quinta-feira, 30 de abril de 2015

Discografia comentada: Nemesea

Por Rafael Menegueti


Hoje decidi falar sobre mais uma banda pouco conhecida por aqui da cena do metal holandês com vocal feminino, o Nemesea. A banda já tem mais de 10 anos de estrada, mas apenas 3 álbuns de estúdio (o mais recente de 2011) e um ao vivo. No entanto, o que me chamou a atenção foi o fato de o som deles ser bem simples e evoluído consideravelmente de um trabalho para o outro. E para alegria de seus fãs, eles estão preparando um novo disco.

O grupo foi fundado pela vocalista Manda Ophius e pelo guitarrista Hendrik Jan de Jong, conhecido como HJ, em 2003. A princípio, a banda fazia metal sinfônico. Dentre as varias mudanças de formação, o único membro que segue desde o principio na banda além de Manda e HJ é o baixista Sonny Onderwater.

Mana (2004)


O primeiro disco da banda foi lançado por uma gravadora pequena e mostrava uma banda com uma sonoridade mais sombria e voltada para o gothic/symphonic metal. As composições são boas, mesmo não sendo tão elaboradas quanto um disco desse tipo costuma ser. A banda abusa do uso de teclado e corais, os riffs de guitarra são envolventes e os vocais de Manda são afinados e sem muito rodeio. A simplicidade valeu os elogios que o disco recebeu. Destaques: Threefold Law, Angel In The Dark, Lucifer.


In Control (2007)


Depois de flertar com algumas gravadoras maiores, a banda decidiu lançar seu segundo disco através do sistema de crowdfunding do site holandês Sellaband. A iniciativa foi muito bem sucedida, e a banda conseguiu um número recorde de doações, lançando então seu segundo disco, “In Control”. Diferente de "Mana", a banda deixou de lado as influências de metal sinfônico de bandas como After Forever e Nightwish, partindo para uma sonoridade mais voltada ao gothic rock e com forte uso de sintetizadores. As canções continuam simples, mas agora um pouco mais radiofônicas. Apesar de tudo, “In Control” soa muito pouco ousado e é menos marcante, mas já mostra uma banda caminhando positivamente em direção de sua própria proposta músical. O disco ainda conta com a inusitada participação do cantor havaiano Jake Kongaika, mais conhecido como Cubworld, na faixa “The Way I Feel”. Destaques: No More, The Way I Feel, Remember.


Pure: Live @ P3 (2009)


Após o começo promissor a banda lançou seu primeiro CD ao vivo. “Pure: Live @ P3” contem faixas gravadas nas apresentações dos dias 02 e 03 de julho de 2009, na cidade de Purmerend, na Holanda. O show teve uma inovação na engenharia de som, ao ser realizado em surround 7.0, um projeto em parceria com estudantes de uma universidade de artes de Utrecht. No CD estão versões ao vivo de todas as faixas do álbum “In Control”, alguns improvisos instrumentais e uma cover de “No Good (Start the Dance)” do Prodigy. Apenas duas faixas do primeiro disco, “Mana”, aparecem no CD, “Lucifer” e “Angel In the Dark”.


The Quiet Resistance (2011)


O mais recente disco da banda saiu em 2011. “The Quiet Resistance” foi o primeiro disco da banda após assinar com a gravadora austríaca Napalm Records, e a evolução que a banda mostra nele é considerável. Nele a banda finalmente conseguiu dar uma cara mais potente e empolgante às suas composições, mesmo com a simplicidade característica do grupo. As faixas transitam bem entre canções mais melodiosas, com influencias que iam do rock alternativo ao metal industrial. Aqui os sintetizadores e teclados conseguem dividir bem o papel de carregar as músicas com a guitarra de HJ, e os vocais de Manda estão com uma personalidade própria. O disco ainda conta com as participações especiais de Charlotte Wessels (Delain), na faixa “High Enough”, e Heli Reissenweber (Stahlzeit, uma banda cover do Rammstein), na ótima “Allein”. Destaques: Caught In the Middle, Afterlife, High Enough, Say, Allein.


quarta-feira, 29 de abril de 2015

Quase Famosos (2000):



Por Davi Pascale

Estou de volta com mais uma dica cinematográfica. Há aproximadamente 15 anos chegava aos cinemas, esse que muitos consideram um dos melhores filmes sobre rock. Misturando fatos reais com histórias inventadas, a película se passa nos anos 70, resgatando um pouco da cultura da época.

Quase Famosos é uma história ficcional, mas nem tanto. O diretor Russel Crowe baseou-se na sua própria história para escrever o roteiro do filme. Nascido em Palm Springs (California), Crowe iniciou sua carreira como jornalista, chegando a escrever para revistas musicais super respeitadas como Cream Magazine e Rolling Stone. Durante sua trajetória, chegou a entrevistar artistas icônicos como Bob Dylan, David Bowie, Neil Young, Eric Clapton, Santana, Led Zeppelin, Allman Brothers, entre outros. O grupo de Gregg Allman, na real, foi sua primeira capa na Rolling Stone.

A história gira em torno de William Miller, um jovem apaixonado por rock, criado por uma mãe super-protetora, que se lança no universo do jornalismo musical. William encontrou significado em sua vida fuçando a coleção de discos de sua irmã que havia saído de casa. Foi ali que descobriu seus heróis. No longa, tem uma cena marcante, onde recebe uma dica do respeitado Lester Bangs, assim que começa dar as caras para bater com seus textos: “seja honesto e impiedoso”. Crowe realmente teve contanto com Bangs enquanto trabalhava como critico. Na época em que escrevia para a Cream, Lester Bangs era o editor da publicação.

Kate Hudson no papel de Penny Lane

O filme ganha fôlego quando o garoto consegue uma entrevista com um grupo em ascensão, Stillwater. O garoto passa a excursionar ao lado dos músicos e ali passa por uma nova transformação. É o momento onde perde a inocência e passa a ver o lado negro da coisa. Bebida e droga por todo lado. Briga por egos. Músicos fazendo tipo e dizendo coisas sem pé, nem cabeça. Garotas passando em mãos de diferentes músicos, de diferentes bandas. Músicos disputando para ver quem iria dormir com tal groupie, etc. Há uma cena onde uma garota é trocada por uma lata de cerveja e 50 dólares. Podem acreditar, essas coisas acontecem nos bastidores.

