domingo, 1 de novembro de 2015

Metalmorphose – Correntes (2015):



Por Davi Pascale

Raro compacto retorna às lojas. Disco demonstrava uma banda mais madura, porém mais comercial. Disco essencial na coleção de quem curte a cena hard/metal brasileira.

Existem alguns nomes da cena metal dos anos 80 que sobreviveram ao tempo e conseguem mesclar seu público com novos/velhos ouvintes. Seria o caso de artistas como Viper, Korzus e Sepultura. Outros, porém, ficaram restritos entre aqueles que viveram a época, por mais que fizessem um trabalho de qualidade. Alguns artistas sequer conseguiram lançar um full-length na ocasião. É o caso do Metalmorphose. Antes da separação, houve apenas 2 lançamentos dos garotos: o (histórico) Split LP Ultimatum, onde dividiam o disco com o, até então, iniciante Dorsal Atlântica; e um 12” com apenas duas faixas. Esse que retorna agora ao mercado em formato de 7”. O LP realizado ao lado do Dorsal teve algumas reedições, até por conta do prestígio que o grupo de Carlos Lopes atingiu, mas essa é a primeira vez que Correntes retorna ao mercado. O material estava fora de catálogo desde 1986.

Nitidamente, os meninos estavam em busca de uma nova direção musical. Não somente o som estava mais polido, como o visual deles havia mudado. Cabelos mais bem arrumados. A velha roupa de couro e tachinhas deu espaço para roupas de oncinha com direito até à uma bandana na cabeça de Tavinho Godoy. Honestamente? Prefiro eles aqui. As músicas estavam mais bem resolvidas e casavam melhor na voz de Tavinho.

Disco obscuro retorna às lojas. Material apontava para uma sonoridade mais hard rock

Enquanto as músicas de Ultimatum apostavam mais em um heavy tradicional, as de Correntes apostavam em uma sonoridade mais hard rock. Parte dessa nova influência vem por conta do trabalho de teclado de Celso Suckow (sim, foi o guitarrista quem gravou os teclados). Tanto os timbres quanto as construções do teclado, remetem bastante ao que os grupos de hair metal da época faziam. As guitarras bebiam bastante da cena hard/heavy oitentista. Aliás, os solos de guitarra são um dos pontos altos do disquinho.

Outro ponto alto é o trabalho vocal. Algo que me incomoda em alguns grupos dessa cena é a falta de um bom vocalista. Diversos grupos da época tinham excelentes instrumentistas, mas deixavam a desejar no vocal. Mas, logicamente, haviam algumas exceções. Tavinho Godoy era uma dessas exceções e aqui demonstrava um enorme amadurecimento. Com a voz mais bem controlada, o rapaz sempre cantou com voz limpa, e explora aqui um pouco mais o famoso falsete. Só que não em uma pegada Andre Matos. Era em uma pegada mais Taffo. As linhas vocais também estavam mais melódicas do que no trabalho anterior.

Com boa qualidade de gravação, letras em português e excelentes músicas com ótimos refrãos, os garotos poderiam ter despontado na cena na época se tivessem um empresário com bala na agulha. Algo que, infelizmente, não ocorreu. O vinil acaba de ser relançado pelo selo Neves Records e foi prensado em duas cores: preto e transparente. Quem tiver interesse, corre atrás logo porque a edição é limitadíssima em 300 cópias numeradas. Eu já consegui o meu...

Nota: 10,0 / 10,0
Status: Histórico

Faixas:
      01)   Correntes 
      02)   Vivendo e Aprendendo