embora nunca tenha concordado com muitas de suas atitudes (por exemplo, a já citada demissão de Tarja. Sem contar que essa saída da Anette também foi muito estranha...), sou obrigado a concordar que o rapaz é um ótimo músico e um excelente compositor. Sou um grande fã do Nightwish desde o lançamento de Oceanborn. Mas sou obrigado a concordar que a carreira solo de Tarja Turunen tem me impressionado muito mais do que os trabalhos mais recentes do Nighwish. Tenho achado os discos dela muito mais consistentes.

Quem é fã, não tem do que reclamar do DVD. A qualidade de imagem e áudio é perfeita. Assim, como a performance dos músicos. O grande destaque vai para o baterista Mike Terrana (Rage, Axel Rudi Pell), um verdadeiro monstro! E, é claro, Tarja Turunen. Aqui, a linda cantora demonstra tudo aquilo que seus fãs esperam: charme, simpatia e performance vocal impecável. Há quem julgue ela, mas honestamente acho uma das melhores vozes que surgiu na cena metálica nesses últimos anos.
Dona de um grande domínio vocal, Tarja Turunen esbanja simpatia

O show é comprido. São 2:30h de apresentação se somarmos as canções do DVD principal com as canções que entraram de extra no DVD 2. De brinde, temos uma entrevista onde Tarja explica o fato de ter escolhido gravar na Argentina, como é para ele misturar música clássica e heavy metal, sua relação com fãs etc. A entrevista é curta – aproximadamente 20 minutos – e flui bem. Nas divertidas declarações, vale citar como destaque o momento onde ela conta ter recebido como presente de um fã um urso de pelúcia que era tão grande que ela tinha dificuldade de caminhar com ele no aeroporto e teve que levar o urso sentado ao lado dela no avião...
O repertório é baseado em seus trabalhos solos, mas seus antigos fãs podem relembrar o passado com a interpretação de "Nemo" (Once) e das versões de "The Phantom Of The Opera" e "Over The Hills And Far Away". É difícil citar um destaque durante o show. Acho que ela conseguiu manter o (alto) nível durante a performance, mas ainda acho que “Boy And The Ghost” deveria estar no DVD principal e não nos extras. Deixe a birra de lado e assista! Recomendado não somente à aqueles que gostam de metal, mas à todos aqueles que gostam de boa música... 
Nota: 9,0
Status: Empolgante
Faixas:
DVD 1
If You Believe / Anteroom of Death / My Little Phoenix / Dark Star / Naiad / Falling Awake / I Walk Alone/ Orpheus Allucination - Orpheus In The Underworld / Little Lies Band Jam / Little Lies / Into The Sun / Nemo / River of Lust - Minor Heaven - Montañas de Silencio / Sing For Me / I Feel Immortal / Never Enough / In For a Kill / Toccata and Fugue D-Minor / The Phantom of the Opera / Die Alive / Until My Last Breath / Over The Hills And Far Away
DVD 2
Boy and Ghost / Lost Nothern Star / Ciaran´s Well / Tired Of Being Alone / Where Were You Last Night - Heaven Is a Place on Earth - Livin´ On a Prayer / Underneath / The Reign / Oasis - The Archive of Lost Dreams / Still of the Night / Crimson Deep 

sábado, 22 de março de 2014

Extreme de Volta à Ativa





Por Davi Pascale

Neste mês de Março, completa-se 25 anos que o primeiro trabalho do Extreme chegou às lojas. Embora tenha recebido boas críticas, o debut passou batido do grande público. Os garotos só dominariam as paradas mesmo com o segundo disco II – Pornograffitti (1990), graças ao megahit “More Than Words”. Agora em Junho a banda volta à ativa com uma turnê comemorativa onde irá interpretar seu disco mais famoso na íntegra.

Embora, no Brasil, a crítica tirasse sarro do conjunto, em uma questão não havia discussões: Nuno Bettencourt era uma das grandes revelações daquela geração. O menino prodígio já havia chamado a atenção da critica internacional quando lançaram seu trabalho de estréia, para dizer a verdade. Embora já tenha escutado algumas críticas em relação à sua pessoa, ninguém questiona seu talento. Sua técnica, seu feeling, sua criatividade, era invejável e certamente fazia a diferença no grupo.