Miller consegue vender a matéria para a Rolling Stone, que promete capa aos rapazes. Quando ficam sabendo da noticia, transformam o menino um herói. Ao ficarem sabendo do conteúdo, contudo, negam tudo, colocando o garoto, que havia dito nada mais do que a verdade, em maus lençóis. E daí ele ganha mais um aprendizado: muito se aproximam por interesse e mantém uma amizade enquanto aquilo for interessante para eles. Infelizmente, não se pode confiar em todos. O garoto que era fã dos caras, volta pra casa desiludido.

Na película, há várias referências. Penny Lane (Kate Hudson), groupie por quem o garoto se apaixona, é o nome de uma canção dos Beatles. É também o nome de uma rua de Liverpool. A banda Stillwater do filme é ficcional. Entretanto, existiu um grupo nos anos 70 com esse mesmo nome. Uma banda de southern rock que durou não mais do que 2 ou 3 discos. As canções que vocês ouvem no filme, entretanto, foram compostas por Peter Frampton e Nancy Wilson (esposa de Crowe e guitarrista do Heart). Como curiosidade, vale lembrar que Mike McReady, guitarrista do Pearl Jam, foi o responsável pela gravação de boa parte das guitarras e que Frampton também serviu como consultor para o roteiro da película. Para quem não sabe, o rapaz é um guitarrista famoso e nos anos 70 (período em que se passa a história) fez parte do icônico Humble Pie.

Stillwater: grupo criado para o filme

E não para por aí. Quem assiste ao longa, sempre comenta de duas cenas em especial. Uma de quando o guitarrista Russell Hammond sobe no telhado de uma casa, chapado de LSD, e sai gritando: “Eu sou um Deus dourado”. E, outra, quando a banda está em uma viagem de avião. E durante uma forte turbulência, todos começam a revelar seus podres acreditando que o avião vai cair. Essas histórias foram inspiradas em Robert Plant (cantor do Led Zeppelin) e The Who, respectivamente. Plant fez aquele papelão no topo de um hotel em Los Angeles. O quase acidente com o The Who, ocorreu durante uma excursão nos EUA, na qual Crowe estava junto para escrever uma matéria.

Apesar do que pode parecer, o filme não é forte, nem chocante. Pelo contrario, é um filme bem leve e gostoso de assistir que chega a render algumas risadas, inclusive. Lançado no Brasil em DVD e blu-ray é bem fácil de ser encontrado por aí. Recomendadíssimo!  

terça-feira, 28 de abril de 2015

Lyriel - 10 (EP- 2015)

Por Rafael Menegueti

Lyriel - 10
Os alemães do Lyriel completam em 2015 dez anos do lançamento de seu primeiro disco, “Prisonworld”. O som da banda evoluiu muito de lá pra cá. Embora eles sempre tivessem capacidade de lançar músicas interessantes, foi apenas em seus dois últimos trabalhos (“Leverage”, de 2012, e “Skin and Bones”, de 2014) que eles atingiram um nível realmente de excelência. O som que hoje é mais próximo do metal sinfônico com elementos de hard rock antes era mais voltado ao folk metal. E é exatamente essa fase que a banda exalta com seu EP “10”, que também acabou sendo o último lançamento com o guitarrista fundador da banda Oliver Thierjung como membro fixo. Ele recentemente anunciou que seguirá apenas como compositor e músico de estúdio.

A banda fez uma escolha simples para comemorar seus 10 anos na estrada. Escolheram 3 faixas de cada um de seus dois primeiros álbuns, “Prisonworld” (2005) e “Autumntales” (2006), que marcam essa fase inicial do grupo, e as regravaram buscando manter a essência das músicas, mas acrescentando um pouco de sua direção atual. A banda, no entanto, ignorou seus três álbuns seguintes, “Paranoid Circus”  (2009) e os já citados “Leverage” e “Skin and Bones”, até porque eles são mais recentes e já trazem a evolução que a banda apresentou ao longo dos anos. Portanto, não faria sentido incluí-las nesse momento.


A faixa escolhida para abrir o EP foi “Surrender In Dance”, do segundo disco. Uma boa escolha, já que é uma das melhores e mais envolventes faixas do disco. A banda fez uma execução mais consistente e com um som mais encorpado. Em seguida veio “Prisonworld”, faixa-título do disco de estreia. Como vem ocorrendo nos últimos discos, a banda deixou de lado os arranjos de piano que fazem parte da versão original e preferiu dar uma sonoridade mais pesada a canção. “Lind E-Huil”, faixa cantada em língua élfica também teve os arranjos de piano omitidos, priorizando os arranjos de cordas, as guitarras e o dedilhado de violão das partes mais suaves da semi-balada. “Regen” já é uma faixa mais animada também tirada do segundo disco, e com letra em alemão.

A faixa do primeiro disco “Crown of the Twilight” é a que ficou mais diferente da versão original, até porque nela os pianos tinham um papel importante nos arranjos. O que poderia ter prejudicado a faixa foi superado pela criatividade da banda, que conseguiu recriar os arranjos sem o uso do piano deixando ela tão interessante quanto a original. Encerrando a sequencia de clássicos da banda está “Wild Birds”, uma ótima faixa, bem folk metal, e que resume bem a sonoridade do grupo, com linhas de guitarras bem elaboradas e boa interação com o violino e o violoncelo que trazem o folk à canção. Para encerrar o EP a banda incluiu uma faixa inédita, “The Sailor”, que soa como uma mistura dos elementos de todas as fases da banda.

As atuações dos músicos são bem consistentes. Os vocais de Jessica Thierjung sempre fazem bonito, assim como as guitarras que imprimem peso e melodia na hora certa. A dupla de irmãos Joon e Linda Laukamp segue dando uma sonoridade única ao som do grupo com sua entrosada união de violino e violoncelo, respectivamente. E a bateria é precisa e sem rodeios. O Lyriel continua mostrando que é formada por excelentes músicos e, com esse EP, prova que sabe acompanhar sua própria evolução com lucidez e sem deixar de lado todos os bons elementos de sua sonoridade. Mais um ótimo lançamento dessa boa e ainda desconhecida banda alemã.

