domingo, 7 de agosto de 2016

Dado Villa-Lobos – Memórias de Um Legionário (2015):





Por Davi Pascale

Guitarrista da Legião Urbana lança livro auto-biográfico e traz histórias de bastidores sobre uma das bandas mais populares do rock brasileiro. Material merece ser conferido por fãs e estudiosos sobre a cena roqueira.

Tem gente que ama, tem gente que odeia, mas a verdade é uma só. A Legião Urbana foi e continua sendo um dos maiores nomes do rock brasileiro. Aqui, Dado explica detalhadamente a trajetória deles. Traz histórias sobre os shows, sobre as gravações, sobre as decisões, sobre o convívio. Algumas já conhecidas do grande público, outras nem tanto.

A Legião tinha algumas atitudes não muito usuais, como a escolha de fazer poucos shows. Quando um artista estoura é comum que entrem numa rotina maluca de apresentações. Principalmente quando se transforma em um fenômeno, como foi o caso deles. E isso não era garantia de que o show seria lindo e maravilhoso. Tudo dependia do bem-estar de seu líder Renato Russo. Uma apresentação da Legião era uma caixinha de surpresas. Poderia ser fantástico ou poderia ser uma enorme catástrofe.

Dado Villa-Lobos explica vários shows onde tiveram dor de cabeça. Shows que abandonaram o palco no meio, shows que Renato teve bate boca com o publico. Não apenas lembra o que, quando e onde ocorreu, como explica também a razão daquelas explosões.

Um dos maiores tesouros, para quem é fã, é ter a chance de descobrir, através dos próprios músicos, detalhes sobre as gravações. O que ocorria no estúdio, quem estava ali com eles, de onde veio a ideia daquele acorde, daquela afinação, onde quiseram chegar com aquela letra. O guitarrista não deixa por menos e faz vários comentários sobre as composições. Quais foram as inspirações, o que estavam ouvindo na época, em quem Renato se inspirou para escrever tais versos.

Como toda boa banda de rock, não faltam brigas entre os músicos. E elas também não foram escondidas. Comenta desde as brigas entre os músicos de apoio, quanto às brigas entre eles próprios. E sim, a expulsão de Renato Rocha, o Negrete, é tratada.

Não faltam ainda detalhes sobre sua relação com a gravadora, a decisão de não se apresentarem muito ao vivo, a decisão de esconder do publico a doença do Renato, a decisão de mantê-lo trabalhando mesmo doente, o envolvimento deles com o álcool e as drogas. Livro bem honesto!

A leitura não é muito demorada, o livro não é muito longo e a linguagem utilizada pelo músico é bem simples. Minha única critica é que, por ser um livro do Dado Villa-Lobos, esperava um pouco mais de informações sobre seus álbuns solo, sobre as trilhas que escreve. Sempre tive curiosidade de saber um pouco mais sobre esses trabalhos, mas para quem quer saber sobre seus anos na Legião, o livro é um prato cheio.

O músico detalha toda a trajetória de maneira bem respeitosa. Mesmo na hora de comentar os assuntos mais polêmicos, Dado mantém o tom de admiração por seus colegas. Gosta da Legião? Então, a leitura é essencial. Simples assim!