sexta-feira, 8 de julho de 2016

Cyndi Lauper – Detour (2016):



Por Davi Pascale

Hoje quis fazer algo um pouco diferente. Resolvi escrever sobre uma artista que nunca foi do rock, mas sempre teve respeito entre os roqueiros e mais do que respeito, assim como alguns de seus colegas, conseguiu transformar alguns deles em seguidores.

Talvez por terem explodido na mesma época em que a MTV predominou o mercado, talvez pelo fato de roqueiros frequentarem as discotecas nos anos 80 (não importa se era para conquistar garotas, os caras frequentaram), mas alguns artistas pop conseguiram conquistar o coração de alguns rockers. Madonna, Michael Jackson e Prince são fortes exemplos de artistas pop que arrastavam alguns cabeludos para seus concertos. Outro exemplo, dessa mesma época, é a cantora Cyndi Lauper.

Já tem um tempo que ela vem ousando nos seus trabalhos. Seus últimos álbuns foram totalmente distintos uns dos outros. E quando uso a expressão ‘distinto’, é de maneira literal. At Last era um trabalho de jazz, parecido ao que Rod Stewart fez na série American Songbook. Bring Ya To The Brink apostava em um pop eletrônico, capaz de deixar Madonna e Kesha com sorriso de orelha à orelha. Memphis Blues, como o nome entrega, era um trabalho de blues. Inclusive trazendo participações de grandes nomes do gênero, como B.B. King e Jonny Lang. Agora, decidiu cair de cabeça na cena country.

É necessário, no mínimo, coragem para se arriscar tanto, tantas vezes. Portanto, já ganha um ponto à seu favor. E é verdade também que, às vezes, pisa no tomate. O seu álbum de standards, por exemplo, é fraquinho, fraquinho. Em Detours, conseguiu um resultado satisfatório. Não que seja um trabalho fantástico, não é, mas é, no mínimo, divertido.

A ideia é a mesma de At Last ou de Memphis Blues. Ou seja, regravar velhas canções do gênero. Não se trata um trabalho de inéditas. E assim como em seu álbum de 2010, o novo registro conta com diversas participações de peso. Dessa vez estão com ela: Emmylou Harris (aquela que gravou um álbum com Mark Knopfler do Dire Straits), Vince Gill, Alison Krauss (sim, a que gravou com Robert Plant), Jewel e o lendário Willie Nelson.

Para conseguir soar honesto, Cyndi decidiu ir fazer o registro em Nashville e contratou para a produção Tony Brown. Produtor renomado da cena, muito respeitado pelos trabalhos que realizou ao lado do George Strait. Os arranjos resgatam bem a sonoridade. Trazem todas as características que seus ouvintes buscam. Os violinos, as guitarras com slide, a alegria.

“Detour” e “I Want To Be a Cowboy´s Sweetheart” resgatam o espírito daqueles countrys mais antigos, com um ar meio de salloon. “Funnel of Love” e “You´re The Reason Our Kids Are Ugly” são as que contam com uma pegada mais countryrock. Principalmente, a que conta com a participação do músico Vince Gill. “Heartaches By The Number” poderia ter sido gravada pela Shania Twain em seus anos iniciais.

Há espaço também para diversas baladas e, honestamente, é onde acho que sua voz casa melhor. “The End Of The World”, “Begging To You” e “I Fall To Pieces” nos transportam para décadas passadas trazendo toda a inocência e a serenidade das musicas dos anos 50. Consigo imaginar artistas como Brenda Lee e Elvis Presley cantando dentro dos arranjos desenvolvidos. Certamente, estão entre os melhores momentos do disco.

Detours é um trabalho alegre, divertido, bem feito e, de certa forma, despretensioso. Se você curte ouvir outros gêneros, além do rock, vale dar uma checada. No mínimo, alegrará seu dia.

Nota: 7,0 / 10,0
Status:  Divertido

Faixas:
      01)  Funnel of Love
      02)   Detour (c/ Emmmylou Harris)
      03)   Misty Blue
      04)   Walkin´ After Midnight
      05)   Heartaches By The Number
      06)   The EndO f The World
      07)   Nightlife (c/ Willie Nelson)
      08)   Begging To You
      09)   You´re The Reason Our Kids Are Ugly (c/ Vince Gill)
      10)   I Fall to Pieces
      11)   I Want To Be a Cowboy´s Sweetheart (c/ Jewel) 
      12)   Hard Candy Christmas (c/ Alison Krauss)