Nota 9/10
Status: Competente

Faixas:
1. Surrender in Dance
2. Prisonworld
3. Lind E-Huil
4. Regen
5. Crown of the Twilight
6. Wild Birds
7. The Sailor

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Monsters of Rock – 26/04/2015 (Anhembi / SP):



Por Davi Pascale
Fotos: Camila Cara/Monsters of Rock

Monsters of Rock fecha sua sexta edição com os mascarados do Kiss. Em torno de 40.000 pessoas compareceram e curtiram uma bonita noite com atrações para ninguém botar defeito.

Estive na primeira edição do Monsters of Rock, realizada no Estádio do Pacaembu em 1994, justamente para assistir ao Kiss. Naquela primeira edição, o cast era bem dividido: 4 atrações nacionais, 4 internacionais. Provavelmente faltou cash para trazer mais gringos na primeira vez, mas é fato que poderiam ter dado mais espaço para artistas brasileiros na nova edição. Pelo menos, uns 2 por noite. Ontem, tivemos apenas 1 brasileiro se apresentando: o fraco Dr. Pheabes.

Iniciando sua apresentação em torno de 12:15, em um dia ensolarado, bem que os caras tentaram, mas não conseguiram convencer. A qualidade do som não estava ruim, estava até mais alto do que a banda seguinte, mas as composições são muuuuito fracas. Não via a hora do show acabar. Ainda bem que não demorou para acontecer. O único momento que levantaram a galera foi quando entrou uma loira no palco para ficar fazendo danças sensuais. Quando uma dançarina convidada arranca mais aplausos do que a banda em toda sua apresentação, é hora de repensar a carreira. Na sequência, tivemos a apresentação do satírico Steel Panther. A banda está na ativa desde 2000, mas seus músicos já estão na estrada desde muito antes. O ótimo vocalista Michael Starr, por exemplo, se chama Ralph Saenz e fez parte de uma das inúmeras formações do L.A. Guns. O guitarrista Satchel é o Russ Parrish que fez parte do projeto War & Peace de Jeff Pilson (Dokken) e do Fight de Rob Halford (Judas Priest). Tarimbados, os músicos fizeram um show redondo e ganharam a platéia com seu deboche e suas ótimas composições. Apresentação divertida e muito bacana.

Steel Panther empolgou o publico, mesmo sem ter hits no país

O egocêntrico e talentoso Yngwie Malmsteen veio a seguir. Verdade seja dita, o cara é dono de uma ótima trajetória, com vários discos considerados clássicos, além de ter lançado um novo estilo de tocar guitarra. Não tenho a menor duvida que, sem Yngwie, vocês jamais teriam ouvido falar de um cara como Timo Tolkki, por exemplo. Infelizmente, o rapaz não atravessa uma fase maravilhosa. Conhecido por seu perfeccionismo, decepcionou ao subir ao palco com um som extremamente mal equalizado (o pior do festival), poucos clássicos e a ausência de um vocalista de frente. Conhecido por ter popularizado grandes nomes do seguimento como Jeff Scott Soto e Michael Vescera, dessa vez quem ficou responsável pelos vocais foi o tecladista Nick Marino, que não frustrou, mas também não brilhou. Apenas cumpriu seu papel. Muito pouco para um artista da magnitude de Malmsteen. Aqueles que, como eu, tiveram a oportunidade de conferir suas duas primeiras passagens no país, ambas no extinto Olympia, sabe que ele é capaz de mais, muito mais...

O próximo a se apresentar foi o Unisonic. O grupo ficou famoso por reunir novamente a dupla Kiske/Hansen.   Estava com uma grande expectativa, afinal sou um grande fã de Helloween, Gamma Ray e gostei muito dos discos do conjunto. Consegui ver o Helloween de perto algumas vezes (a primeira, aliás, no Monsters de 1996), mas sempre com Andi Deris nos vocais. Não consegui comparecer quando o novo grupo veio ao Brasil 3 anos atrás, portanto minha expectativa era a alta. E foi correspondida. Os rapazes deram uma aula de heavy metal com um show extremamente profissional. Michael Kiske provou que a idade não fez mal às cordas vocais. Pelo contrário, o cara roubou a cena em diversos momentos com seu enorme alcance e seu incrível carisma. Se Andre Matos assistisse esse show se aposentaria no dia seguinte. A platéia recebeu bem as composições de seu novo álbum, Light of Dawn, e foram ao delírio nas (poucas) canções do Helloween. Em especial, no clássico “I Want Out”.

Accept veio a seguir e não deixou pedra sobre pedra. Sem duvidas, um dos melhores shows da noite. Com uma formação extremamente afiada, o que chega a ser impressionante já que o guitarrista Uwe Lulis e o baterista Christopher Williams chegaram há pouquíssimos meses, os caras levaram a galera ao delírio. Os lendários Wolf Hoffman e Peter Baltes continuam extremamente precisos em suas performances. Mark Tornillo provou ser a escolha correta na difícil tarefa de substituir o não menos lendário Udo Dirskschneider. No set, apresentaram canções de sua nova fase, além de inúmeros clássicos como “Fast As a Shark”, “Restless & Wild”, “Princess Of The Dawn”, “Metal Heart” e “Balls To The Wall”. Mortal!

Accept prova estar em grande fase e se destaca no festival

A próxima atração seria o polêmico Manowar. Embora contem com uma platéia grande e extremamente fiel, sempre houve quem torcesse o nariz para os caras, por conta de seu visual e das brincadeiras que fazem com o público durante o show. Para piorar a situação, sua ultima passagem ao país havia decepcionado grande parte dos seguidores, onde eu me incluo. Teriam a difícil tarefa de não apenas convencer os detratores, mas de reconquistar uma boa parte de seus antigos fãs. Dessa vez, acertaram em cheio. Diminuíram as brincadeiras, rolou apenas um discurso do baixista Joey De Maio, e focaram nos clássicos. O vocalista Eric Adams continua com a voz extremamente potente e os músicos afiados. Até teve um ou outro erro, mas nada que diminuísse a apresentação. O único senão é essa mania de querer ser a banda mais alta do universo que, em alguns momentos, joga contra o grupo. O som extremamente alto, por vezes, deixa o som estridente demais, como se pôde notar em diversos momentos do show. O set foi espetacular e não faltaram canções como “Metal Daze”, “Hail & Kill”, “Sign Of The Hammer”, “Battle Hymns” e “Black, Wind, Fire & Steel”. Apagaram a imagem ruim que haviam deixado na outra vez.