Gary Cherone, por outro lado, fazia bons trabalhos vocais nos discos, mas ao vivo era fraquérrimo. Ainda me lembro da decepção que tive ao assisti-lo, pelo televisor, na apresentação do extinto festival Hollywood Rock ´92 e no Freddie Mercury Tribute. Além de desafinar muito, sua voz tremia como um cabrito. Não entendi quando o Van Halen anunciou que seria o substituto de Sammy Hagar. E, 17 anos depois, continuo não entendendo. Até pegava influencia de Van Halen no som dos rapazes, principalmente nas guitarras, mas era nítido que ele não tinha potencial para se segurar em um projeto desses. O resultado não poderia ter sido diferente: reação negativa do publico, álbum fracassado, um disco e nada mais.

Nuno Bettencourt era o grande destaque do grupo
 
Se nos concertos a banda dividia opiniões, nos álbuns faziam bonito. Os três primeiros álbuns da banda – Extreme, II Pornograffitti e III Sides To Every Story – ainda empolgam décadas depois. Os três CD´s são repletos de canções memoráveis. Faixas como “Kid Ego”, “It´s A Monster”, “Decadence Dance”, “Color Me Blind” e “Rest In Peace” certamente marcaram minha adolescência. Os demais trabalhos Waiting For The Punchline e Saudades de Rock, são interessantes e contam com bons momentos, mas já estavam um nível abaixo, na minha opinião.

O grupo surgido, em 1986, na cidade de Boston tinha em sua formação clássica, além dos já citados Gary e Nuno, o competente baixista Pat Badger e o fraco baterista Paul Geary. Embora os músicos não tivessem o mesmo nível técnico, eles tinham uma química que funcionava legal. Sempre aguardava ansioso pelo lançamento do disco deles.

O grupo teve seu primeiro baque em 1994, quando Geary, resolveu abandonar o barco no auge do sucesso. Nunca entendi bem o que rolou para que tomasse essa decisão naquele momento. Uma coisa, entretanto, é verdade. O rapaz se lançou em uma carreira de empresário e se deu bem. Chegou a empresariar várias bandas que dominaram as paradas nos anos 90 e 00 como Smashing Pumpkins, Godsmack, Creed, Alter Bridge e Hoobastank, só para citar alguns. Certeza que ganhou um dinheirinho, fala aí... Para seu lugar trouxeram o excelente Mike Mangini, que tinha toda a técnica que o anterior não tinha. Exatamente esse que vocês estão pensando, o rapaz que acompanhou o Steve Vai e que atualmente substitui o Mike Portnoy no Dream Theater. Sim, meus amiguinhos ele foi do Extreme e gravou com eles.

Lineup atual: Pat Badger, Nuno Bettencourt, Gary Cherone e Kevin Figueiredo

 Dois anos depois, a banda anunciou a separação. Acredito que tenham ficado desanimados com a queda de popularidade. Embora tenham conseguido algum destaque com a faixa “Cynical”, a atenção voltada à eles diminuiu bastante. Não apenas o grupo não tinha mais a mesma força, como o próprio hard rock não tinha mais a mesma força de antes. Nessa época, quem estava dominando as paradas eram a cantora Alanis Morissette com Jagged Little Pill , o Metallica com Load e o Smashing Pumpkins como seu álbum duplo Mellon Collies and Infinite Sadness. Os únicos grupos de hard rock que estavam dando o que falar nesse momento eram o Kiss, que havia acabado de anunciar o retorno da formação clássica, e o Aerosmith. O Bon Jovi anunciaria uma pausa não muito tempo depois, Guns n Roses e Van Halen estavam enrolados (para variar) e o resto já havia sumido.

Nuno lançou o Schizophonic, seu primeiro trabalho solo, em 1997 e se deu mal. O rapaz tentou se adaptar ao mercado fazendo um som com um pé no alternativo e o disco simplesmente não aconteceu. Os fãs do Extreme não curtiam aquele som e os fãs daquele som não demonstraram interesse. Sem contar que o trabalho vocal dele era fraquinho, fraquinho. Ainda tentou mais alguns projetos como o Mourning Windows e Dramagods, mas ambos passaram batidos tanto pelo publico quanto pela critica. Seus trabalhos foram tão mal sucedidos que ele abriu mão de seu lado compositor e passou a ganhar dinheiro se apresentando ao lado da cantora pop Rihanna, com quem vem se apresentando desde 2010. Nesse meio tempo, chegou a se casar com Suze DeMarchi, cantora do ótimo grupo Baby Animals (mais um que está voltando às ativas), com quem esteve junto por 15 anos.

Os rapazes estão retornando com o mesmo lineup de 2008. Ou seja; Gary Cherone nos vocais, Nuno Bettencourt nas guitarras, Pat Badger no baixo e o baterista Kevin Figueiredo. A idéia do espetáculo é bacana, vamos ver se vai pra frente!