O lendário Judas Priest veio a seguir. Conhecidos por serem um dos pioneiros daquilo que hoje é conhecido como heavy metal, os caras possuem musicas suficientes para fazer 2 shows repletos de clássicos se quiserem, o que levantou a polêmica de repetir o set de uma noite para outra (eles foram o único a se apresentar nos dois dias de festival). Polêmicas à parte, o grupo britânico fez um bom show. Rob Halford demonstrou que continua com o gogó intacto, Richie Faulkner se adaptou bem ao grupo. O set foi bem cadenciado misturando faixas de seu novo disco, o (razoável) Redeemer of Souls, com canções de sua fase oitentista como “Jawbreaker” e “Turbo Lover”, sem se esquecer de clássicos atemporais como “Painkiller”, “Breaking The Law”, “Metal Gods” e “Living After Midnight”.

E eis que finalmente chega a hora do quarteto mascarado subir ao palco. Com um atraso de pouco mais de meia hora e com uma produção de palco um pouco mais simples do que o de costume (dessa vez, não tivemos o palco descendo do teto e também não trouxeram a famosa aranha), os caras fizeram a espera valer.

Kiss emocionou os presentes com clássicos e arriscando palavras em português

A noite se iniciou ao som do hino “Detroit Rock City”, emendando nos petardos “Creatures Of The Night” e “Psycho Circus”. Justamente os sons que abriram as apresentações de 2012, 1994 e 1999 (sim, fui em todas elas). Mais nostálgico, impossível! Aqueles que acompanham a banda de perto, sabem que Paul Stanley sofre de problemas nas cordas vocais desde 2008, tendo passado por uma cirurgia, inclusive, em 2012. Portanto, já sabíamos que não deveríamos esperar que estivesse com a mesma força vocal de seus tempos áureos. Embora venha sofrendo fortes críticas à algum tempo, saí satisfeito com sua performance. Teve alguns deslizes, mas nada que comprometesse o espetáculo.

Donos de uma trajetória de mais de 40 anos, os caras sempre souberam conquistar uma platéia e no show de ontem não foi diferente. Os músicos fizeram suas famosas brincadeiras de disputar qual lado gritava mais alto, arriscaram algumas palavras em português e presentearam o publico de SP com uma musica que não foi apresentada nas outras cidades, “Parasite”. Donos de um carisma incrível, especialmente a dupla Stanley/Simmons, os músicos fizeram todos os números que se espera um show do Kiss: Gene Simmons cuspindo fogo, babando sangue e levitando, Tommy Thayer fazendo um solo disparando fogos de sua guitarra, Paul Stanley voando na tirolesa e quebrando guitarra no final da apresentação, a famosa chuva de confetes e explosão de fogos de artifício.

Com um set recheado de clássicos – onde não faltaram canções como “Shout It Out Loud”, “Do You Love Me”, “Calling Dr Love” e “I Love It Loud” – e uma banda super bem entrosada, os músicos fizeram uma apresentação mágica, emocionando os presentes e demonstrando o porquê de sua musica atravessar décadas, apesar da perseguição da imprensa durante toda sua trajetória. Que voltem mais vezes.

domingo, 26 de abril de 2015

Vaias ao Black Veil Brides: a triste realidade do público metaleiro

Por Rafael Menegueti

Os integrantes do Black Veil Brides
Eu não estive no Monsters of Rock neste sábado (25/04). Acompanhei apenas as notícias que saíram nas redes sociais e sites a respeito do que rolou. Mas uma coisa que eu já sabia que aconteceria a muito tempo, na mesma época que o line-up do festival foi anunciado era: Black Veil Brides seria vaiado. Era mais do que óbvio, pois é uma tradição do público de rock e metal, especialmente no Brasil.

A banda tinha uma tarefa difícil: tocar para um publico que aguardava Motörhead (que viria a ser cancelado por problemas de saúde de Lemmy), Judas Priest e Ozzy Osbourne, três dinossauros do metal, sendo eles uma das bandas da nova safra, e bem diferentes em sua proposta. Claro que os headbangers não estavam nem aí pra isso. Um dos grandes problemas desse público é viver de um passado que não volta mais, e simplesmente ignorar a evolução que o estilo sofreu ao longo dos anos.

Deixo claro uma coisa: Eu não gosto de Black Veil Brides. Acho eles uma banda sem graça, com músicas fracas, um visual e atitudes forçadas e com uma exposição exagerada na mídia especializada. Até são bons músicos (o vocalista tem um ótimo timbre grave, por exemplo), mas o som não me desce. No entanto, se estivesse em um festival, JAMAIS os vaiaria. Isso porque eu tenho algo que falta em muitos headbangers hoje em dia, o respeito. Não só pelo artista, mas pelos outros fãs.

Segundo algumas reportagens, o vocalista da banda norte-americana, Andy Biersack, teria se incomodado com as vaias e os gritos de “Motörhead” vindos da plateia. Ele chegou a se desculpar e abandonar o palco junto da banda por alguns minutos, segundo o site da “Rolling Stone”, e quando voltaram, já não exibiam mais o mesmo animo do início da apresentação. Mas ele não deveria ter que se desculpar. Por mais frustrante que possa ser, não é culpa da banda ter sido escalada para um festival junto de tantas atrações que quase nada tem a ver com eles. A banda está ali fazendo o seu papel, e o mínimo de respeito por isso deveria existir (talvez quem devesse ser vaiado fosse a organização, pela longa e demorada fila que os fãs relataram ter que atravessar para entrar, mas isso não vem ao caso agora).

Andy Biersack durante o show. Foto: Gustavo Vara (Rolling Stone)
Eles vieram ao Brasil para tocar para seu público, em um grande festival, um passo importante para uma banda de trajetória mais recente. Estando eles no line-up do festival, qualquer pessoa mais civilizada deveria simplesmente aguardar a passagem da banda pelo palco. Imagine-se na posição dos fãs do grupo, querendo ver a banda que gostam e tendo de aguentar hostilidades, xingamentos e falta de respeito ininterruptas, estragando assim um momento que deveria ser lembrado como algo feliz. Se não gostam de uma banda, qual é o problema de ficar por 45 minutos esperando civilizadamente o show terminar? O show da banda que você gosta vai acontecer logo mais, e será a sua vez de se divertir. Por que ser egoísta desse modo e estragar a diversão dos outros?

E não venham me dizer que essa atitude não é exclusividade do Brasil. Dane-se isso. Não é porque o vizinho joga lixo no quintal que você vai achar correto fazer o mesmo, certo? O Black Veil Brides, assim como outras bandas também já foram vaiadas em outros eventos lá fora, mas o brasileiro faz isso de modo ainda mais desrespeitoso, isso é fato. Quando estive conversando com um colega que já viu festivais na Europa ele foi bem claro dizendo que o público lá raramente vaia, e, na maioria das vezes, se o faz é porque reprovou alguma atitude da banda. No geral, se uma banda toca em um festival onde a maioria dos presentes não são seus fãs, a maioria acompanha o show calada, sem ofender os artistas no palco nem seus fãs, porque sabem que sua vez de ver uma banda que gosta virá mais tarde.

Enquanto ficarmos fazendo esse papel estúpido de ódio e intolerância com tudo que não vai de acordo com nossos gostos pessoais, impossível a cena ir pra frente. São atitudes como essa que aos poucos enfraquecem a cena. Basta entender que tem espaço pra todas as bandas, de todos os estilos, propostas e vertentes, atuais ou não. O fato de um grupo mais novo e diferente estar fazendo sucesso não vai fazer com que a banda que você gosta ou defende perca espaço. Eu sempre digo que música não é competição. Sejamos mais coerentes nas próximas oportunidades e vamos mostrar para todas as bandas a fama positiva que o público brasileiro sempre teve com as bandas internacionais: de sermos calorosos e apaixonados. E que o respeito passe a ser outra característica positiva dos fãs de metal, não só aqui, mas em todo lugar. Do contrario, quem realmente merecerão as vaias seremos nós.

sábado, 25 de abril de 2015

NX Zero – Estamos No Começo de Algo Muito Bom, Não Precisa Ter Nome Não (2014)



Por Davi Pascale

O grupo paulista NX Zero soltou um novo EP que confesso que, para mim, passou meio batido, acabei descobrindo meio por acaso. Os caras voltaram à cena independente e lançaram um trabalho bacana que aposta em novas sonoridades. 

O trabalho foi realizado em um momento delicado do grupo. Segundo o que entendi, pelas entrevistas com o cantor Di Ferrero, a banda estava meio que entrando em uma rotina, com os músicos se afastando um do outro. Muitos podem não ver nada demais nisso, mas muitas bandas se separam exatamente assim. Quando começa esse desgaste, qualquer motivo bobo é motivo para brigas intermináveis. E daí para a separação é apenas um passo. A solução encontrada pelos músicos foi se isolar em uma casa de praia por um mês, meio que se afastando de tudo. A solução deu certo...

O que era apenas uma curtição, acabou gerando a criação de novas músicas que estão aqui nesse EP. São apenas 4 canções, mas para quem gosta é um prato cheio. E quem não gosta também vale uma espiada. Como disse, os arranjos estão indo para um outro caminho, não têm muito a ver com aquela sonoridade Simple Plan brasileira que invadiu as rádios no inicio dos anos 00. Obviamente, ainda apresentam um grande apelo comercial, mas isso não é necessariamente algo ruim.

A balada “Vamos Seguir” abre o disco. A canção, que fala sobre essa pausa, aposta em um arranjo que me remete bastante às baladas do Charlie Brown Jr. Inclusive, a linha vocal. Quem gostava das musicas mais tranqüilas do grupo de Chorão tem de tudo para curtir esse som. A primeira surpresa, contudo, vem com “Tira Onda”. Não é um som pesado. Um arranjo até bem pop, mas inteligente. Swingada, com um groove bacana. o trabalho de guitarra e bateria me remeteu à faixa “Hey (Not Hey Oh)” do Red Hot Chili Peppers. Boa faixa, apesar da forte semelhança.

“Uma Gota No Oceano” é mais uma que vem para firmar o quão influente foi o Charlie Brown na cena brasileira. Você pode até não gostar dos caras, mas o que veio de banda seguindo seus passos não é brincadeira. O CD se fecha com “Free Your Mind”, a melhor do novo disco. Apesar do nome, é cantada em portugês. Com uma sonoridade pesadinha – para o grupo, é claro – a canção se destaca com um bom riff e um trabalho vocal bem resolvido. Apesar do nome sem pé, nem cabeça do novo CD, o material está redondinho. Não é algo revolucionário, mas está bem feito. A troca de Rick Bonadio por Rafael Ramos, deu uma nova cara à banda, trazendo novas referências, deixando os músicos mais soltos. Vale uma conferida.

Nota: 7,0/ 10,0
Status: Bem resolvido

Faixas:
      01)   Vamos Seguir
      02)   Tira Onda
      03)   Uma Gota No Oceano
      04)   Free Your Mind

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Notícias do Rock (pra não ficar por fora)

Por Rafael Menegueti

Novo álbum do Cradle of Filth a caminho


O decimo primeiro álbum dos ingleses do Cradle of Filth, ícones do metal extremo, está para ser lançado. A banda, que não lançava material inédito desde 2012, irá lançar seu novo disco em julho. O trabalho irá se chamar “Hammer of the Witches”. Apesar do período sem novidades do Cradle of FIlth, o líder da banda não ficou parado e no ano passado lançou o seu projeto paralelo Devilment.

Lyriel lança EP para comemorar os 10 anos de estrada


A banda alemã de metal sinfônico Lyriel lançou mundialmente essa semana seu mais novo EP. Entitulado “10”, o EP comemora o décimo aniversário da banda, que começou fazendo folk metal e depois migrou para o sinfônico. O disco possui algumas regravações de faixas dos dois primeiros discos da banda, além de uma faixa inédita. Ele já havia sido lançado exclusivamente na Alemanha através do site da banda, mas apenas agora foi lançado mundialmente.

Cream lançará caixa de DVDs em maio


O lendário power-trio dos anos 60, que teve Eric Clapton na formação e no ano passado perdeu um de seus ex-membros, Jack Bruce, irá lançar uma caixa com três DVDs no próximo mês. O conteúdo serão três filmes, originalmente lançados entre 1969 e 1971. “Cream’s Farewell Tour at the Royal Albert Hall”, “Rope Ladder to the Moon” e “Ginger Baker in Africa With Fela Ransome-Kuti” foram totalmente remasterizados e conterão extras relacionados aos três músicos da banda.

Sepultura lançará EP de 30 anos em junho


Parece que está na moda lançar EP de aniversário. O Sepultura lançará um intitulado “Under My Skin” no dia 05 de junho, em vinil. O lançamento deve contar com apenas duas faixas, “Under My Skin” e uma versão ao vivo de “Kairos”. A nova faixa é uma homenagem aos fãs da banda, que ainda pediu para que fãs com tatuagens da banda enviassem fotos da mesma para o grupo, que as usou para fazer a artwork do EP.

Detonator lançará mais dois trabalhos em CD

Bruno Sutter é realmente um cara que gosta do que faz. Seu trabalho como o personagem Detonator irá render mais dois frutos nas próximas semanas. Alem do DVD “Live in Sana”, a ser lançado em julho, o músico brindará seus fãs com mais dois lançamentos em CD. Primeiro a versão em CD do “Live in Sana”, a ser lançado em 08 de maio. No dia 16 de maio, ele lançará o EP “DetonaThor”, com três canções inéditas e duas ao vivo retiradas do “Live in Sana”, sendo uma delas exclusiva desse EP. Veja os detalhes no vídeo abaixo:

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Yesterday and Today: A capa censurada dos Beatles



Por Davi Pascale

Estamos atravessando um momento bastante polêmico. Há quem diga que o nosso governo esteja planejando um controle maior da internet com muitas ações que podem ser consideradas censura. Discussões políticas à parte, a verdade é que nosso amado rock n roll já sofre com esse tipo de situação há um bom tempo. Há algum tempo atrás, escrevi um artigo sobre a criação do selo Parental Advisory que servia para alertar os pais sobre o conteúdo das letras nos discos. Assim, poderiam optar se queriam ou não que seus filhos levassem o disco para casa. Mas não apenas as letras eram controladas como muitas capas foram censuradas. Jimi Hendrix, Pantera, Dream Theater, Bon Jovi, Scorpions, Guns n Roses, são apenas alguns dos inúmeros músicos que tiveram arte censurada. Hoje, algumas voltaram para o mercado e são consideradas clássicas. Outras, se tornaram item de colecionador e os discos com as artes originais custam pequenas fortunas. A dos Beatles, que escolhi para falar hoje, é um desses exemplos.

Em 25 de Maio de 1966, os rapazes de Liverpool fizeram um ensaio fotográfico com Bob Whitaker. O rapaz era um fotografo australiano que estava acostumado a fazer fotografias nada usuais. Cansados de fazer retratos sempre com a mesma proposta, os garotos toparam a brincadeira. Uma dessas imagens foi escolhida posteriormente para o lançamento de Yesterday and Today, mais um dos álbuns prensados exclusivamente nos Estados Unidos. Naquela época, os discos lançados nos Estados Unidos eram diferentes dos ingleses, misturando canções de 2 discos e, por vezes, musicas dos compactos. Ainda que não fossem os únicos a sofrerem com isso (outros artistas como Rolling Stones e The Hollies passavam pelo mesmo), era algo que irritava os músicos que sempre foram perfeccionistas e pensavam em cada detalhe do trabalho que estavam lançando. No caso desse LP, misturavam-se canções do Help!, do Rubber Soul e mostrava em primeira mão 3 faixas do disco Revolver, até então inédito. 

Capa alternativa
A série de fotos criadas por Bob chamava The Somnambulant AdventureA imagem foi escolhida pelos próprios Beatles. Quando o presidente da Capitol, Alan Livingston, recebeu a arte original, entrou em contato com o empresário do grupo Brian Epstein pedindo para que reconsiderassem a idéia. Após conversar com os músicos, Epstein retornou o telefonema e disse que a arte era a visão dos rapazes sobre a guerra e que os garotos insistiam que a fotografia fosse mantida. Em sua coletiva de imprensa de 1966, quando questionados sobre o retrato, John Lennon disparou: “É tão relevante quanto o Vietnam. Se as pessoas conseguem aceitar algo tão cruel quanto a guerra, então conseguem lidar com essa imagem”. Havia ainda mais uma razão que Lennon admitiria mais tarde. Na época, a imprensa criou uma rivalidade entre Beatles e Stones (que só existia na cabeça dos críticos) e tratava os Beatles como bonzinhos e os Stones como os garotos maus. John sempre odiou essa imagem de anjinhos e queria quebrá-la a todo custo. Mas a a arte não era unanimidade dentro da banda. George Harrison sempre odiou a capa.

Obviamente, sendo um país conservador, tiveram problemas. Várias lojas se recusavam a receber o disco, outros se recusavam a expor nas vitrines. Não demorou muito e o disco foi recolhido. Na ocasião, foram prensadas 750.000 cópias, o que gerou um prejuízo considerável para a Capitol. Inicialmente, os executivos queriam destruir os LPS, mas alguém de dentro da gravadora teve a ideia de criar uma nova arte, passar por cima da imagem dos açogueiros, e retorná-lo às lojas. A jogada deu certo. O disco voltou ao mercado com uma arte mais inofensiva e atingiu status de disco de ouro, minimizando os prejuízos. Atualmente, o LP com a arte original, em sua primeira prensagem, segundo o site rarebeatles.com, está avaliado entre U$1.500,00 e U$3.000,00 na versão mono. E U$3.000,00 a U$7.000,00 a versão estéreo. E aí? Tem coragem de encarar?

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Stone Sour – Meanwhile In Burbank… EP (2015)

Por Rafael Menegueti

Stone Sour - Meanwhile In Burbank...
Depois de uma separação polemica com o guitarrista Jim Root, o Stone Sour, uma das maiores forças do metal alternativo lança um EP para marcar sua nova fase. “Meanwhile In Burbank...” é composto de cinco covers, e marca a estreia de Christian Martucci na guitarra e Johny Chow no baixo em estúdio.

A banda não escolheu as cinco faixas trabalhadas por acaso. Todas as canções já haviam sido executadas ao vivo em shows da banda no ano passado e em 2013. A ideia de leva-las a estúdio e lançar um EP surgiu ainda durante a turnê. E elas foram escolhidas com um propósito. Todas são faixas de bandas que influenciaram a carreira dos membros do Stone Sour. Muito bem trabalhadas, as faixas também mostram mais uma vez a capacidade dos músicos de passear por diferentes estilos com eficiência.

O interessante é ver que, apesar das bandas homenageadas serem grandes nomes do rock mundial, as faixas escolhidas não são exatamente os maiores hits deles, embora elas sejam cultuadas pelos fãs, e também pelos músicos que se incluem como admiradores desses grupos. Para abrir o EP, a banda escolheu “We Die Young”, primeiro single do primeiro álbum do Alice In Chains. Ficou claro a partir dali que a ideia não era fazer versões das canções, mudando arranjos, estilo ou incluindo elementos ausentes nas canções originais. Eles estão simplesmente executando as músicas, sem rodeios, mas também sem parecer imitarem os homenageados. Eles incluíram sua própria personalidade às faixas.


A segunda música é “Heading Out to the Highway”, do Judas Priest, onde a banda foi bem sucedida em dar um aspecto mais clássico ao seu som. Interessante também foi a versão de “Love Gun”, do Kiss, com destaque para Corey Taylor, que mostrou que é realmente um vocalista talentoso, fazendo bonito na interpretação de Paul Stanley, pra quem ainda acha que ele só sabe gritar. Outro grande clássico, agora do thrash metal, veio com “Creeping Death” do Metallica, uma faixa bem mais simples para uma banda como o Stone Sour reproduzir. Logo, impossível não ter ficado boa. Para encerrar, o grupo escolheu uma canção dos pioneiros do Black Sabbath, “Children of the Grave”, tirada do terceiro disco da banda, “Master of Reality”, uma boa alternativa de uma banda que não podia faltar.

O banda já anunciou que irá lançar ainda mais dois EPs de covers, ainda não se sabe quando. Ficamos no aguardo de mais boas demonstrações da capacidade dos músicos, que, apesar de sofrerem certa resistência dos fãs mais xiitas do metal (principalmente o vocalista Corey Taylor), são incrivelmente habilitados e souberam fazer desses clássicos do rock uma boa aventura musical para a banda explorar entre suas diversas influências.


Nota: 9/10
Status: Fiel e competente

Faixas:
1. We Die Young (Alice In Chains cover)
2. Heading Out to the Highway (Judas Priest cover)
3. Love Gun (Kiss cover)
4. Creeping Death (Metallica cover)
5. Children of the Grave (Black Sabbath cover)

terça-feira, 21 de abril de 2015

Rock Nacional: Superstar é mesmo a solução?



Por Davi Pascale

Que o rock no Brasil anda mais devagar do que tartaruga manca não é segredo para ninguém. Se bem que, sejamos honestos, o problema não está somente no rock. A única cena que tenho visto se modificar e apresentar vários novos artistas de talento em nosso país é a nova cena da MPB. Nos últimos anos, vários artistas têm surgido com trabalho de qualidade, com sonoridade própria. Fora do Brasil, temos algumas cenas de rock começando a ganhar força. Alguns grupos como Blues Pills, The Answer e Rival Sons começaram a se solidificar. Sem contar na consagração de grupos como Kings of Leon, Queens of the Stone, Alter Bridge e Avenged Sevenfold em um passado não tão distante. Tudo bem, dá para melhorar mais, mas já é alguma coisa. Agora, estamos diante de um problema que vendem que um programa de televisão será o responsável pela criação da nova cena brasileira e parece que tudo está resumido a isso...

Tenho meus dois pés atrás por alguns motivos. Embora esses realitys sejam muito interessantes, acho muito difícil que sejam o salvador da pátria. É muito comum um artista vir com força total quando vence o programa e quando sai o ganhador da segunda edição o cara some como num passe de mágica. A questão é que emissora está preocupada com audiência e nunca com a construção de imagem do grupo. Enquanto eles estiverem ajudando na audiência, bem-vindos, depois disso, adios. E no Brasil, temos um enorme problema por conta da disputa entre emissoras. É muito difícil que estações como SBT e Record, por exemplo, dê grande destaque para um artista diretamente associado à Globo e vice-versa. E o artista precisa estar em todo lugar. Principalmente, no início...


É verdade que as emissoras de televisão tiveram papel fundamental para a consagração da cena brasileira oitentista. Inclusive, a própria Rede Globo com a transmissão do primeiro Rock in Rio (que ajudou a consagrar o Barão Vermelho) e os clipes exibidos no Fantástico. A Band não fica muito atrás com a exibição do Perdidos na Noite, tendo à frente um irreverente Fausto Silva, que abria espaço para os grupos se apresentarem ao vivo. Não podemos deixar de citar os especiais da Rede Manchete, a Fabrica do Som, o Som Pop... Só que a maior parte desses caras não eram diretamente associados à um canal televisivo. O que eles tinham era um contrato com uma grande gravadora, que tinha a malicia necessária para colocar os grupos nos principais meios de comunicação para levá-los ao grande público.


Programa é bem-vindo, mas deve ser encarado como uma primeira etapa. Não, como a solução final

E aí começamos a entrar na questão. O Brasil carece de espaço de divulgação atualmente. Todos parecem estar vivendo um conto de fadas, onde acreditam cegamente que a internet está aí para promover os novos artistas. Sim, e não. A internet é uma forma de chegar à diversas pessoas sem grandes custos como jabás (sim, eles existem. Lobão não está louco), mas a verdade é que tudo está relacionado. O cara busca na internet sobre quem leu na revista, que está lá porque apareceu na TV, que conquistou espaço por tocar no rádio, onde para entrar é uma pequena máfia.

Hoje, um artista não tem onde divulgar sua música. Isso vale até mesmo para os artistas que já tem estrada. Rádio não tem a mesma força de antes e aposta muito em flashback. TV não tem o mesmo espaço de antes. As publicações especializadas em música estão indo para o espaço. Onde foi parar a Billboard? Rock Brigade? Bizz? (No exterior, mesmo com internet, as publicações continuam fortes. Revistas como Mojo, Classic Rock, Uncut e muitas outras continuam se mantendo não apenas nas bancas, como na alta qualidade de seus produtos). Os espaços para artistas se apresentarem com trabalho autoral diminuíram consideravelmente. A internet é uma faca de dois gumes. Os artistas criaram meios eficazes de uma comunicação mais direta com seu publico e captação (o famoso crowdfounding). Mas não existe um canal forte o suficiente para fazer com que uma nova aposta surja com força total, que a canção lançada na última semana se torne um hit que ultrapasse fronteiras. Os poucos artistas que surgiram com força nesse período internet, somente se estabeleceram depois de assinar com uma gravadora.


Grupo de Paulo Ricardo sofreu recentemente com a tal briga de emissoras

Agora, todos estão apostando no programa Superstar para resgatar o rock nacional por conta do sucesso (merecido) do Malta. A história não é bem assim. No programa, não há restrições, podendo participar qualquer estilo. Ou seja, o próximo vencedor pode ser de reggae, samba, não necessariamente será de rock (isso não é uma crítica, é um comentário). Pode ser que um artista que não seja o vencedor consiga destaque? Lógico que sim, mas quantos artistas por edição terão essa sorte. 2? 3? E quantos conseguirão se manter e criar uma carreira? O Superstar é bem-vindo, mas acredito que seja apenas um modo de demonstrar o que está rolando por aí. Podendo participar, inclusive, artistas que caíram no ostracismo, como já demonstrou a apresentação do Tianastácia ou a participação do novo grupo do Tchello, ex-Detonautas.

Acredito que se não criarem uma estrategia de marketing urgente não conseguiremos criar uma nova cena. E como disse, temos o problema de disputa de emissoras que é grave. Lembram-se da leva de cantores lançada pelo Raul Gil? Pois é, o programa tinha uma enorme audiência, os cantores tinham talento. E por onde andam Robinson Monteiro? Rinaldo? Leilah Moreno? Me recordo de ter visto o Raul Gil, mais de uma vez, pedindo no ar para que as emissoras não barrassem a participação daqueles músicos nos programas, que era algo que estava ocorrendo. O próprio Paulo Ricardo, um dos jurados do Superstar, sofreu com isso há poucos anos quando lançou o box do RPM. A Band proibiu que fossem utilizadas imagens do Perdidos na Noite por estarem lançando o produto pela Som Livre que pertence à Rede Globo. O próprio músico comentou isso em entrevistas, na ocasião. É triste, mas acredito que se ficarem apostando unicamente no programa, que se continuarem apostando nele como a solução final e não como um inicio, se não criarem novas plataformas, novas posturas, novos pensamentos, nada irá acontecer. E aparentemente é isso que está rolando. Tomara que eu esteja errado, muito errado... 

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Música Comentada: Ensiferum – “In My Sword I Trust”

Por Rafael Menegueti


Outro grande nome do metal finlandês, o Ensiferum é uma banda que traz em suas letras temas relacionados a historia de sua nação e culturas nórdicas, típicas do viking/folk metal. Uma das canções mais populares do grupo é “In My Sword I Trust”, faixa presente no álbum “Unsung Heroes”, lançado em 2012.

A ideia do heroísmo, da exaltação de sua cultura pagã escandinava são os temas centrais da canção, escrita pelo baixista Sami Hankka e o guitarrista fundador da banda Markus Toivuren. Basicamente a letra expõe o modo como eles exaltam o orgulho que sentem de suas origens e rejeitam a forma como outras culturas e religiões, mais especificamente o cristianismo, foram impostas sobre a deles no passado. Então ela seria como um convite, uma motivação aos antepassados que lutaram contra essas opressões. Um sentimento elevado pelo refrão com uma entonação que mais parece um hino ou um canto de motivação à batalha.


Many men have crossed my way
Promising peace or my soul to save
But I already heard you
I have seen what they made with their freedom
But I, I have no need for your god
The shallow truth of your poisonous tongue
Brothers it's time to make a stand
To reclaim our lives
Because all this steel can set us free

Rise my brothers we are blessed by steel
In my sword I trust
Arm yourselves the truth shall be revealed
In my sword I trust
Tyrants and cowards for metal you will kneel
In my sword I trust
Till justice and reason we'll wield
In my sword I trust

The sword that shivers in my hand
Do you have the might
To eat the putrid flesh
To drink the blood of the true one to blame
The time of change is here
Avail your blade

Leave your souls to your gods
Kneel, obey, follow their laws
Diseased and decayed, cherish their fate
This day I repay
Your love for fear come fate

Omen build me a fiery falcon
Pull your blade in a blazing shore
She'll never wait and may make war
Rest my hands and come to pray
But my life shan't go to waste
Grip the spirit that they turn on
Upon the point, the point of our steel
Muitos homens cruzaram meu caminho
Prometendo paz ou a salvação pra minha alma
Porém eu já os ouvi
Eu vi o que eles fizeram com a liberdade deles
Mas eu não tenho necessidade de seu Deus
A verdade superficial de suas línguas venenosas
Irmãos, é hora de tomarmos uma posição
Para reclamar nossas vidas
Porque todo esse aço pode nos libertar

Ergam-se, meu irmãos, nós somos abençoados pelo aço
Em minha espada eu confio
Preparem-se, a verdade deve ser revelada
Em minha espada eu confio
Tiranos e covardes, ao metal vocês irão se ajoelhar
Em minha espada eu confio
Até a justiça e a razão, nós iremos exercer
Em minha espada eu confio

A espada que treme em minhas mãos
Você tem o poder
De comer a carne pútrida
De beber o sangue do verdadeiro ao culpado
O tempo da mudança é aqui
Utilize sua lâmina

Deixem suas almas a seus deuses
Ajoelhem-se, obedeçam, sigam suas leis
Doente e decadente, valorize seus destinos
Esse dia irei retribuir
Seu amor pelo medo iguala ao destino

O presságio construiu-me um falcão de fogo
Erga sua espada, uma borda em chamas
Ela nunca espera e pode fazer guerra
Descanso minhas mãos e rezo
Mas minha vida não pode ser desperdiçada
Segurou o espírito que o mantém aceso?
Sobre o ponto, o ponto da nossa lâmina